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Pedófilo, estupro e O.J. Simpson: séries mostram que na TV o crime compensa

Vem aí uma leva de séries sobre crimes - Reprodução/Montagem
Vem aí uma leva de séries sobre crimes Imagem: Reprodução/Montagem

Colaboração para o UOL, em Los Angeles

04/02/2016 07h00Atualizada em 17/02/2016 16h43

Se na vida real o crime não compensa, na TV ele é um negócio de milhões de dólares e de telespectadores. Por isso que nos próximos seis meses as produtoras vão inundar as residências americanas — e também as brasileiras — com programas que discutem o crime sob diversas perspectivas, como ficção, documentário, de forma episódica, de forma seriada etc.

O mais recente produto desta safra estreia nesta quinta-feira (4) no canal FX no Brasil: “O Povo contra O.J. Simpson: American Crime Story”, que reconstitui com base em livro os bastidores do julgamento do astro da NFL que matou sua mulher e o amante dela. Já previamente aclamado pela crítica e com elenco que reúne Sarah Paulson, Cuba Gooding Jr. e John Travolta, a série é vista dentro da Fox como “um produto extraordinário” segundo reportagem que estampa a capa da revista “Variety”, especializada TV e cinema.

A expectativa sobre a série é tão grande que Ryan Murphy, produtor executivo e autor de sucessos como “Glee”, “Nip/Tuck” e “American Horror Story”, teve de fazer uma sessão do primeiro episódio para a cúpula da 21st Century Fox. Eventos como esse são raríssimos e só acontecem com filmes como “Perdido em Marte” e “Avatar”, explica a “Variety"

Mas a concorrência com a Disney/ABC promete ser pesada. Em evento ocorrido na primeira semana de janeiro em Pasadena, a produtora apresentou pelo menos sete programas com a temática crime/assassinato/tribunal. Alguns deles já são bem conhecidos do público e premiados como “Scandal” e “How to Get Away with Murder”, cuja protagonista Viola Davis levou seu segundo prêmio do sindicato dos atores no último domingo.

Mas o grande páreo para Fox será uma série de nome e formato semelhantes produzida pela Disney/ABC. “American Crime” chega ao Brasil em julho e segue a linha da antologia, em que cada temporada tem uma história com começo, meio e fim. As duas, inclusive, devem disputar as mesmas categorias no Emmy Awards e no Globo de Ouro, caso o sucesso da história de O.J. se confirme. Em seu elenco também estão grandes atores como Felicity Huffman, Lily Taylor, Timothy Hutton e Regina King em um roteiro assinado por John Ridley, de “12 Anos de Escravidão”, que discute a violência nas escolas públicas e particulares do ensino médio nos EUA.

Durante o evento em Pasadena, promovido pela TCA (Associação dos Criticos de TV dos EUA), o UOL teve a oportunidade de conversar com diversos atrizes e atores como Viola Davis, Juliette Lewis, Felicity Huffman, Andrew McCarty, Gary Sinise, entre outros, para falar desses e de outros programas que aparecem nesta lista que a reportagem preparou abaixo, com uma pequena sinopse.

  • Divulgação/AP

    "O Povo contra O.J. Simpson: American Crime Story" - Estreia 4/2 (FX)

    Spin off da franquia "American Horror Story" que, neste caso, reconstitui a cada temporada casos reais de crimes notórios na história dos Estados Unidos. Nesta temporada, o famoso assassinato de Nicole Simpson e seu amante. Ela era mulher do astro da NFL ? e de filmes como "Corra que a Polícia Vem Aí" ? O.J. Simpson. Como todos sabem, ele era o assassino, mas mesmo assim foi absolvido e, em seguida, condenado. A série mostra não apenas os bastidores, mas como o fato de ele ser negro moldou a opinião pública que, mesmo sabendo de sua culpa, o defendia. A crítica elogiou a série unanimemente não apenas pelo roteiro direção e interpretação dos atores (destaque para Sarah Paulson que interpreta a promotora Marcia Killing e para John Travolta que interpreta o defensor Robert Shapiro), mas por tratar em momento tão oportuno questões raciais e de gênero que ainda persistem na sociedade atual. Ainda no elenco, no papel de Simpson, Cuba Gooding Jr. (Oscar por "Jerry Maguire") e David Schwimmer (o Ross de "Friends"), que vive o advogado Robert Kardashian, pai de Kim, Khourtney e Khloé Kardashian, morto em 2003. Em uma das cenas, O.J. é surpreendido pelo Kardashian pai tentando dar um tiro na cabeça: "Você não vai se matar no quarto da Kimmie!", grita o advogado, que era amigo do acusado.

  • Divulgação

    "The Family" - Estreia prevista para dia 6/3 (Sony)

    Você já viu a história desta série acontecer no Brasil algumas vezes: mãe de filho desaparecido/assassinado inicia campanha para ajudar outros pais que sofreram o mesmo trauma e acaba entrando na carreira política. Exceto que nos casos reais o filho nunca aparece dez anos depois. Este é o enredo de "The Family", estrelada por Joan Allen ("Nixon", trilogia "Bourne", "The Killing") e pelo ex-galã dos anos 1980 Andrew McCarty ("Manequim", "Um Morto Muito Louco", "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas"). O papel de McCarty, no entanto, não tem nada da leveza de suas comédias românticas. Agora ele interpreta um pedófilo acusado injustamente de um crime que, aliás, nunca cometeu. Em entrevista ao UOL, McCarty explicou seu personagem: "Ele se odeia por isso. E o que posso dizer é que até o momento ele nunca praticou. Ele só tem essas perversões em sua cabeça. Pra mim, o interessante dele é mostrar como ele se tortura, como ele é vítima de si mesmo e, ao mesmo tempo, como viver quando você se odeia?"

  • Reprodução

    "American Crime" - Estreia da 2ª temporada prevista para julho (AXN)

    Embora de produtores e autores diferentes, "American Crime" segue o mesmo formato de "American Horror Story": cada temporada é uma história diferente, mas com o mesmo elenco (ou boa parte dele) interpretando papeis diferentes. Com Felicity Huffman (a Lynette de "Desperate Housewives"), Timothy Hutton, Lily Taylor, Regina King e Andre Benjamin (o Andre 3000 da banda Outcast), a primeira temporada concorreu a três Globo de Ouro e dez Emmy, tendo vencido um (Regina King, como melhor atriz coadjuvante). Na nova temporada, Huffman é a diretora de uma escola particular onde um aluno bolsista é vítima de um crime praticado durante uma festa promovida pelo time de basquete masculino. O roteiro é de John Ridley, que levou o Oscar de melhor roteiro por "12 Anos de Escravidão".

  • Divulgação

    "Secrets and Lies" - 2ª temporada prevista para estrear em junho (Sony)

    E falando em família, aqui é a roqueira Juliette Lewis (estrela de sucessos como "Cabo do Medo" e "Assassinos por Natureza") que encarna uma agente do FBI que investiga crimes de família. Mas embora seja a protagonista e heroína da série, a história é sempre contada do ponto do vista do acusado --nesta temporada o ator Michael Ealy. Para ajudar o público a solucionar as histórias, "webisodes" (pequenos episódios disponíveis apenas na internet) mostram a personagem de Lewis introduzindo novos elementos à investigação. Nesta segunda temporada, outro crime tendo como principal suspeito o marido (Ealy). "A série abriu meus olhos para quanta coisa parentes escondem uns dos outros", disse ator. Já Juliette Lewis disse que, para ela, o que rola na série funciona bem como dramalhão televisivo. "Minha família não tem nada a ver com essas das série (risos)."

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    "How to Get Away with Murder" - 2ª temporada no ar (Sony)

    Prestes a voltar do recesso de fim de ano de sua segunda temporada, "How to Get Away with Murder" é uma série que divide opiniões: há quem ache muito fantasiosa e há quem ame. E quem ama tem um motivo muito forte para assistir a mais essa trama de tribunal produzida por Shonda Rhimes -- autora de sucessos como "Scandal" e "Grey's Anatomy": Viola Davis. Sua interpretação da manipuladora e controversa advogada Annelise Keating já lhe rendeu um Emmy como melhor atriz e seu segundo prêmio do Sindicato dos Atores na mesma categoria. Em entrevista ao UOL, explicou o sucesso de sua personagem, inclusive entre os advogados da Casa Branca: "Todo mundo iria querê-la como advogada. Porque ela quer vencer." Leia mais

  • Reprodução

    "Making a Murderer" - Disponível no Netflix

    Nenhum documentário se tornou mais comentado nos Estados Unidos e fora dele nos últimos meses do que "Making a Murderer", que relata a história de Steven Avery, um homem que passou 18 anos preso por um crime que não cometera e que acabou novamente preso por outro crime que, segundo o documentário, ele também não teria cometido. Desde que estreou no Netflix, a imprensa americana tem trazido novos depoimentos e detalhes das investigações que, segundo autoridades acusadas de improbidade no programa, dizem ter sido deliberadamente deixadas de fora do roteiro.

  • Reprodução

    "Scandal" - 5ª temporada prevista para estrear em junho (Sony)

    Não necessariamente uma série sobre crimes ou sobre tribunais, "Scandal" é uma série sobre advogados e investigadores que servem para, usando o bom português, livrar a cara dos poderosos e evitar que seus maus passos cheguem aos tribunais ou, pior ainda, à mídia. A protagonista Kerry Washington foi indicada a três prêmios pelo papel da administradora de crises Olivia Pope, inspirada na assessora de imprensa do governo George W. Bush, Judy Smith. Durante entrevista ao UOL, o ator Tony Goldwyn, que interpreta o presidente dos EUA na série, disse que o programa faz sucesso porque ele mostra como você pode ser absolvido de um crime que cometeu e ser condenado por outro que não cometeu, simplesmente pelo fato de não saber lidar com a situação. Sobre a ascensão de Donald Trump na campanha eleitoral americana deste ano, foi sucinto: "Fascinante. E perturbador?"

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    "Criminal Minds: Além da Fronteira" - Estreia prevista para abril (AXN)

    Agora a franquia vai além da fronteira americana, especificamente retratando o trabalho da divisão internacional do FBI encarregada de solucionar crimes com cidadãos americanos em um país diferente a cada semana. E apesar de nossas altas taxas de criminalidade, o Brasil não será retratado nos treze primeiros episódios, que tem como protagonista o ator Gary Sinise (mais conhecido no Brasil pelo papel do tenente Dan de "Forrest Gump"). Tailândia, Belize, México, Espanha e Haiti estão entre os primeiros retratados, embora o elenco não tenha saído de Los Angeles. Em entrevista ao UOL, Sinise disse que o episódio mais interessante se passa em Cuba. "Foi muito interessante mostrar porque, antes dessa abertura que o atual governo teve com o ilha, agentes dos FBI não iam lá para solucionar assassinatos. E o episódio mostra não só isso, mas como tudo lá ainda é controlado pelas forças militares."