Topo

Filha de Fidel, "irmão mordomo" de Pelé: livro conta "segredos da Playboy"

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, em foto ao lado dos irmãos, Maria Lúcia e Zoca (de preto), e sua mãe, Dona Celeste - Acervo UH/Folhapress
Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, em foto ao lado dos irmãos, Maria Lúcia e Zoca (de preto), e sua mãe, Dona Celeste Imagem: Acervo UH/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

22/07/2016 07h32

Depois de encerrar um ciclo de quatro décadas sendo veiculada pela Abril, que chegou ao fim no ano passado, a revista “Playboy” teve um livro sobre seus bastidores publicado pela editora Panda Books neste ano. “Histórias Secretas – Os Bastidores dos 40 anos de Playboy no Brasil” traz uma coletânea de depoimentos de profissionais que atuaram na revista, como editores, fotógrafos e diretores diversos.

Os relatos foram escritos em primeira pessoa e cada um corresponde a um dos quinze capítulos do livro. Neles, são lembrados casos envolvendo personalidades que entraram para a história da revista lançada em 1975 com o nome de “Homem”, três anos antes do título “Playboy” ser liberado pela censura.

UOL selecionou algumas histórias polêmicas ou curiosas do livro:  

  • Folhapress

    "Faltou ousadia" com Roberta Close

    A ex-modelo Roberta Close fez a única edição de "Playboy", em 1984, que teve uma segunda tiragem na história da revista. Não era a estrela de capa, aparecendo em um pequeno destaque, como diz Carlos Costa, na época diretor da publicação, "em pose de pantera, meio agachada, pronta para o bote". A edição foi um estouro: vendeu 300 mil exemplares, fazendo com que uma nova impressão de 150 mil exemplares fosse pedida.

    Mesmo assim, Costa, que descreve Roberta Close como "deslumbrantemente feminina" e chama atenção para os tamanhos de seus pés ("deveria usar sapatos 42"), diz que faltou coragem à "Playboy". "Faltou ousadia para colocar Roberta na capa. Como faltou ousadia para duplicar a tiragem. (...) Foi até complicado explicar para os norte-americanos da Playboy Enterprises, em Chicago, que Roberta ainda tinha a genitália masculina".

  • Reprodução

    Hortência e retoque no bumbum de Maitê Proença

    A ex-jogadora de basquete estampou a capa de maior repercussão internacional da revista, em fevereiro de 1988, como conta Carlos Costa no segundo capítulo do livro. Assim como Roberta Close, a edição dela se esgotou rapidamente das bancas. Mas o que mais chama atenção é o comentário a respeito do uso de retoques da época.

    Segundo ele, não houve intervenção com as ferramentas da época, antes do surgimento do Photoshop, que eram usadas para eliminar pelos pubianos. Ao explicar os motivos, fez uma comparação - e uma revelação - com o ensaio de Maitê Proença. Enquanto Bruna tinha "corpo de atleta, sem celulite ou gordura fora do lugar", Maitê precisou de retoques para seu quadril ser nivelado.

  • Mujica/Folhapress

    Primeira transa de Bruna Lombardi

    Aos 33 anos, no auge da carreira, Bruna Lombardi estava no ar na minissérie "Grande Sertão", da Globo, quando revelou para o jornalista Carlos Maranhão a idade em que perdeu a virgindade. Em um jantar em São Paulo, ele aproveitou o momento mais descontraído da conversa, enquanto Bruna se deliciava com um vinho do Porto, para lançar a pergunta picante prevista no manual de entrevistas da revista norte-americana: "Quando você descobriu o sexo?"

    A resposta deixou o autor do capítulo "Uma Conversa Franca" surpreso. "Lá pelos quatro anos". Depois, se explicou: "É evidente que não deixei de ser virgem com essa idade. Eu falo de sensualidade". Após uma pausa e um momento de silêncio, a atriz disse que tinha 16 anos em sua primeira vez.

  • Associated Press

    O ensaio que nunca foi publicado

    Um dos causos mais curiosos nos 40 anos de "Playboy" pela editora Abril mereceu um extenso relato no livro, narrado por Ricardo Setti - um dos mais respeitados diretores de redação que a revista já teve: o ensaio da única filha de Fidel Castro, que vivia exilada na Espanha, para as lentes do fotógrafo J.R. Duran em um luxuoso hotel de Roma em 1998. Depois de mais de três anos de negociações, Alina Fernández Revuelta enfim concordou em posar nua por um cachê milionário.

    A edição seria histórica se tudo tivesse saído como o previsto. A filha do ditador cubano, que na véspera do ensaio se mostrava animada e sorridente, simplesmente não conseguiu disfarçar o quanto estava incomodada ao ser fotografada.

    "Alina não se constrangeu em despir-se diante do fotógrafo. Estava, entretanto, travada e alheia. Ainda por cima, carrancuda: não sorria de jeito nenhum", descreve Setti. Os pedidos para que ela abrisse um sorriso, e mesmo a conversa em particular com Duran, não surtiram efeito e o ensaio que deveria se feito em três dias terminou em dois.

    Com a equipe de volta ao Brasil, decidiu-se pela não publicação daquela que seria uma das capas mais polêmicas da revista. A razão? A própria postura da modelo, que se mostrou indiferente apesar dos encantos mesmo para uma mulher madura, de seios firmes e pernas bonitas. Resolvida a questão da quebra de contrato, as fotos e filmes de Alina foram rasgados pelo diretor de redação. Hoje, ele diz se arrepender da decisão: "Considero que agi com rigidez excessiva em relação aos parâmetros de qualidade que exigia a revista e, com isso, dei um tiro no pé".

  • REINALDO CANATO

    "Meu passado me condena"

    Xuxa conseguiu seu espaço na TV, mas temia pelas polêmicas do passado que poderiam abalar a imagem ainda em construção como Rainha dos Baixinhos. Na empreitada de obter as fotos que fez para a "Playboy" em 1982, enviou ninguém menos do que Pelé, se então namorado, à sede da Editora Abril.

    O encontro foi narrado por Ricardo Setti, então editor-chefe, que participou da reunião que não durou uma hora. Se houve acordo? Após uma troca de gentilezas, o resultado da negociação, para a 'Playboy', seria um perfil espetacular publicado na edição de décimo aniversário, em agosto de 1985, escrito por Nilson Beirão sob o título 'A vida do Rei em Nova York". Nesta entrevista, Pelé revelou que Xuxa era virgem quando o conheceu.

  • Manuela Scarpa e Marcos Ribas/Brazil News

    O "irmão mordomo" de Pelé

    No mesmo trecho sobre a visita de Pelé à sede da Abril, Ricardo Setti conta um detalhe dos mais curiosos sobre a reunião para tratar do assunto Xuxa. O irmão do craque, Zoca, que tinha a função de um assessor pessoal, era tratado como um mordomo. A relação chocou o autor do relato.

    "Zoca agia como uma espécie de mordomo de Pelé, que por sua vez se comportava em relação ao irmão como patrão. Se o garçom da Abril servia café a Pelé, Zoca apressava-se, a um sinal do Atleta do Século, a pingar adoçante na xícara. Confesso que fiquei um tanto chocado com o servilismo de Zoca, e com a naturalidade com que Pelé o encarava", diz.

  • Reprodução

    Depilando as partes íntimas

    Estrela de capa do vigésimo aniversário da "Playboy", de 1995, Adriane Galisteu posou para J.R. Duran no ensaio mais polêmico da carreira do renomado fotógrafo. Responsável pelas fotos das campeãs de vendagem da revista (Tiazinha, Feiticeira, Sheila Carvalho e Sheila Mello juntas e Carla Perez), ele viajou à Grécia com a apresentadora.

    No penúltimo dia de fotos, Duran conta que se atreveu a fazer a proposta do icônico ensaio. "Queria fotografá-la depilando o púbis, com um barbeador de lâminas". Galisteu, no entanto, não cedeu de imediato: "Nem pensar!".

    A decisão da "deusa loura da Grécia", como ela seria chamada no título da revista, seria outra no dia seguinte, após a resposta do fotógrafo. "Ok, sem problemas. Então eu deixo essa foto para fazer em outro trabalho, com outra modelo", afirmou. A edição de "Playboy" com Galisteu se depilando vendeu 1 milhão de exemplares.