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Mauricio Stycer

Reportagem do JN mostra que Prefeitura do Rio tem alergia a jornalismo

Diante de um hospital municipal, funcionário da Prefeitura (à esq.) atrapalha entrevista de um paciente a um repórter da Globo - Reprodução
Diante de um hospital municipal, funcionário da Prefeitura (à esq.) atrapalha entrevista de um paciente a um repórter da Globo Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

31/08/2020 21h54

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Reportagens exibidas no RJ TV e no Jornal Nacional nesta segunda-feira (31) mostraram que funcionários da Prefeitura do Rio têm agido de forma coordenada para atrapalhar o trabalho de repórteres da Globo.

"Funcionários da Prefeitura do Rio estão impedindo o trabalho da imprensa e calando cidadãos que têm queixas sobre o serviço público", anunciou William Bonner no JN.

"Ataques não acontecem por acaso. Ao contrário, são organizados. E acredite: pelo poder público. Os agressores são contratados da Prefeitura", disse o repórter Paulo Renato Soares, um dos autores da reportagem, ao lado de Chinima Campos e André Maciel.

A matéria mostrou a ação destes funcionários, seja gritando palavras ofensivas durante entrevistas, seja coagindo os entrevistados. A ação foi registrada diante de alguns hospitais municipais. "Funcionários públicos que têm a missão de tirar o direito das pessoas de se manifestar e se informar", observou a reportagem.

As ações são combinadas e discutidas em três grupos de WhatsApp, um dos quais chamado "Guardiões do Crivella". Segundo a reportagem, o coordenador da operação é um assessor do gabinete do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).

Ouvida pela Globo, a Prefeitura não negou a existência dos grupos. Disse que "reforçou o atendimento em unidades de saúde municipais para melhor informar a população e evitar riscos à saúde pública".

A reportagem acrescenta uma nova camada nos ataques de Crivella à Globo. Em abril do ano passado, o prefeito acusou a emissora de "ser contra o Rio". Meses depois, em setembro, Crivella aproveitou uma reportagem mal-feita do telejornal "RJ 1" para acusar a emissora de "farsa". Em resposta, a Globo mostrou que o prefeito deturpou intencionalmente um vídeo para atacar a emissora.

Em dezembro, Crivella impediu a entrada no Palácio da Cidade de jornalistas do Grupo Globo em evento que anunciou socorro de R$ 152 milhões à saúde do município "Atitude autoritária e antidemocrática", classificou a emissora, com razão.

A demonstração cabal da ação dos funcionários municipais, exibida nesta segunda-feira, deixa mais claro ainda que a Prefeitura do Rio tem alergia a jornalismo.