Topo

Top 10: Por seus méritos ou escorregadas, eles brilharam em 2012

Mauricio Stycer

20/12/2012 06h01

Sem eles, a televisão brasileira não teria tido graça ou emoção ao longo do ano. Para o bem ou para o mal, eles brilharam em 2012. Foram os protagonistas, as figuras que, por seus méritos ou escorregadas, mais se destacaram na concorrida paisagem da TV.

Aqui está o meu Top 10 com as principais personalidades de 2012. Semana que vem publico as listas com os melhores e piores do ano. Listas deste tipo são sempre muito pessoais, e as minhas não são diferentes. Por isso, terei o maior prazer em acolher os comentários e observações dos leitores, apontando as injustiças das minhas escolhas e me lembrando do que esqueci:

Xuxa: Ela está na praça desde a década de 80, mas não fazia tanto barulho há muito tempo. O seu programa na Globo passou por mais uma repaginada, mas segue sem identidade. Convidada do "Fantástico", contou que sofreu abuso sexual na infância, uma das revelações mais bombásticas do ano.  Meses depois, foi ao "Na Moral" e disse a Pedro Bial o que faria se não fosse famosa: "Eu ia beijar muito, eu ia namorar muito, eu ia dar muito…". Para concluir o ano, o diretor de seu programa, Mario Meirelles, chamou os espectadores do "Pica Pau", da Record, de "retardados". Que ano…

Boninho: 2012 começou mal para o diretor da Globo. Antes mesmo da estreia do "BBB12", foi alvo de uma piada feita por seu próprio pai, Boni, no "Altas Horas". Ouvindo Pedro Bial dizer que gosta de ver "coisa ruim" na televisão, Boni observou: "Quer dizer que você assiste o BBB!?". Depois, Boninho viu o seu programa virar caso de polícia, por conta de uma cena noturna do modelo Daniel com Monique, mas agiu como se estivesse acima do bem e do mal. Mas o ano terminou bem para o diretor. Aposta sua, o "The Voice Brasil" foi um grande sucesso e assegurou nova temporada em 2013.

Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho: Os donos da RedeTV! vão terminar 2012 da mesma forma como começaram: com a emissora em crise. No início do ano, eles viram a maior fonte de faturamento da casa, o "Pânico", se transferir para a Band, e reagiram com piadas. A contratação de Rafinha Bastos para fazer o "Saturday Night Live" resultou em fracasso. Foi um ano em que se falou muito de demissões, fim de programas e atrasos de salários. Preocupante.

Silvio Santos: Cada vez mais "safadinho"o dono do SBT se divertiu demais este ano. Brincou que está ficando "gagá", mostrou o cabelo grisalho e fez piadas picantes com as "colegas de auditório". Também elogiou o "airbag" de uma moça, se insinuou para todas as mulheres que passaram por seu programa e ainda apareceu sem as calças um dia. Não bastasse tudo isso, festejou o sucesso de "Carrossel" e tripudiou da concorrente Record.

José Luiz Datena: Num ano em que até negociou e resolveu um sequestro pela televisão, o apresentador da Band estreou em nova função, à frente do game-show "Quem Fica em Pé?". Muito à vontade, fazendo piadas com as candidatas, teve a oportunidade de mostrar a sua versão "light", com jeito de Tio Sukita. Numa ótima entrevista ao UOL, Datena contou: "Eu jamais ficarei louco porque eu já nasci louco".

Nicole Bahls: Há muito tempo não aparecia uma personagem tão divertida na televisão. Antes mesmo de entrar na "Fazenda", a ex-panicat mostrou o seu talento no programa de Luciana Gimenez. Questionada se recebeu muitas propostas indecentes ao longo da carreira, foi direto ao ponto: "A gente trabalhava rebolando a bunda. Ia receber proposta de quem? Da Igreja?" No reality, Nicole provocou brigas com quase todos os candidatos, uma mais engraçada que a outra.  Viviane Araujo, a vencedora do programa, foi sua vítima preferida: "Você é insignificante", disse a campeã moral da "Fazenda".

Fátima Bernardes: Poucas pessoas encararam responsabilidade maior este ano. Tocado às pressas, o programa de auditório comandado por Fátima Bernardes tinha a missão de dar nova cara às manhãs da Globo. Cercado de expectativa em excesso provocou alguma decepção  e, até agora, não decolou. Em julho, uma espectadora foi flagrada dormindo no auditório.

Gaby Amarantos: Personagem conhecida do universo musical, a cantora virou estrela da televisão em 2012. Intérprete de "Ex My Love", viu a música ser consagrada como tema da novela "Cheias de Charme". Ganhou participação na novela e, com status de estrela, participou do "Dança dos Famosos", no Faustão. Foi quando, para supresa geral, foi chamada de "gorduchinha" por uma das juradas.

Galvão Bueno: Sem a Globo, que não tinha os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos, o principal narrador da emissora embarcou para Londres como apresentador de um programa de debates do SporTV. Deu tudo errado. No momento mais dramático, brigou ao vivo com o comentarista Renato Mauricio Prado, que deixou o canal depois disso. Em outro momento crítico, se distraiu e disse que estava "ao vivo" numa transmissão de UFC que todos sabiam ser gravada. O ano terminou com Galvão onipresente na Globo, narrando F-1, Copa Sul-Americana, Brasileirão e final do Mundial de Clubes.

Hebe Camargo: A televisão perdeu uma de suas melhores e mais queridas apresentadoras. Ao morrer, em setembro, depois de uma luta contra um câncer, Hebe (1929-2012) foi, com justiça, saudada como um dos maiores nomes do entretenimento brasileiro. Em abril, tive a oportunidade de entrevistá-la, no momento em que voltou a apresentar o seu programa, depois de uma etapa do tratamento. "Não pensei um minuto em morte", contou, com sua invejável alegria. Vai fazer falta.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.