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A volta dos que não foram: séries ressuscitam sucessos do passado

"Gilmore Girls", "Stranger Things" e "Arquivo X": onda nostálgica veio para ficar - Divulgação
"Gilmore Girls", "Stranger Things" e "Arquivo X": onda nostálgica veio para ficar Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

12/11/2016 07h00

Não demorou muito: após serem celebradas como a nova indústria criativa do mundo do entretenimento, para onde teriam migrado os roteiros originais e produções inovadoras, a séries começaram a olhar pelo retrovisor. Entre os principais lançamentos de 2016, continuações, remakes e reboots de outras produções de sucesso do cinema e da TV se destacaram, com maior ou menor sucesso – e a tendência deve continuar forte no próximo ano.

A escolha por revisitar velhos títulos, já bem explorada nas telas dos cinemas, não é por acaso. Do lado dos criadores, ter uma marca já consolidada, apesar de não ser uma garantia de sucesso, ajuda a impulsionar o produto.

“Se eu fizesse uma série com dois policiais sem esse título não teria tanto apelo nem seria tão vendável, honestamente”, disse ao UOL Matt Miller, produtor executivo e criador de “Máquina Mortífera”. “O título, em um mundo em que há tantas séries, dá ao público a oportunidade de reconhecer a marca, o que é muito difícil hoje."

O público, ao que parece, também aprova a sensação de déjavu –que o diga “Stranger Things”, sensação da Netflix com sua costura de referências a clássicos dos anos 1980. “É sempre confortável visitar velhas histórias que você ama. E há muitos filmes e séries que são muito reminiscentes de outros filmes e séries, mesmo que não sejam chamados de remakes. Acho que é divertido para as pessoas”, opinou Miller.

No espírito nostálgico, o UOL lista algumas das séries que “ressuscitaram” histórias do passado nas telinhas. Confira:

Os remakes e reboots da TV

  • "Arquivo X"

    Os agentes Mulder (David Duchovny) e Scully (Gillian Anderson) deram o pontapé inicial nos retornos do ano. Uma nova temporada de "Arquivo X", com apenas seis episódios, foi lançada em janeiro --14 anos após o fim da série. A nova leva de episódios teve uma recepção morna da crítica, mas foi bem de audiência: só nos Estados Unidos, o primeiro deles foi visto por 21 milhões de pessoas. O resultado animou a Fox, e o canal já admitiu que há fortes possibilidades de a série voltar para uma 11ª temporada.

  • "Fuller House"

    Talvez apostando na saudade de quem acompanhou por oito temporadas o dia a dia da família Tanner, a Netflix encomendou uma continuação de "Fuller House", mais conhecida por aqui como "Três É Demais". A trama, dessa vez, é centrada nas irmãs D.J. (Candace Cameron-Bure) e Stephanie (Jodie Sweetin), além da melhor amiga Kimmy Gibler (Andrea Barber) --no original, as três ainda eram crianças e adolescentes. Viúva, D.J. conta com a ajuda das duas para criar seus três filhos, e elas passam a morar na casa que era do pai dela, Danny (Bob Saget).

    Quase todo o elenco retornou, exceto pelas gêmeas Mary Kate e Ashley Olsen, que se revezavam no papel da caçula Michelle. A sitcom não agradou a crítica, mas foi sucesso de público e ganhará uma segunda temporada em dezembro.

  • "Máquina Mortífera"

    A franquia estrelada por Mel Gibson e Danny Glover ganhou nova vida na TV quase 30 anos após o lançamento do primeiro filme. Os atores Clayne Crawford e Damon Wayans (de "Eu, a Patroa e as Crianças") ganharam a missão de interpretar os detetives Martin Riggs e Roger Murtaugh --e a escalação dos dois foi definida pelo criador Matt Miller como o maior desafio da produção. A aposta tem dado certo: nos Estados Unidos, os episódios da série têm alcançado uma audiência entre 6 e 7 milhões de espectadores e a Fox pediu uma temporada completa. No Brasil, "Máquina Mortífera" é exibida pela Warner.

  • "O Exorcista"

    O clássico do terror de 1973, baseado no romance de William Blatty, ganhou uma releitura na TV mais de 40 anos depois de seu lançamento. A série homônima, com Geena Davis e o ex-RBD Alfonso Herrera, gira em torno de uma mulher que busca a ajuda de um padre após suspeitar que sua filha está possuída. Ao UOL, o produtor executivo Rupert Wyatt disse que era atual abordar o tema da possessão: "Quando o mundo passa por uma situação econômica e política como a que estamos vivendo, nossa sociedade sente a noção de mal como se estivesse mais perto".

    ALERTA: SPOILERS ABAIXO

    O curioso é que a série foi divulgada como uma releitura do filme, mas revelou-se como uma continuação direta dele. No quinto episódio, foi revelado que a personagem de Davis, na verdade, é Regan McNeil, a menina possuída interpretada por Linda Blair no filme.

  • "Westworld"

    A série da HBO parte da ideia que deu origem ao filme de mesmo nome escrito e dirigido por Michael Crichton (autor de "Parque dos Dinossauros") em 1973: um parque temático que recria épocas passadas da história é habitado por androides muito semelhantes aos humanos, os anfitriões, que estão lá para satisfazer qualquer desejo dos visitantes. O problema é que os robôs, eventualmente, passam a ter uma percepção maior de sua realidade. Na produção para a TV, porém, o ponto de vista dos androides ganha muito mais espaço, assim como as questões éticas e morais relacionadas a eles.

    Se o filme original explorava dois parques temáticos, que recriavam a Europa Medieval e a Roma Antiga, o mesmo não se pode dizer da primeira temporada de "Westworld". Porém, os criadores Jonathan Nolan e Lisa Joy já deram a entender que outros temas podem ser explorados nas próximas temporadas --ainda não confirmadas pela HBO.

  • "Gilmore Girls"

    A série que no Brasil ganhou o nada atrativo título de "Tal Mãe, Tal Filha" também ressuscitou, nove anos após seu fim, graças à Netflix. No dia 25 de novembro ela retorna com quatro episódios de uma hora e meia cada.

    A trama, dividida entre as quatro estações do ano, vai mostrar como estão as vidas de Rory (Alexis Bledel), Lorelai (Lauren Graham) e os demais personagens da série. A exceção, que será sentida pelos fãs, é o ator Edward Hermann, o Richard, que morreu em 2014. Na série, será exibido o velório do personagem, e a morte dele irá abalar Emily (Kelly Bishop).

    A nova temporada marca o retorno de Amy Sherman-Palladino, criadora original da história. Ela não pôde escrever a sétima e última temporada por conta de problemas na negociação com o canal CW, que exibia a produção.

  • Menção honrosa: "Stranger Things"

    Mesclando protagonistas adolescentes, conspiração governamental e eventos sobrenaturais, a série que conquistou o mundo em 2016 transpira referências a filmes clássicos dos anos 1970 e 1980. Impossível não se lembrar de produções como "Conta Comigo", "ET", "Clube dos Cinco" e "Contatos Imediatos de Terceiro Grau", entre outros, ao assistir as aventuras de Eleven (Millie Bobby Brown) e cia. A segunda temporada, que já começou a ser gravada, trará atores de "Os Goonies" e "Aliens, O Resgate". Sinal de que a onda nostálgica deve continuar.

Os remakes e reboots que vêm por aí

  • "Star Trek"

    A franquia de ficção científica criada há 50 anos teve várias encarnações no cinema e na TV. Das telinhas, porém, ela estava longe desde 2005, quando chegou ao fim a série "Star Trek: Enterprise". A nova empreitada, "Discovery", está prevista para maio de 2017, e permanece um mistério. O que se sabe, por enquanto, é que ela será protagonizada por uma mulher, provavelmente negra, e terá pelo menos um personagem gay.

  • "Twin Peaks"

    A série que se tornou cult no início dos anos 1990 teve apenas duas temporadas, mas garantiu seu espaço no imaginário dos fãs de histórias de mistério. Tanto que retornará após 26 anos, em abril de 2017. O diretor David Lynch está de volta, assim como os atores originais, incluindo Kyle MacLachlan (o agente do FBI Dale Cooper) e Sheryl Lee (Laura Palmer). O elenco do revival ainda contará com as participações estreladas de nomes como Naomi Watts, Monica Bellucci e Jim Belushi.

  • "Prison Break"

    A série acabou em 2009, após quatro temporadas, com a morte do protagonista Michael (Wentworth Miller). Mas tanto ele quanto a produção foram ressuscitados para uma quinta temporada pela Fox, que prometeu dar "explicações lógicas" sobre como ele sobreviveu. Previstos para janeiro de 2017, os novos episódios se passarão sete anos após o fim da trama. Michael aparecerá cumprindo pena em uma prisão no Marrocos, enquanto Sara (Sarah Wayne Callies) cria o filho deles com o novo marido (Mark Feuerstein). A partir de uma pista de que Michel estaria vivo, ela unirá forças com Lincoln (Dominic Purcell) para arquitetar uma nova fuga.