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Tipos de Leitor – o “Chega de mimimi!”

Mauricio Stycer

12/04/2018 18h49


A entrevista com a jornalista Joyce Ribeiro, apresentadora do "Jornal da Cultura", trouxe mais uma vez ao blog um tipo bem conhecido de leitor. É aquele que não suporta determinadas discussões e berra: "Chega de mimimi!"

O termo, popularizado inicialmente no desenho animado adulto "Fudêncio e seus Amigos", exibido pela MTV entre 2005 e 2011, se popularizou na internet de uma forma deturpada. Não é mais um protesto contra quem reclama em excesso, mas uma forma de impedir debates de temas polêmicos. O racismo, por exemplo.

A entrevista com Joyce tratou deste tema, por motivos óbvios. A apresentadora milita contra o racismo e luta por mais oportunidades para negros em todas as áreas. Ela não reclamou de nada durante a conversa comigo. Apenas lembrou que há enorme desigualdade no país.

"Mimimi", apontaram vários leitores. "Mais uma vez o mimimi que o negro é discriminado", protestou outro. "Chega de mimimi. Já cansou", disse mais de um.

Não há nada parecido com lamúria, choro ou ladainha na entrevista de Joyce Ribeiro. Lendo estes comentários, fica claro que eles expressam muito mais uma vontade de não querer conversar ou debater do que, de fato, um incômodo com a reclamação.

Aliás, acho que isso ocorre também com quem reclama de "textão". O termo, originalmente, designava textos mais longos publicados no Facebook. Logo se tornou sinônimo de reclamação. "Lá vem textão!" Ora, para discutir, debater, é preciso apresentar os seus argumentos – e não há outra forma de fazer isso do que escrevendo ou falando. Chamar argumentação de "textão" é sinal de falta de vontade de conversar, dialogar.

A série Tipos de Leitor nasceu em 2011, fruto do meu fascínio com a interação nascida aqui no blog. Publiquei vários perfis naquele ano e, desde então, de forma esporádica, atualizo a série. Abaixo alguns dos tipos:

. o Crítico de Assunto

. o Contrabandista

. o Consultor de Empresas

. o Muy Amigo

. o Professor Pasquale

. Ubaldo, o Paranóico

. o Falando com o Ídolo

. o Psicólogo de Botequim

. o Veja Bem

. o Especialista

. o Leitor dos Sonhos

. o Fanboy

. o Talifã

. o Íntimo

. o Sempre Foi Assim

. o Vidente

. Esse Cara Sou Eu

. o A Culpa É do Governo

. o "No mundo Inteiro É Assim"


Comentários são sempre muito bem-vindos, mas o autor do blog publica apenas os que dizem respeito aos assuntos tratados nos textos.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.