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Coronelismo e ambiente, as lutas políticas dos personagens de "Velho Chico"

Do UOL, no Rio

14/06/2016 12h48

Novela de Benedito Ruy Barbosa que se preza mistura romance e os conflitos de um folhetim com a discussão de questões políticas. Figuras clássicas como as professorinhas, proprietários rurais e autoridades expõem suas diferentes visões de mundo num debate sobre poder, justiça e meio ambiente.

A própria rixa das famílias de Santo (Domingos Montagner) e Tereza (Camila Pitanga) se sustenta graças à oposição radical entre os ideais de cada uma em relação à terra e ao povo de Grotas do São Francisco.

Abaixo, o UOL lista manifestos de alguns dos personagens mais politizados da novela das 21h e alguns dos temas explorados por meio de diferentes núcleos da trama.

Os principais temas políticos de "Velho Chico"

  • Reprodução/TV Globo

    Modelo cooperativista

    Desde a juventude, Santo (Domingos Montagner) luta para defender os direitos dos pequenos produtores - inspirou os demais a fundar a cooperativa para "livrar o povo dos cabrestos desse coronel miserável" - e alerta para a exploração que os agricultores de Grotas sofrem nas mãos do Saruê. Quando muitos manifestaram a vontade de fazer negócios com Afrânio (Antonio Fagundes), ele discursou: "Você acha que o coronel quer se associar a alguém, rapaz? O coronel só quer explorar o trabalho e o suor de vocês, como ele fez a vida inteira. (...) Eu não tô pedindo a ninguém que fique nem vou fazer promessa que não posso cumprir, porque vocês me conhecem. Quem ficar é pra lutar pelos direitos de todos que vieram antes de nós lutaram", afirmou ele,

  • Reprodução/TV Globo

    Exploração pelo lucro

    Diariamente Afrânio tem suas atitudes e crenças confrontadas pela filha e pelo neto, que gostaria que fosse seu sucessor à frente da fazenda, mas defende melhores condições de vida para os trabalhadores. Numa discussão com Miguel (Gabriel Leone), declarou: "Eu te dei um serviço. Você chegou cheio de conversa, mas resultado que é bom, até agora nada. Resultado é um só, Miguel e ele tem que caber aqui, ó, dentro desse bolso. (...) Eu prezo em não estar vivo pra ver o que você vai fazer do nome dessa família"

  • Reprodução/TV Globo

    Coronelismo

    O vereador Bento (Irandhir Santos) é um dos adversários mais ferrenhos do coronelismo de Afrânio e constantemente alerta os produtores locais sobre a influência do Saruê. O irmão de Santo já discutiu publicamente até com o prefeito Raimundo (Saulo Laranjeira) para defender os valores em que acredita: "Esse prefeito é mais um fantoche do Saruê. O coronel é o chefe dessa corja que fica com dinheiro da escola, da saúde, e ainda por cima ameaça gente de bem como sua filha, dona Ceci (Luci Pereira). (...) Mas não vou me dobrar, não vou me envergar diante das ameaças dele"

  • Reprodução/TV Globo

    Transposição do Rio São Francisco

    Em conversa com Miguel sobre o estado em que se encontra o rio São Francisco, Padre Benício (Carlos Vereza) se diz contra a transposição do velho Chico "doente" como ele está, ainda mais se não for para matar a sede de quem precisa. "Esse rio está aí pra mostrar que foram poucos que lutaram a nosso favor. E entre esses poucos nunca vi um coronel. Na verdade eles querem ficar com o rio para eles para desfrutar de sua ganância e fazer represas nas fazendas deles. A ganância desses homens é tamanha que eles pensam que podem enfrentar a vontade de Deus", afirmou

  • Reprodução/TV Globo

    Conscientização ambiental

    Contrariando a vontade do Saruê, Miguel e Tereza procuram os integrantes da cooperativa para conscientizá-los quanto ao uso da terra. "Se vocês estão querendo trabalhar com a gente, vocês vão ter que melhorar a qualidade do que produzem. Não só respeitando a terra como quem consome o que a gente produz", afirma a filha do coronel. ""O que acontece aqui é que se extrai muito mais do que se devolve. E a terra vai se esgotando cada vez mais", afirma o agrônomo, com um discurso apaixonado, antes de anunciar uma vistoria para avaliar a maneira de produção na região

  • Reprodução/TV Globo

    Agricultura orgânica

    Com a ajuda do namorado, Lucas (Lucas Veloso), Olívia (Giullia Buscacio) desenvolve um projeto de agricultura orgânica familiar, que fez questão de apresentar ao pai, com quem já teve acaloradas discussões sobre o trabalho na cooperativa, que o produtor afirma ser "dentro das normas". "Não adianta conversar, tem que banir o uso dos agrotóxicos. Busca outra forma de produzir! (...) De verdade, painho, se agrotóxico fosse bom, não chamava veneno não, chamava remédio", disse

  • Reprodução/TV Globo

    Inclusão social

    Ao perceber que Cauré (Luiz Felipe Pereira) sofria bullying dentro de sala de aula por conta de sua origem indígena, Beatriz (Dira Paes) repreende os estudantes que promovem o constrangimento e propõe na aula seguinte que as crianças façam um exercício. "Alguém sabe me dizer por que cauré não veio a aula? será que cauré ficou chateado com alguma coisa da aula passada? Ficou se sentindo só, se sentindo diferente? (...) Nós todos somos diferentes. Por isso eu quero que vocês façam uma redação ou um desenho o que faz de nós crianças especiais, crianças únicas", disse