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Modelos plus size mandam recado para Cléo Pires: "Bem-vinda ao clube!"

Fluvia Lacerda e Mayara Russi - Divulgação/E!
Fluvia Lacerda e Mayara Russi Imagem: Divulgação/E!

Colunista do UOL

01/11/2019 14h26

Protagonistas do reality show Beleza GG, no canal E! Brasil, que ganhará uma segunda temporada em 2020, as modelos plus size Fluvia Lacerda e Mayara Russi comentaram o novo corpo da atriz Cleo Pires, que ganhou cerca de 20 quilos após sofrer com compulsão alimentar. Em entrevista à Coluna Leo Dias, as duas avaliaram que Cleo tem a possibilidade de influenciar e inspirar outras mulheres com a nova condição. "Se ela usar isso a favor dela, pode continuar inspirando mulheres, de uma forma mais positiva, indo contra essa pressão estética, principalmente no meio artístico.", diz Mayara.

Fluvia avalia que este momento é uma boa oportunidade também para Cleo entender o outro lado da moeda, o quanto as pessoas são cruéis com quem é gordo. "O que ela está vivendo hoje é o que a gente vive sempre. O padrão são as massas, e as massas não são magérrimas. A realidade do mundo é outra. Isso são bolhas, minorias.", diz a modelo, que completa: "A Cléo é uma mulher branca, privilegiada, que engordou uns quilinhos, e as pessoas estão massacrando-a. Nós somos mulheres gordas! O que ela está vivendo é a pressão estética, que é diferente de gordofobia. Bem-vinda ao clube!".

Mayara e Fluvia comentaram também a questão de o termo 'gorda' ser considerado ofensivo para algumas pessoas e elas negaram que se sintam mal ao serem chamadas dessa forma. "Gorda é uma característica física, mesma coisa que alta e baixa. A gente sabe que é gorda, então não tem por que ficar mascarando.", diz Mayara. Já Fluvia faz uma provocação e diz que é preciso um processo de desconstrução para a palavra 'gorda' ser bem aceita. "Quando é que o 'você é gorda' se tornou uma ofensa e o 'você está magra', um elogio? Isso é uma lavagem cerebral, e temos que desconstruir isso! Todo mundo, para ser politicamente correto, fala: 'você não é gorda, você é linda'! Não, gente, eu sou gorda e sou linda!", finaliza.

Leia a entrevista completa com Fluvia Lacerda e Mayara Russi:

COLUNA LEO DIAS - A fama ocorreu para vocês na contramão da maioria. Já no caso da atriz e cantora Cléo Pires, ela começou dentro dos padrões e agora está fora. Que conselhos vocês dariam?

Fluvia - É uma perspectiva muito oposta! Sempre gosto de tirar lições até de experiências negativas. Para a Cléo, este momento é uma boa oportunidade para entender o outro lado da moeda, o quanto as pessoas são cruéis. O que ela está vivendo hoje é o que a gente vive sempre. O padrão são as massas, e as massas não são magérrimas e nem plastificadas. A realidade do mundo é outra, isso são bolhas, minorias. Estávamos falando sobre isso ontem. Existe diferença entre gordofobia e pressão estética. Ela vive a pressão estética. Bem-vinda ao clube!

Mayara - Toda mulher sofre com a pressão estética. Acho que a Cléo poderia até ver isso como um filtro na vida dela, porque imagina como que ela deve se sentir de saber que tais pessoas chegavam perto dela só por conta do corpo e não pela pessoa que ela é! Isso pode abrir muito a mente dela. Pelo menos, deveria, para ela filtrar as pessoas que se aproximam dela e por qual interesse.

Fluvia - Sabe a história do "tem limão, faz limonada"? A Cleo pode usar isso como uma plataforma onde ela não só trabalha a cabeça diante dessa pancada, mas que também consiga virar a mesa a favor de disseminar outro contexto de mentalidade. Afinal, ela também fez parte desse grupo de pessoas que colocavam uma pressão na gente. Ela fazia parte daquela bolha. Agora, está vivendo o lado oposto da moeda.

Mayara - Só que como ela é uma pessoa que inspira muitas mulheres, acho que é como a Fluvia falou, se ela usar isso a favor dela, pode continuar inspirando mulheres, de uma forma mais positiva, indo contra essa pressão estética, principalmente no meio artístico.

Por ser quem ela é, uma pessoa famosa indiretamente desde que nasceu, a cobrança não é pior?

Fluvia - A Cléo é uma mulher branca, privilegiada, que engordou uns quilinhos e as pessoas estão massacrando-a. Nós somos mulheres gordas! Pega o limão e faz uma limonada em vez de usar isso como plataforma para ir lá e falar: "estou sofrendo pressão estética". Bem-vinda ao clube! Você fez parte dessa coisa!

Mayara - Ela não tinha controle e que agora ela viu que saiu total!

Vocês usam muitas vezes a palavra 'gorda' quando falam. A maior parte das pessoas lida com essa palavra como se fosse um palavrão, principalmente quando sai da boca de outra pessoa. Ela é ofensiva?

Fluvia - Não, não é! Eu escrevi um livro chamado 'Gorda não é um palavrão' exatamente por isso! Quando é que o "você é gorda" se tornou uma ofensa e o "você está magra", um elogio? Eu nunca consegui entender muito bem isso aí. É uma lavagem cerebral, e temos que desconstruir isso! É um processo milenar, eu acho, porque, na teoria, todo mundo, para ser politicamente correto, fala: "não, você não é gorda, você é linda"! Não gente, eu sou gorda e sou linda!

Mayara - Claro que não! Gorda é uma característica física, mesma coisa que uma mulher alta, uma mulher baixa. E não é fofinha. É gorda mesmo! Fofinha é almofada, querida" (risos). A gente sabe que é gorda, então não tem por que ficar mascarando. A gente tem espelho em casa!

* Com colaboração de Gaby Cabrini

Blog do Leo Dias