Por que 'Fina Estampa' é considerada uma novela tão ruim hoje?
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Resumo da notícia
- Novela reprisada pela Globo foi criticada por Marco Pigossi durante live
- Nas redes sociais, são muitas as queixas sobre a trama de Aguinaldo Silva
- Originalmente exibida em 2011, a produção envelheceu mal e seria problematizada hoje
As declarações de Marco Pigossi sobre "Fina Estampa" parecem ter reacendido um debate que ocorre desde o início da reprise da trama de Aguinaldo Silva na Globo. Afinal, como pode um folhetim tão ruim estar no ar? Em conversa com João Vicente de Castro, o ator, que interpreta Rafael na história, afirmou: "Essa novela deveria ser proibida de reprisar, porque são tantas barbaridades".
Para Pigossi, "Fina Estampa" dificilmente estaria livre de problematizações atualmente. "Você passar uma novela dessas hoje é uma loucura. Eu tenho vergonha de algumas coisas que são faladas na novela, de como são tratadas na novela. Tenho vergonha da minha atuação, das minhas mechas loiras", brincou o ator. De fato, a trama envelheceu mal, mas, ainda assim segue com boa audiência. Afinal, por que "Fina Estampa" é tão ruim? A coluna lista algumas possibilidades a seguir.
Crô - Considerado um xodó do público, o mordomo gay vivido por Marcelo Serrado abriu diversas discussões sobre a maneira caricata como homossexuais são retratados na TV. Sem direito a afetividade com beijos e abraços, teve namorado misterioso e acabou a trama com um agressor de mulheres. Além disso, era constantemente ofendido por sua patroa e não se impunha, reagia a tudo passivamente, enquanto lhe conferia uma profusão de apelidos como "Rainha do Nilo" ou "Nefertiti". No fim, nem mesmo seu parceiro secreto foi revelado.
Baltazar - O personagem de Alexandre Nero começou a novela como um agressor de mulheres. Ele batia em Celeste (Dira Paes) e não teve esse episódio resolvido. Seguiu livre e migrou para o núcleo cômico, onde acabou virando paixão platônica de Crô. No final, o autor deu a entender que o motorista só era agressivo com a esposa porque tinha sexualidade mal resolvida e estava no armário, o que, por si só, já é passível de bastante discussão. Além disso, vale ressaltar, a música que acompanhava a agressiva relação entre Baltazar e Celeste se chamava "Amor Covarde", de Jorge & Mateus, e, quando tocava, entoava frases como "Quando a gente fica junto, tem briga. Quando a gente se separa, saudade". Puxadíssimo.
Teresa Cristina - A grande antagonista da história mais parecia uma vilã da Disney. Talvez animado com o sucesso de Nazaré (Renata Sorrah), em "Senhora do Destino", Aguinaldo Silva decidiu transformar a personagem de Christiane Torloni, obrigada a usar uma inexplicável lente de contato, em uma malvada que sempre se dá mal - ela nunca consegue levar a cabo o plano de matar os filhos de Griselda (Lilia Cabral) - e age de maneira afetada. Teresa Cristina acorda maquiada, usa figurinos de seda e fala de jeito empolado. Além do mais, chama seu mordomo homossexual de "slave" ("escravo", em inglês).
Absurdos da trama - Para além dos muitos clichês (o filho que tem vergonha da mãe ou a milionária proibindo o namoro da filha com um pobretão), "Fina Estampa" resolve sem cerimônia muitas de suas histórias. A mudança de vida da protagonista acontece por meio de uma loteria e o anúncio da riqueza é transmitido em tempo real, antes mesmo de achar o bilhete, sem levar a conta a violência do país. Uma gêmea surge para resolver o assassinato da irmã. Já o casal vivido por Eva Wilma e Thaís de Campos virou uma dupla de amigas inseparáveis. Está faltando vilão? O ex-marido de Griselda surge inexplicavelmente no mar. E não sabe como comunicar aos outros personagens um acontecimento importante? Simples! Uma vidente resolve esse problema por muitas vezes. No fim, até caça ao tesouro acontece.
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