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Análise - "Playboy" morreu vítima de falta de personalidade crônica

Capa da Playboy de Mônica Veloso, amante de Renan Calheiros - Reprodução
Capa da Playboy de Mônica Veloso, amante de Renan Calheiros Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

19/11/2015 16h01

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Não foi surpresa alguma o aviso de que a revista "Playboy" deixará de circular no Brasil em 2016 --anúncio feito pela editora Abril nesta quinta-feira (19).

Semanas atrás a matriz norte-americana já havia informado que deixaria de publicar fotos de mulheres totalmente nuas.

Nesse último caso, a justificativa dos executivos da corporação de Hugh Hefner foi, grosso modo, que a internet "matou a revista". Na rede há mulheres peladas e pornografias em quantidade tão infinita que tornou obsoleta a impressão de nudez feminina em papel.

È uma boa hipótese: no Brasil, no final dos anos 90, a revista chegava a vender 1 milhão de exemplares, mas ultimamente havia comemoração na redação se uma edição passasse dos 140 mil.

No Brasil, a morte parecia anunciada havia anos. OK, a internet pode, sim, ter apressado o enterro, mas do jeito que a coisa caminhava a "Playboy" nacional iria morrer com ou sem web. Diagnóstico: falta de personalidade crônica e, principalmente, por atirar para qualquer lado desde os anos 80.

A Fogueteira do Maracanã? Hortência? Mônica Veloso, a amante de Renan Calheiros? A fileira interminável de ex-BBBs? Duro dizer qual foi a pior, já que, a partir de uma certa época, qualquer cidadã que aparecesse na mídia --seja por qual motivo, inclusive criminosos-- já recebia convites para posar nua na capa

Esse "atirar pra qualquer lado" é algo que destoava da edição norte-americana. Enquanto nos EUA a capa e o recheio eram dedicados apenas a top stars suculentas de primeira linha, a versão verde-amarela apelava para o popularesco e o oportunismo decepcionantes.

Nos últimos anos vimos na imprensa listas de "capas mais vendidas", "melhores edições" da revista, mas o correto seria elaborar um ranking das piores "Playboys" de todos os tempos.

A Fogueteira do Maracanã (bleargh!)? Hortência? Mônica Veloso, a amante de Renan Calheiros? Marina Lima? Carla Perez? Aline Franzoi (queeem???); Meyrielle Abrantes, a ex de Jarbas Vasconcellos? A fileira interminável de ex-BBBs?

Duro dizer qual foi a pior, já que, a partir de uma certa época, qualquer cidadã que aparecesse na mídia --seja por qual motivo, inclusive criminosos-- já recebia convites para posar nua na capa.

Por favor... para quem viu, no passado distante, surpreendentes ensaios como o de Sandra Bréa, Luciana Vendramini, Carla Camuratti, Maria Zilda e Luma de Oliveira, a "Playboy" a partir dos anos 90 foi uma decepção atrás da outra.

Era óbvio que iria morrer mais cedo ou mais tarde, por falta de personalidade.

Na verdade, seu fim soa mais como suicídio.