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Ricardo Feltrin

Opinião: RedeTV estraga seu único bom ibope com quadro medonho

Equipe do humorístico dominical "Encrenca" - Divulgação/RedeTV
Equipe do humorístico dominical "Encrenca" Imagem: Divulgação/RedeTV

Colunista do UOL

12/05/2020 00h09

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Em crise financeira, com fuga de anunciantes e desesperada para fazer caixa, a direção da RedeTV apelou e conseguiu estragar seu único programa que tem bom ibope: o "Encrenca".

E está estragando de duas formas: derrubando a audiência e destruindo o formato do programa que, queiram ou não, é um dos poucos fenômenos da TV aberta hoje.

Batizado de "Festival de Prêmios da RedeTV", trata-se de um quadro que sorteia objetos como celulares, fones de ouvido, relógios e eventualmente um carro.

Para participar o telespectador tem que ter um leitor de QR Code instalado no celular e se cadastrar no site redeTVplus. E, o principal: pagar R$ 5,00 por semana para ter direito a concorrer.

Aí já existe um problema: o público do "Encrenca" (e da RedeTV, de forma geral) é formado por famílias e pessoas mais simples, das classes C, D e E.

É certo nesse caso específico que muitas terão dificuldade em participar com esse processo: não só pelo uso de QR Code, que já é um tanto "démodé", mas pelo custo semanal.

O segundo problema é o efeito que esse quadro causa na audiência

No domingo o "Festival" interrompeu cinco vezes o humorístico. Derrubou o ibope em cada uma das vezes. A média prévia do programa ontem foi de 5,2 pontos em SP (índice consolidado).

Isso representa um ponto a menos que na semana anterior, e 1,3 ponto inferior à média de abril na região, a principal para a publicidade

Cada ponto na região equivale a cerca de 75 mil domicílios.

Se até abril o "Encrenca" chegava eventualmente até a brigar pelo segundo lugar com SBT e Record, desde a semana passada, quando o "festival" começou, isso não ocorre mais.

E ainda há um outro ponto, e tão importante quanto os anteriores: para uma TV que se gaba de suas dependências moderníssimas e de sua tecnologia, o novo "programa" é uma das coisas mais antiquadas já vistas na TV aberta neste século.

Os apresentadores são forçados, a trilha sonora é medonha, o cenário é pobre —e inclui bailarinas deslocadas e sem qualquer graça ou função.

É evidente que, em tempos de pandemia de coronavírus e queda de publicidade, as TVs precisem buscar novas fontes de receitas.

Mas, um quadro confuso, com prêmios simplórios que às vezes lembram brindes, e com cara de anos 80, definitivamente não será a solução.

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