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João Kleber rouba a cena no Carnaval com a volta do seu “teatro da fidelidade”

Mauricio Stycer

10/02/2013 03h09

Passistas seminuas, entrevistadoras abusadas, repórteres engraçados, situações absurdas… A RedeTV! tentou de tudo, como sempre, na sua cobertura de Carnaval, mas quase nada funcionou. Até que um velho conhecido do público, afastado havia oito anos, reapareceu com a sua arma mais letal – e a audiência subiu.

Estamos falando do humorista João Kleber e do seu mal afamado "Teste de Fidelidade".  Já passava da uma da manhã de sábado quando ele apareceu prometendo "pela primeira vez no mundo" exibir o quadro ao vivo.

Teatral, aos berros, insistindo que não estava encenando nada, João Kleber trouxe uma mulher disposta a ver se o marido seria fiel durante um trabalho no Carnaval. Com a ajuda de câmeras escondidas, ela viu o sujeito se apresentar para trabalhar como segurança de uma "empresária", mas logo ser seduzido por ela e pela amiga.

Ao final, ao vivo, João promoveu o encontro do casal. A mulher tentou agredir o marido, até que o apresentador explicou que tudo havia sido uma encenação da parte do homem, que sabia da intenção da mulher. Eles então se beijaram e trocaram juras de amor.

O "Teste de Fidelidade" é, na verdade, um "Teatro da Fidelidade", mas o seu efeito junto ao público continua eficaz.  João Kleber recorre aos mesmos truques e efeitos ("para, para, para!!!", ou "você tem certeza que quer continuar vendo?") que magnetizavam a audiência no passado.

As frases exibidas na tela, que dramatizam a situação num crescendo, dão uma ideia do grau de exposição ao ridículo do casal: "Homem esconde da mulher que fará segurança de uma gostosa"; "Homem diz que sua esposa é baixinha e gordinha, e mulher vê tudo"; "Homem não tira os olhos dos seios da atriz e mulher vê tudo"; "Você não imagina o que vai acontecer com o marido dessa mulher".

O espetáculo, pouco edificante, tornou-o famoso na década passada e foi responsável por tirar a RedeTV! do ar por 24 horas, em 2005, suspensa pela Justiça. Está de volta agora num momento em que a emissora enfrenta um de seus piores momentos. Parece o casamento perfeito.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.