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Mauricio Stycer

Patricia Abravanel fala da quarentena: Ver meu pai de máscara foi esquisito

Patrícia Abravanel, apresentadora do "Topa ou Não Topa", está lançando um canal pessoal no You Tube - Gabriel Cardoso/SBT
Patrícia Abravanel, apresentadora do "Topa ou Não Topa", está lançando um canal pessoal no You Tube Imagem: Gabriel Cardoso/SBT

Colunista do UOL

06/04/2020 05h01

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Herdeira de um dos principais grupos de comunicação do Brasil, Patricia Abravanel resolveu se aventurar fora da televisão, o seu habitat natural. Nesta quinta-feira (09), ela estreia oficialmente um canal pessoal no You Tube, uma empresa de tecnologia que, de certa forma, é concorrente do seu SBT.

A primeira grande atração do novo canal é uma entrevista com sua mãe, Íris Abravanel. Patricia faz mistério sobre o conteúdo, mas diz que a conversa é reveladora e emocionante. Íris fala sobre o sequestro da filha em agosto de 2001. "Coisas que eu não sabia. Que tinha sido assim tão profundo para ela", diz a apresentadora.

Na entrevista ao UOL, realizada por telefone na última sexta-feira (03), Patricia falou bastante sobre o que espera e como vai ser este seu canal no You Tube. "Chega uma hora em que você tem que se render. Tem que estar tudo junto: televisão, redes sociais, internet".

Além de entrevistas, o You Tube informa que o canal terá "conteúdos inspiradores da vida de Patricia, como dicas de treinos, mensagens de fé e espiritualidade, receitas saudáveis".

Também conversamos sobre o momento atual do país e como ela está enfrentando o isolamento social. Por fim, a apresentadora falou sobre o SBT e a concorrente Record.

Patricia contou que passou alguns dias próxima dos pais, em Tamboré (SP), mas eles logo voltaram para São Paulo, para evitar riscos. Neste período em que a família esteve junta, ela viu Silvio Santos e Íris usando máscaras de proteção. "Foi superesquisito, principalmente para as crianças. Quem está sofrendo mais com tudo isso são os idosos. É estranho chamar os meus pais de idosos, mas de fato são idosos".

A apresentadora do "Topa ou Não Topa" também falou sobre como está vendo o SBT neste momento e festejou as vitórias do canal sobre o seu principal concorrente, a Record, aos domingos. "A gente está arrasando, tá?", disse. "A Record foi lá, tentou no domingo, e não deu certo. A gente está indo muito bem. O público do SBT é muito fiel."

A conversa pode ser lida e/ou ouvida abaixo:

Por que você resolveu fazer este canal?
Patricia Abravanel: Como vocês (do UOL) estão fazendo podcast e entrando em outras plataformas, acho importante a gente, que é figura pública, estar conhecendo este público, estar se comunicando com eles de alguma forma. Eu tinha que entrar. Chega uma hora em que você tem que se render. Tem que estar tudo junto: televisão, redes sociais, internet. Até por curiosidade, para saber como é, que mundo é esse. Eu assisto às vezes o podcast (UOL Vê TV) que vocês fazem. É muito legal. Vocês saíram de uma coisa que era só escrita para outra. A gente tem que estar em todo lugar, agora. Não adianta. Tem que abrir a cabeça.

Vendo a descrição do seu canal, me perguntei: Por que a Patrícia não faz um programa com essas características no SBT?
É diferente, né? Televisão precisa de audiência. Não sei se o público da televisão quer saber disso. Você pode ver que estes programas da manhã, com coisas mais específicas, não têm uma grande audiência. Na TV, precisa da audiência, dos anunciantes... A internet, a princípio, é uma coisa mais livre. Quem quiser ver, assiste. Não tem essa cobrança. Hoje eu não pretendo ganhar dinheiro com isso. Vamos ver o que vai acontecer. Não quero sair da minha verdade para dar certo financeiramente. Vamos ver o que vai dar.

Você fez esta comparação com programas matinais. Você acha que este é o perfil do seu canal?
Não acho que tenha esse perfil. É que o programa matinal, às vezes, tem vários assuntos, são várias pessoas. Entrevistei o médico Mohamad Barakat para falar sobre jejum intermitente. Na internet é assim: quem está curioso para saber sobre jejum intermitente, vai assistir e ter um conteúdo. Na televisão, não. Se você coloca essa pauta (num programa), nem todo mundo se interessa e muda de canal. Na internet, a gente escolhe.

É mais fácil encontrar nichos?
Exatamente. Se um vídeo der tantos views e outro der outros tantos views, a gente vai saber que a gente está atingindo o público que está buscando aquilo. Na televisão, um programa de variedade, a gente sabe como é...

O seu canal, pela descrição, ainda não sabe que público quer alcançar. Você vai testar várias coisas diferentes. Ainda não está claro para você qual é o foco?
Na verdade, eu quero conhecer esse mundo da internet. Então, estou entrando com curiosidades verdadeiras minhas. Eu acho minha mãe o máximo, então entrevistei ela. A gente não conseguiu dar a continuidade devida por causa dessa pandemia de coronavírus. A gente gravou algumas coisas no ano passado. São curiosidades pessoais. As pessoas que me inspiram, de fato. Para depois ver o que o público vai querer ou não vai querer. O público que se identifica comigo.

Além desta entrevista com a sua mãe, você chegou a gravar outras entrevistas?
A gente gravou com a minha mãe, com o doutor Barakat e com uma dermatologista que fala sobre preenchimento e harmonização facial. Quero entrevistar pessoas que me inspiram, desde a camareira (do SBT), que eu acho o máximo, até quem eu quiser. Por enquanto está bem solto.

Você vai fazer um teste, na verdade?
Vou entrar nesse mar e ver que peixe vai ter lá.

Você pode contar algo da entrevista com a sua mãe? Alguma passagem mais surpreendente?
Ninguém, fora da minha família, pode falar do sequestro. É uma coisa muito específica. Você vai ter que assistir. Ela até se emociona. Me surpreendeu. Coisas que eu não sabia. Que tinha sido assim tão profundo para ela.

Como está sendo a quarentena para você?
Tenho medos, mas estou tentando aproveitar ao máximo os meus filhos, minha família. Sabe? Então, está sendo bom, na medida do possível. Agora, estão falando que as aulas vão voltar só em agosto, que vai emendar com as férias. Vou ficar louca. O que eu vou fazer com eles? E eles ficam inquietos. Mas está sendo bom. O mais difícil é ficar longe dos meus pais. A gente está isolando eles, de fato. A gente já teve alguns encontros, a metros de distância, eles com máscaras. É difícil para os idosos, que estão mais sozinhos.

Vocês se encontraram na casa deles?
Na verdade, eles vieram para cá (Tamboré). Eu, Rebeca, Renata, Daniela, a gente é tudo vizinha. E eles têm uma casa aqui, que eles não usam. Mas eles vieram, passaram alguns dias e voltaram para a casa deles. A gente ficou preocupada. Muita criança. As crianças não entendem por que não podem chegar perto deles, do vovô, da vovó. E a gente sabe que eles estão mais no risco, né? Sei lá como é essa doença, a gente só vê notícia ruim. Isso está sendo o mais difícil. No mais, é a maior alegria. A gente está brincando muito com as crianças.

Como foi ver o seu pai e a sua mãe de máscaras?
Foi superesquisito, principalmente para as crianças. Quem está sofrendo mais com tudo isso são os idosos. É estranho chamar os meus pais de idosos, mas de fato são idosos.

E o SBT? Como você está vendo a emissora neste momento?
A gente está arrasando, tá? Nosso domingo está espetacular. O SBT, sem querer, gravou as novelas com antecedência. Então, a gente está indo superbem. Não tem do que reclamar. Claro que o pessoal que ir para a Globo ver as notícias sobre coronavírus, mas a gente está fazendo o nosso melhor. Até o "Topa ou Não Topa" tem programas inéditos, ainda. Até o final de abril. A Record foi lá, tentou no domingo, e não deu certo. A gente está indo muito bem. O público do SBT é muito fiel. "Topa ou Não Topa" arrasando também.

Aumentou a audiência?
Aumentou. Está dando 7 pontos, um pouco mais. Consolidou o segundo lugar.

Vocês ficaram felizes, então, com essa crise no domingo da Record?
Calma! Não fale assim! O que eu disse foi que com toda a crise do coronavírus a gente está aqui, segurando a audiência. Enquanto outras emissoras estão fazendo milhões de esforços, a gente teve a sorte de ter novelas inéditas, a Eliana gravou sem plateia e foi sensacional a audiência dela... A gente está super-resiliente. Estou superfeliz com o Celso (Portiolli). O SBT está numa fase muito boa.

Você tem conversado com o seu pai sobre o SBT?
A gente não pode conversar. Temos levado notícias boas para ele. Não quero falar de trabalho.

Mas ele está atuando no SBT?
Não sei. Ele é inquieto, né? Ele está em casa, só com a minha mãe e uma funcionária, que não sai.