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JN relata denúncias do ex-governador Sérgio Cabral que envolvem a Record

Mauricio Stycer

02/05/2019 22h15

Depoimento de Sérgio Cabral revelado pela GloboNews e divulgado na noite desta quinta-feira (02) pelo "Jornal Nacional", da Globo, envolve a Record em uma situação suspeita. Segundo o ex-governador do Rio, ele intermediou um encontro de dois executivos da emissora com o então procurador-geral do Estado porque, segundo disse ter ouvido, Edir Macedo corria o risco de perder a Record.

Segundo Cabral, a situação ocorreu em seu primeiro mandato (2007-2010). Ele disse que foi procurado por Thomaz Naves, diretor comercial da emissora no Rio, e por Marcos Pereira, que foi vice-presidente da Record entre 2003 e 2009. O ex-governador afirmou que, segundo teria sido relatado a ele, "havia um problema no Ministério Público com a fundação que era dona da TV Record".

No depoimento, Cabral afirma que Pereira teria dito: "Olha, eu preciso muito estar com o doutor Claudio Lopes. É uma questão de vida. Eu vim de Nova York , eu moro nos Estados Unidos, para tratar deste assunto com o senhor a mando do bispo Macedo".

O ex-governador disse que não se interessou em saber qual era o problema. "Sei que tinha o risco de perder a televisão", disse no depoimento. Ainda segundo Cabral, o problema teria sido resolvido após o encontro.

Pereira é bispo licenciado da Igreja Universal. Foi coordenador da campanha de Celso Russomanno à Prefeitura de São Paulo em 2012, presidiu o PRB e foi ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do governo Temer. Deputado federal pelo PRB-SP, hoje é o primeiro vice-presidente da Câmara.

O "JN" registrou a versão dos envolvidos na denúncia de Cabral. Claudio Lopes afirmou que "as declarações não merecem credibilidade". E que "levado pelo desespero, o ex-governador é capaz de dizer qualquer coisa para amenizar a sua situação na Justiça criminal".

Pereira afirmou que nunca morou em Nova York e que nunca existiu a fundação citada por Cabral. A assessoria da Record afirmou que Thomaz Naves nunca esteve na casa de Cabral e que as declarações são infundadas.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.