Com aposta no escracho, "Bastidores do Carnaval" só é bom porque é ruim
Mostrar Carnaval na televisão é um desafio. É verdade que nenhuma escola de samba é igual a outra, mas o desfile, em São Paulo ou no Rio, é um ritual que tende a ser repetitivo aos olhos de quem está em casa. O mesmo ocorre com o desfile de trios elétricos pelo circuito Barra-Ondina, em Salvador. Ou com shows de música em Recife.
Sem recursos, e sem interesse de competir com Globo, Band e SBT, a RedeTV! oferece anualmente uma alternativa nada ortodoxa a quem se interessa por Carnaval, mas não tem paciência para as transmissões, frequentemente muito corretas, de suas concorrentes.
O "Bastidores do Carnaval", apresentado por Nelson Rubens e Flavia Noronha, aposta no escracho. Em um cenário tosco, com duas bailarinas seminuas sambando por duas horas sem parar, eles comandam uma atração que faz a alegria de um pequeno público, interessado justamente em rir das situações absurdas que o programa mostra.
Como todo ano, os repórteres entrevistam mulheres de pouca ou nenhuma relevância no mundo artístico com um único objetivo: fazer elas mostrarem a pouca fantasia que exibirão na avenida.
Entre ex-panicats, candidatas ao Miss Bumbum e ex-dançarinas do Faustão, eventualmente surge também alguma passista anônima, que dá aquela "sambadinha" para a câmera.
A audiência, ainda que baixa, é fiel, garantindo sempre um pontinho ou mais no Ibope. Este ano, o "Bastidores" sofreu uma baixa de última hora, com a saída de Andressa Urach, mas conseguiu entrevistar uma mulher que se apresentou com sua "melhor amiga".
Além de mostrar muitos bumbuns, o programa está investindo em um time de comentaristas, que debate, no estúdio, a respeito. Ronaldo Ésper, Angela Bismarchi e Leo Aquila avaliam, por exemplo, se determinado "porta-malas", como dizem, é natural ou tem silicone. Também palpitam se o drama da modelo que teve a fantasia furtada é real ou jogada de marketing.
Muito da graça do "Bastidores do Carnaval" vem do fato de que ninguém leva aquilo muito a sério. Eu diria que todos – tanto os que fazem quanto os que assistem – sabem que o programa só é bom porque é ruim.
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