Esqueçam heróis e vilões no "BBB": carisma de Ana Paula engoliu a edição
Esqueçam heróis e vilões no "BBB16". Ao menos por ora. A disputa na casa é por carisma. Disputa já ganha por Ana Paula, que se sagrou como a personalidade carismática de uma telenovela artificialmente real sem mocinhos ou bandidos aparentes. Não importa o resultado final do programa. Para bem ou para o mal, o carisma da moça engoliu a edição.
Carisma é um troço indefinido por definição. Em síntese, se refere ao poder de chamar atenção de todos. Confuso na definição e que confunde a sua ação na pessoa que o tem. Ana não é exatamente justa em seu justiçamento, porque não há príncipes, tampouco canalhas aparentes no programa.
Mas sua histeria malemolente, sua divertida insanidade acidamente quase civilizada dão um sabor irresistível até mesmo às suas ocasionais leviandades. É uma personagem que se faz amar ou odiar ou as duas coisas juntas. E mais confusamente, se faz odiar de maneira apaixonante e irresistível por seus detratores. Dentro e fora da casa.
Adornam mais ainda seu carisma os pouco carismáticos que se arrogam seus adversários. A trupe meditativa da maresia semi-intelectual formada por Daniel e seu etéreo aliado Tamiel não conseguiu fazer mais que fotossíntese por broxantes conceitos de paz e amor perdidos entre ervas mofadas dos anos sessenta. Juliana ainda apenas dança sem movimento. E Renan, o galã de sexualidade tortamente retroativa, não consegue emplacar nenhum reta viril moral capaz de competir com a persona enviesadamente avassaladora de Ana Paula.
Tortuosidade moral ambígua. Eis o perigo do carisma. Entope de charme e encantamento as virtudes e defeitos de seu portador. Bem e mal se relativizam na atração que o carismático puxa nos desavisados. Carisma obscurece o caráter, que vira mero apêndice decorativo. Alguns carismáticos ganharam o "BBB" sem demonstrar bom ou mau caráter aparentes. Vários políticos fizeram o mesmo, deixando a aparição do caráter para depois das eleições. Bom que vencedor de "BBB" – efetivo ou simbólico (como já é Ana Paula) não exerce cargo público.
Quer dizer, ao menos não pelo programa em si, que relativiza bem e mal como simpatia e antipatia sócio-psicológica-coletiva derivativa das identificações, frustrações e carências do público. O "BBB" está mais para uma sessão de psicanálise coletiva e invertida, que premia a patologia do paciente que seja mais divertida, histriônica e carismática . Assim como nas reais eleições políticas brasileiras.
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