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Ratinho deveria nomear jornalistas que “pegam dinheiro do outro lado”

Mauricio Stycer

08/11/2018 14h52

Em um improviso em seu programa, no qual elogiou os nomes dos futuros ministros já escolhidos pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, Ratinho também fez críticas à cobertura jornalística deste momento de transição. Sem citar nomes, o apresentador do SBT insinuou que há profissionais que atuam de forma desonesta.

"Eu queria pedir para que alguns jornalistas do Brasil parem. Todo ministro que o Bolsonaro convida, tem sempre alguns jornalistas debochando. Eu acho que o período de deboche já passou. Perderam as eleições. As redes sociais ganharam. Então parem de ser canastrão (sic), bando de canalhas. É um bando de jornalistas que a gente sabe que pega dinheiro do outro lado, porque aqui ninguém é besta. E vocês que não me xinguem, não, porque se começar a me xingar eu falo o nome e aguento o processo, inclusive. Então, o jornalista que recebia dinheiro do outro lado, agora fica debochando. O presidente escolheu muito bem. Sérgio Moro vai ser o melhor do Brasil".

Ora, uma acusação destas, tão grave, feita genericamente, ofende a toda categoria, inclusive os profissionais que trabalham no próprio SBT. Ratinho tem a obrigação de citar o nome (ou os nomes) de quem está acusando.

O comentário de Ratinho coloca mais lenha no que parece ser um esforço de desqualificar o trabalho dos jornalistas e a importância do jornalismo. O apresentador deve saber que criticar escolhas de ministros é um papel de comentaristas políticos. E, estando há quase três décadas na televisão, sabe também que o público é soberano na escolha do que assiste ou deixa de assistir.

Veja o comentário de Ratinho postado no Twitter pelo jornalista Milton Neves:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.