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Globo de Ouro consagra séries "de internet" e ameaça supremacia da TV

Mauricio Stycer

12/01/2015 02h18

Transparent

Primeiro foi o Netflix, com várias indicações – e umas poucas vitórias – no Emmy e no Globo de Ouro de 2014, graças a séries como "House of Cards" e "Orange is the New Black", entre outras. Neste domingo (11), foi a vez de um outro serviço de streaming, da Amazon, ganhar um prêmio importante – o Globo de Ouro de melhor série cômica com "Transparent".

A série sobre um pai de família que se revela transgênero ganhou ainda o prêmio de melhor ator, dado a Jeffrey Tambor, o protagonista da história (imagem acima). O programa ainda não está disponível no Brasil.

houseofcradsJá "House os Cards", que ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz (Robin Wright) em 2014, este ano conquistou o de melhor ator, dado a Kevin Spacey, que interpreta o vingativo Frank Underwood.

Com "Orange is the New Black" a empresa foi menos feliz. Apesar de ter trocado de gênero (em 2014 competiu como drama e este ano como comédia), a série não ganhou nada. Numa das surpresas noite, o prêmio de melhor atriz em série cômica não foi para a loirinha Taylor Schilling, nem para suas rivais Lena Dunham ("Girls"), Edie Falco ("Nurse Jackie") e Julia Louis-Dreyfus ("Veep"), mas para a jovem Gina Rodriguez, de "Jane, the Virgin".

Na soma geral dos prêmios, os serviços de streaming ainda estão bem atrás dos canais a cabo e das grandes redes, mas os troféus obtidos na noite de domingo reforçam a impressão de que o panorama da televisão nos Estados Unidos está, de fato, em transformação profunda.

"Fargo", uma produção do FX, ainda inédita no Brasil, foi uma das maiores surpresas da noite, superando "True Detective" como melhor minissérie e melhor ator (Billy Bob Thornton) já em sua primeira temporada.

Situação semelhante ocorreu com "The Affair", também inédita por aqui, que ganhou como melhor série dramática e melhor atriz (Ruth Wilson) em sua primeira temporada. O programa estreou nos Estados Unidos em outubro, no canal Showtime.

tinafeyamypoehelerApresentando o Globo de Ouro pela terceira vez, Tina Fey e Amy Poehler deram a entender que foi a última performance da dupla. Como de hábito, fizeram piadas com vários dos artistas presentes e com alguns ausentes, como Bill Cosby, envolvido em acusações de abuso sexual. Também riram muito de "A Entrevista", dizendo que a crítica feita pela Coréia do Norte nem foi a pior que o filme recebeu.

O momento mais inesperado da noite talvez tenha sido o protagonizado pelo humorista Rick Gervais, que subiu ao palco para apresentar um prêmio levando o seu copo de vinho. "Se tem uma coisa que aprendi é que gente famosa está acima da lei. Que é como deve ser", disse, arrancando sorrisos amarelos da plateia.

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Em tempo: Na mesma noite em que Kevin Spacey ganhou o Globo de Ouro, o Netflix divulgou o trailer da terceira temporada de "House of Cards", informando que vai ao ar em 28 de fevereiro. Veja aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.