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Mauricio Stycer

Vera e Tas se mostram inconvenientes em momentos do Roda Viva com Adnet

Vera Magalhães, apresentadora do "Roda Viva", entrevista Marcelo Adnet - Reprodução / TV
Vera Magalhães, apresentadora do "Roda Viva", entrevista Marcelo Adnet Imagem: Reprodução / TV

Colunista do UOL

18/08/2020 01h18

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Mais de uma vez ouvi Jô Soares reclamar do desconforto com a cobrança dos admiradores para ele ser engraçado 24 horas por dia. Lembro dele contar sobre os fãs que o encontravam em lugares públicos, como aeroportos, davam um tapinha nas costas e pediam: "Conta uma piada aí, Jô!"

Marcelo Adnet se viu nesta situação desconfortável durante a entrevista que deu ao "Roda Viva" nesta segunda-feira (17). Em diferentes momentos, a apresentadora, Vera Magalhães, foi inconveniente, pedindo para o humorista fazer imitações, como se estivesse no palco. Gentil, Adnet não recusou nenhum dos pedidos, mas ele não estava lá para isso.

Vera também manifestou um desejo de protagonismo que não combina muito com a função. A certa altura, após ouvir uma pergunta, disse: "Minha fonoaudióloga também queria perguntar isso". Depois de ouvir Adnet lamentar a perseguição de haters na internet, a apresentadora observou: "Eu sei do que você está falando".

O "Roda Viva" também não foi feliz na escolha de Marcelo Tas, apresentador de um programa na TV Cultura, como um dos entrevistadores. Em mais de um momento ele deu a entender que não acompanha a cena atual de humorismo no Brasil e no mundo.

"A televisão não está muito careta? A televisão não tem hoje um programa de humor ousado, que trate dos assuntos do cotidiano", disse Tas, ignorando "Zorra", "Greg News" e "Fora de Hora", todos eles dedicados a rir criticamente da realidade, para não falar dos recentes "Isso a Globo Não Mostra" e "Tá no Ar", entre outros.

Em outro momento, elogiou Marco Luque, seu colega de bancada do "CQC", como uma referência de humor. E ainda, num arroubo anticomunista, dirigiu-se a Adnet de forma tacanha: "Quando você fala que é de esquerda, você nunca reparou que em Cuba não existe humorista? Ou na China não existe humorista."

Ainda falando da TV Cultura, o programa deixou a desejar num terreno que costuma ir muito bem, a apresentação inicial dos convidados.

Adnet ficou por seis anos na MTV e a única menção a esta passagem fundamental em sua carreira foi ao programa "15 Minutos". Em seguida, ao ouvir um resumo de sua trajetória na Globo, o público foi informado que ele "fez sucesso como o doutor Paladino da série 'O Dentista Mascarado', que abriu caminho para o Adnight Show", justamente os seus dois maiores fracassos na emissora.

Sobre o "Tá no Ar", que ajudou a criar e que foi fundamental para a sua virada na Globo, nenhuma menção.

A entrevista com Adnet foi morna, mas rendeu algumas declarações de interesse, destacadas pelo UOL, como a crítica ao colega Carioca, a imitação que faz de Bolsonaro, o posicionamento político do humorista como uma pessoa de esquerda e a sua resposta equilibrada sobre as acusações a Marcius Melhem.

Numa fase boa, com bons convidados e alcançado ótima repercussão, o "Roda Viva" pode se dedicar hoje a aparar pequenas arestas que ainda atrapalham o fluxo do programa.