Topo

Confusão com “CQC” expõe conflito entre reportagem e humorismo

Mauricio Stycer

18/04/2012 06h01

Teve muita repercussão a nota publicada no blog sobre a confusão causada pelo repórter Mauricio Meirelles, do "CQC", durante a cobertura de um evento com a presença da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota. Entre os muitos comentários, compartilho abaixo a opinião do jornalista Gabriel Priolli, com a qual eu concordo muito.

"Há uma questão a discutir nas matérias do CQC, Pânico e derivados: a ambiguidade entre jornalismo e humorismo. É correto valer-se de prerrogativas de repórteres, como o credenciamento em eventos não facultado a artistas, para fazer humor, entretenimento? É ético estabelecer uma relação com entrevistados que se faz passar uma coisa (reportagem), mas é outra muito distinta (humor)? Acho que a contradição nesse assunto está chegando ao paroxismo, o que explica o comportamento dos coleguinhas que se insurgiram contra o cara do CQC."

O incidente, como dá a entender a observação de Priolli, já pode ser considerado um marco na relação entre jornalistas e humoristas.

+ + +

Aproveito o caso para contar uma história antiga. Numa palestra a jornalistas brasileiros, na década de 90, um profissional da cúpula do "New York Times" contou uma história que jamais esqueci. Numa noite de lazer, ele compareceu a uma festa repleta de jornalistas, em Nova York. A certa altura, descendo a escada da casa com o copo na mão, tropeçou e caiu. Foi parar no hospital, onde ficou alguns dias. Diz que recebeu a visita de quase todos os jornalistas que estavam na mesma festa. "O interessante é que cada jornalista descreveu a minha queda de uma forma diferente", ele contou, rindo.

Havia cerca de 100 jornalistas presentes no Itamaraty. Com base nos relatos de alguns deles, tentei descrever o que aconteceu. Não foi tarefa fácil.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.