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“Joia Rara” tem sorte em ter a menina Mel Maia no elenco

Nilson Xavier

08/03/2014 11h07

Mel Maia como Pérola em

Mel Maia como Pérola em "Joia Rara" (Foto: Divulgação/TV Globo)

Personagem criança em novela é sempre um perigo. O novelista precisa ficar atento, para não correr o risco de pôr frases de efeito na boca de personagens mirins que tornariam suas falas inverossímeis, ou, pior, declamadas, quando as crianças não sustentam uma boa interpretação. O maior erro são meninos e meninas de novelas que agem, pensam e falam como adultos. A não ser que a proposta seja exatamente essa, o roteirista tem que ter em mente que aquele texto teria que caber na boca de uma criança.

A menina Pérola da novela "Joia Rara" é um caso à parte. Afinal, consideramos que a personagem é um "ser evoluído", a reencarnação de um mestre budista. Para quem é leigo no Budismo, fica difícil imaginar uma criança com tamanho discernimento de bondade e afeto e com tanta sintonia com sentimentos elevados, no que tange o amor entre os homens – por mais que a personagem tenha sido treinada por seus monges amigos, na trama. Na boca de uma criança qualquer, as falas de Pérola facilmente soariam piegas e inverossímeis.

Mas não na boca de sua intérprete, a pequena Mel Maia. O carisma da menina, aliado ao seu talento, são meio caminho andado para embarcar na história da personagem e acreditar em sua veracidade. Mel Maia já havia se destacado na primeira fase de "Avenida Brasil" (2012), como Ritinha, a menina abandonada no lixão por Carminha (Adriana Esteves). A princípio, poderia parecer mais um caso de criança "interpretando" ela mesma. Até pode ter sido isso naquele momento, mas esse julgamento não cabe aqui.

O fato é que, já em seu segundo trabalho na TV, Mel Maia demonstra um impressionante domínio na arte de representar. Pérola é bem diferente de Ritinha. Mel conseguiu apagar a ideia que tínhamos da menina abandonada à própria sorte do folhetim anterior. Super à vontade em cena, Mel Maia – que completa 10 anos no dia 3 de maio – esbanja carisma e talento dividindo cenas com feras como José de Abreu e Luiz Gustavo (seus avôs na trama). Sorte da novela em tê-la no elenco!

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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