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Arnaldo se antecipa à perda de importância do comentarista de arbitragem

Mauricio Stycer

20/11/2018 16h58

Arnaldo e Galvão se emocionaram na despedida do comentarista de arbitragem nesta terça (20)

Arnaldo Cezar Coelho não foi o primeiro comentarista de arbitragem na TV, mas seguramente acabou se tornando o mais famoso deles. E isso se deve não apenas à grande capacidade de comunicação que sempre demonstrou, mas também, e em especial, à dupla que fez com Galvão Bueno.

No humor, Arnaldo seria chamado de "escada", aquele ator não muito engraçado que ajuda o comediante a brilhar. Galvão, estrela maior, entendeu que precisava de alguém assim e o comentarista aceitou, com gosto, o papel. Em dupla, brilharam muito.

Foram oito Copas do Mundo juntos, fora jogos em Eliminatórias e amistosos da seleção. "Pode isso, Arnaldo?" se tornou um bordão clássico, tão repetido quanto "haja coração!" e outras criações de Galvão. E o comentarista de arbitragem sempre correspondeu, com análises frias e didáticas sobre os lances mais polêmicos.

Mesmo que não tenha acertado sempre, o que seria impossível, Arnaldo contribuiu com comentários pouco apaixonados sobre um tema que mobiliza paixões – exceção feita aos momentos que a seleção brasileira perdeu ou foi prejudicada. Nesta última Copa, por exemplo, insistiu até o fim que o primeiro gol sofrido pelo Brasil, na partida contra a Suíça, foi irregular.

Vale observar que Arnaldo anuncia a sua aposentadoria justamente no momento em que o VAR começa a ocupar espaço no futebol. A ferramenta vai diminuir, e muito, a importância do comentarista de arbitragem.

Com o chamado árbitro de vídeo, há menos lances duvidosos e, com isso, cai muito a oportunidade de especular a respeito nas transmissões. Aos especialistas no assunto, restará comentar sobre aspectos menos importantes da atuação dos árbitros.

Uma versão deste texto foi publicada originalmente no especial Pode isso, Arnaldo? Pode!, em 16 de julho de 2018, dia da final da Copa da Rússia, quando Arnaldo anunciou a sua aposentadoria na Globo. Nesta terça (20), o amistoso entre Brasil e Camarões marcou a última partida dele na função.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.