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Melhor novela do SBT, Éramos 6 completa 25 anos mas não pode ser reprisada

Nilson Xavier

09/05/2019 09h36

Tarcísio Filho, Luciana Braga, Jandir Ferrari, Othon Bastos, Irene Ravache e Leonardo Brício (foto divulgação/SBT)

Quem foi criança em 1994 deve guardar com carinho na memória afetiva as lembranças da novela "Éramos Seis", produzida e exibida pelo SBT, considerada pela crítica especializada a melhor da emissora. Lá se vão 25 anos de sua estreia. A trama, de forte apelo universal – sobre Dona Lola, uma abnegada dona de casa ante as dificuldades no casamento e na criação dos filhos, que termina seus dias em uma asilo – emociona gerações há décadas.

O romance que originou a novela foi um best-seller, escrito por Maria José Dupré, publicado em 1943. Na televisão, já teve quatro adaptações: pela TV Record em 1958, com Gessy Fonseca; pela TV Tupi duas vezes, em 1967, com Cleyde Yáconis, e em 1977, com Nicette Bruno; e pelo SBT, em 1994, com Irene Ravache.

Uma nova adaptação está na fila para estrear na Globo, ainda este ano, no horário das seis, após "Órfãos da Terra", com Glória Pires como a protagonista. Com uma legião de fãs, a versão do SBT é a campeã de pedidos de reprise da emissora. Porém, apesar de emblemática para o SBT, Silvio Santos nunca mais poderá reprisar essa novela.

Jussara Freire, Denise Fraga e Irene Ravache (foto: divulgação/SBT)

A adaptação do livro de Maria José Dupré pela TV Tupi, em 1977, foi o primeiro trabalho de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, como roteiristas de TV. Em 1994, o SBT levou ao ar uma nova versão da novela de Abreu e Ewald Filho. Na época, Silvio de Abreu, contratado da Globo, vendeu os direitos de seu texto para a emissora de Silvio Santos, que tocou o projeto. Anos depois, o SBT devolveu a Abreu os direitos sobre o seu texto.

Ou seja, Silvio de Abreu os comprou de volta. O SBT não pode reprisar sua novela porque perdeu os direitos sobre a obra. Como a Globo manifestou desejo em fazer uma nova versão da novela de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, os direitos sobre o texto dos autores estão agora com ela. A emissora ainda comprou os direitos sobre o livro de Maria José Dupré. Logo, o SBT, além de não poder reprisar, não pode nem cogitar uma nova adaptação da história.

Sobre a novela

Em 1994, com a contratação do diretor Nilton Travesso, o SBT decidiu investir pesado em dramaturgia, com contratação de grande elenco e produções caprichadas. Um sucesso para a emissora, a novela chegou a dar mais de 20 pontos de audiência, em horário nobre, batendo de frente com a Globo.

Wagner Santisteban, Carolina Vasconcellos, Caio Blat, Othon Bastos, Irene Ravache e Rafael Pardo (foto: divulgação/SBT)

Os capítulos de "Éramos Seis" começavam imediatamente após a apresentação da novela das sete da Globo, "A Viagem". E eram reprisados mais tarde, logo após a novela global das oito, "Fera Ferida". Tratava-se de uma estratégia do SBT que permitia aos telespectadores assistir às novelas da emissora concorrente para depois trocar de canal e acompanhar "Éramos Seis".

Foi a primeira produção do SBT na Via Anhangüera, onde foram gravadas as externas na cidade cenográfica especialmente construída – um investimento de mais de 2 milhões de dólares. A cidade cenográfica representava o centro de São Paulo dos anos 1920 e contava com pequenas casas e estabelecimentos comerciais, uma praça e o bonde elétrico, desenvolvido no Rio de Janeiro por uma equipe especializada para não fazer barulho e, assim, contribuir na sonorização das cenas gravadas no local.

Ao final de cada capítulo, em vez de exibir as cenas do próximo, era apresentado um diálogo de algum personagem da trama com o telespectador. Ele olhava diretamente para a câmera e falava de seus problemas na história.
Assim, por exemplo, Dona Lola discorria sobre o marido, os filhos, a vida dura, coisas como "eu poderia não me preocupar, mas eu me preocupo. É minha filha… E agora se envolveu com esse tal Felício… Eu só espero que não aconteça o que eu mais temo, que é ver a minha filha, a minha Isabel, sofrendo".

A ideia era criar um envolvimento, um enlevo, uma empatia maior com o público, fazer do telespectador parte efetiva da história, como se o personagem fosse um velho conhecido, um vizinho ou um parente.

O site Teledramaturgia traz todas as informações sobre "Éramos Seis": elenco completo, a trama, personagens, trilha sonora e mais curiosidades.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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