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Ricardo Feltrin

Análise: Criticado por improvisos, Silvio Santos acerta muito mais que erra

Silvio Santos chacoalha a programação do SBT mais uma vez nesta segunda-feira - Lourival Ribeiro/SBT
Silvio Santos chacoalha a programação do SBT mais uma vez nesta segunda-feira Imagem: Lourival Ribeiro/SBT

20/11/2016 10h31Atualizada em 21/11/2016 10h04

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A partir desta segunda-feira a programação do SBT sofre mais uma de suas mudanças às pressas determinadas por Silvio Santos.

Na parte da manhã as eficientes jornalistas Karyn Bravo e Joyce Ribeiro retomam a bancada do “Primeiro Impacto”; já o “youtuber” Dudu Camargo, 18 anos, que fez as vezes de âncora por cerca de cinco semanas, perde espaço e fica apenas com uma parte do telejornal.

No horário da tarde, mais mudanças: o “Fofocando”, programa de futricas criado pelo “patrão”, vai entrar no ar mais cedo  (13h15), deixando de concorrer diretamente com o quadro “Hora da Venenosa”, da Record. Curiosamente, foi justamente para confrontar esse quadro que o programa do SBT com Leão Lobo, Mamma Bruschetta e Mara Maravilha foi criado.

Outra mudança na casa: a “enésima” reprise da novela mexicana “A Usurpadora” também terá seu horário trocado, passando a ser exibida às 15h15, depois de “Casos de Família”.

Para alguns “comentaristas” de internet, colunistas e até funcionários do SBT, tudo isso é só mais um rompante de Silvio Santos. O empresário e apresentador não raro é chamado de “malucão” e outros adjetivos desabonadores.

Pelo jeito o dono do SBT já está acostumado com isso. Quando decidiu comprar o formato do “Aqui Agora”, em 1991, recebeu críticas pesadas. Mas o jornal, a despeito do sensacionalismo, apavorou a Globo com médias então de até 30 pontos de audiência.

Silvio também viu muxoxos ao seu redor, quando decidiu arriscar milhões de reais em multas na contratação de Ratinho, então na Record, no final dos anos 90.

Houve mais críticas também quando anos atrás não quis segurar Gugu Liberato (que negociava com a Record); ou quando insistiu em manter desenhos no SBT na parte da manhã; ou quando investiu em produção de novelas infanto-juvenis com sua mulher, Íris, à frente. Foi mais enxovalhado ainda quando promoveu a filha Patrícia a apresentora. 

“Mais uma loucura.” “Nunca vai dar certo.” “Outra bobagem do patrão.” “Ele está afundando a própria emissora.”. “Está gagá”. Eis frases sempre ditas e escritas a cada nova mudança de rumo por parte do dono do SBT.

Sim, claro, Silvio comete erros. Em meados dos anos 90, talvez não devesse ter desistido de investir em novelas e na contratação de novelistas, só porque Gloria Perez e Benedito Ruy Barbosa romperam um documento já assinado com ele. Afinal, havia muitos outros escritores de gabarito (dentro e fora da Globo).

Também é bom lembrar que, até dois anos atrás, um despretensioso telejornal matinal ancorado por Cesar Filho liderava a audiência para o SBT e registrava até cinco pontos de ibope, o que fez com que  a Globo criasse o “Hora Um” e a Record antecipasse a entrada de seu primeiro jornalístico.

Na parte da tarde, por sua vez, o “patrão” também parece pecar por nunca ter feito um investimento de fato na programação, resumida sempre a reprises de novelas mexicanas, do seriado “Chaves” ou de barracos do “Casos de Família”.

O que os detratores não ponderam ou fingem esquecer, porém, é que a história mostra que Silvio acerta muito mais do que erra. E que, como empresário, é um sujeito pragmático. Semanas atrás, no salão de Jassa, lhe perguntaram porque estava mantendo um jovem inexperiente como âncora de um telejornal tão importante. Silvio foi lacônico: "Enquanto ele der mídia, enquanto ele repercutir, ele fica."

Não fosse talvez esse pragmatismo (além da inegável experiência em TV), o SBT não seria hoje a segunda emissora aberta do país, superando em audiência nas 24 horas do dia uma concorrente, a Record, que investe quase três vezes mais em programação.

Só esse “detalhe” já deveria bastar para calar os críticos e deixar Silvio fazer o que quiser em sua própria emissora.

twitter - @feltrinoficial