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Por que Xuxa é mais divertida no programa do Porchat do que no seu próprio?

Mauricio Stycer

15/12/2016 12h04

Convidada de Fábio Porchat na noite de quarta-feira (14), Xuxa deu um show de diversão. Respondeu a boas perguntas com sinceridade, fez revelações interessantes sobre a sua carreira e desabafou sobre a pressão que sente por conta do fracasso de seu programa na Record. Ao final, ainda presenteou o público com dublagens impagáveis de duas de suas rivais nos anos 90, Eliana (imagem acima) e Angélica.

"Você é meio descolada do mundo. Você acha que as pessoas falam a verdade pra você?", quis saber Porchat. "Não, as pessoas me enganam muito. Mentem", respondeu Xuxa. "Quando eu tava na outra emissora, e eu tinha um programa que passava das 8h à 1h da tarde, diariamente, eu acho que realmente vivia nessa bolha, nessa bola de neve, bola de cristal, onde eu achava que estava mais protegida e tinha muito mais gente puxando meu saco".

"Há quanto tempo você não pode ir na padaria comprar um pão? Desde que você tem 20 anos?", perguntou Porchat. "Porque agora existe o selfie. Eu tenho que tirar foto com todo mundo", suspirou Xuxa.

Num quadro "bem bolado", como diria Silvio Santos, o programa mostrou a reação de algumas crianças de hoje assistindo a momentos de Xuxa do passado. Depois, exibiu uma situação em que a apresentadora foi rude com um menino nos anos 80. "Nunca tratei criança com tatibitate. Gravava cinco programas por dia. Eu devia estar cansada", se justificou sobre a grosseria.

Questionada sobre as críticas que ouve sobre o seu programa na Record, lançado em agosto de 2015, Xuxa lamentou as inúmeras mudanças que já ocorreram neste breve espaço de tempo. "Todas as mudanças fizeram com que o programa não engatasse. Eu sabia que ia levar paulada, uma atrás da outra".

Mas pediu mais compreensão: "Acho natural as pessoas falarem que não gostam de alguma coisa, da roupa, do cenário, do que estou falando, do conteúdo, porque eu ainda tenho que me acostumar com tudo aquilo ali. Qualquer outra pessoa tem esse direito", disse.

E desabafou: "Mas é inadmissível eu dar um ibope que não seja legal e o meu erro vira um baita de um erro, o meu escândalo é o escândalo do ano, o meu tombo é o mais feio. É tudo assim. As pessoas aumentam de uma maneira tal que eu fico assustada. As pessoas que trabalham comigo ficam arrasadas. 'Por que estão fazendo isso contigo?' O falar mal de mim é mais gostoso que o falar bem."

Em momentos como este no "Programa do Porchat", Xuxa mostra uma naturalidade e espontaneidade que não consegue exibir no comando do seu auditório. Ao dublar Eliana e Angélica, e rir de si mesma, transmite um bom humor que também falta quando está à frente de sua atração. Mais divertida na casa dos outros do que como anfitriã, Xuxa precisa levar este espírito para o seu próprio programa.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.