Topo

"Pobreza pega", "Jamanta não morreu": 10 curiosidades sobre "Belíssima"

Nilson Xavier

04/06/2018 07h00

Bia Falcão com a neta Sabina (Fernanda Montenegro e Marina Ruy Barbosa)

A Globo estreia hoje, no Vale a Pena Ver de Novo, o repeteco da novela "Belíssima", de Silvio de Abreu, originalmente exibida entre novembro de 2005 e julho de 2006. Para divulgar a atração, a emissora promoveu (no dia 16/05) um "elenco reunion" com a presença do autor (hoje diretor de dramaturgia da emissora), da diretora Denise Saraceni, e dos atores Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Cauã Reymond, Paolla Oliveira, Vera Holtz, Irene Ravache, Reynaldo Gianecchini, Camila Pitanga, Alexandre Borges e Marina Ruy Barbosa. Listo abaixo 10 curiosidades sobre a novela:

01. Pobreza Pega!
Fernanda Montenegro fez sucesso na pele da grande vilã Bia Falcão. A frase da personagem "Pobreza pega!" virou meme na Internet e é lembrada até hoje. Bia Falcão também dava uma entonação engraçada quando se referia ao advogado vivido por Ítalo Rossi: "Medeiros!". E quando Rita (Teca Pereira), a empregada de Vitória (Cláudia Abreu), lhe oferecia biscoitos: "Os biscoitinhos!", falava Bia com desprezo. Por seu trabalho na novela, Fernanda foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz na televisão em 2005.

Katina (Irene Ravache) e Nikos (Tony Ramos)

02. Jamanta não morreu!
Jamanta, personagem de Cacá Carvalho na novela "Torre de Babel" (1998), voltou à cena após sete anos. O convite partiu do autor e foi prontamente atendido: "Jamanta é um personagem do qual eu gosto muito, que fez enorme sucesso e que ainda pode ser muito explorado", elogiou Silvio de Abreu na época. No último capítulo, no casamento de Jamanta com Regina da Glória (Lívia Falcão), foi a vez de outra personagem de "Torre de Babel" reaparecer: Luzineide, vivida por Eliane Costa.

03. Atores doentes
Glória Pires precisou se afastar das gravações durante duas semanas, por causa de uma hepatite. A saída imprevista da protagonista Júlia Assunção fez com que cenas tivessem que ser escritas e dirigidas novamente sem a presença da atriz. A solução encontrada pelo autor foi internar a personagem em uma clínica, como se estivesse traumatizada com a morte da avó, Bia Falcão. Também o ator Serafim Gonzalez adoeceu, tendo sido internado com infecção pulmonar, e algumas cenas que envolviam seu personagem, Quiqui, tiveram que ser modificadas.

Vitória (Cláudia Abreu)

04. Guarnieri
Foi o último trabalho de Gianfrancesco Guarnieri. O ator esteve desde o início das gravações bastante debilitado, aparecia sempre sentado e tinha pouco texto. As cenas de seu personagem, Pepe, um diretor de teatro, eram gravadas no Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, em São Paulo. Pouco antes do fim da novela, Guarnieri foi hospitalizado e não gravou cenas para os últimos capítulos. Como forma de marcar sua presença no desfecho da história e homenageá-lo, Silvio de Abreu fez o personagem Murat (Lima Duarte), amigo de Pepe, falar com ele ao telefone no último capítulo. Gianfrancesco Guarnieri faleceu em 21/07/2006, semanas depois do fim da novela, de insuficiência renal crônica, aos 71 anos de idade.

05. As vedetes
Por causa do sucesso das personagens Mary Montilla e Guida Guevara, suas intérpretes, Carmem Verônica e Íris Bruzzi, estrelaram um show após a novela. Íris Bruzzi já havia vivido uma ex-vedete chamada Guida numa novela anterior de Silvio de Abreu, "Jogo da Vida" (1981-1982). Mas eram personagens diferentes: enquanto uma se chamava Guida Guevara, a outra era Guida Rivera. Numa homenagem às vedetes do teatro rebolado, o show de Mary Montilla e Guida Guevara, dirigido por Carlos Manga, no último capítulo, trouxe a participação das estrelas Virgínia Lane, Dorinha Duval, Marly Marley, Esther Tarsitano, Anilza Leoni, Eloina, Elizabeth Gasper, Rosinda Rosa, Brigitte Blair, Lia Mara, Lílian Fernandes, Teresa Costelo, Vitória Régia, Maria Quitéria, Maria Pompeu e Lady Hilda.

Pacoal (Reynaldo Gianecchini), Safira (Cláudia Raia) e Takae (Carlos Takeshi)

06. Estreias na Globo
"Belíssima" foi a primeira novela de Letícia Birkheuer; primeira novela com um personagem fixo de Leona Cavalli; e a estreia nas novelas da Globo de Marcelo Médici (que vinha do SBT) e de Paolla Oliveira (que havia atuado na novela "Metamorphoses", na Record).

07. Cultura grega
Silvio de Abreu propôs retratar a cultura milenar grega e as particularidades desse povo: "Ao falarmos em dramaturgia, percebemos que tudo começou na Grécia, tanto a tragédia quanto a comédia. Como estou fazendo uma novela sobre o mito da beleza, quero informar ao público que foi lá, na Grécia, que nasceu este mito, através de Afrodite e Apolo", explicou o autor na época da estreia. "Belíssima" teve gravações na Grécia: nas ilhas Milos e Santorini e na capital, Atenas. Para complementar as cenas gravadas neste país, uma cidade cenográfica foi construída na Ilha de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Tony Ramos, ao interpretar o grego Nikos, demonstrou mais vez o seu talento e carisma para criar tipos.

Bia Falcão (Fernanda Montenegro) e Medeiros (Ítalo Rossi)

08. Finais diferentes
O autor escreveu cinco finais para "Belíssima", que desvendavam o mistério sobre as origens de Vitória (Cláudia Abreu) e a suposta morte de Bia Falcão (Fernanda Montenegro). O escolhido foi o quarto, mas a produção chegou a gravar cenas para despistar a imprensa – gravaram uma em que Vitória levava um tiro, mas na cena que foi ao ar, a vítima era André (Marcello Antony).

09. São Paulo na novela
Como a trama se passava em São Paulo, foi preciso substituir o verde dos arredores da cidade cenográfica construída no Projac (hoje Estúdios Globo) pelos aranha-céus paulistanos, inseridos virtualmente por meio de computação gráfica. Também foi levantado um quarteirão que representava o bairro Campos Elísios, onde, na trama, ficava o casarão da família de Murat (Lima Duarte). Para a sede administrativa da empresa da família de Bia Falcão, foi usada a fachada do belo Edifício CYK, Comendador Yerchanik Kissajikian, com ângulo de inclinação em vértice no centro, em vidro laminado azul, situado na Avenida Paulista 901.

Murat (Lima Duarte) e Katina (Irene Ravache)

10. Trilha sonora
Silvio de Abreu queria uma música de Chico Buarque na abertura (a top model Michelle Alves ilustrou a vinheta), mas não foi possível. O tema, "Você é linda", de Caetano Veloso, já havia feito parte de duas outras trilhas de novelas: "Fera Ferida" (1993) e "Eu Prometo" (1983). Da trilha de "Eu Prometo", constou ainda na trilha de "Belíssima" a música "As aparências enganam", com Elis Regina, tema de Bia Falcão. Outras músicas que marcaram a novela foram: "Ai ai ai" (Vanessa da Mata), tema da personagem de Carolina Ferraz, "Então me diz" (Simone) e sua versão original "The blower´s daughter" (Damien Rice), tema de Glória Pires e Marcelo Antony, "You´re beautiful" (James Blunt), tema de Cláudia Abreu; e a francesa "Quelqu´un m´a dit" (Carla Bruni), tema de Letícia Birkheuer.

AQUI tem tudo sobre "Belíssima": trama, elenco, personagens, trilha sonora e mais curiosidades.
Fotos: Acervo/TV Globo.

Siga no Facebook – Twitter – Instagram

Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Blog do Nilson Xavier