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De volta ao ar com "Pé na Cova", Miguel Falabella descarta novelas

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

21/09/2015 23h55

"A gente acabou de gravar, então está todo mundo muito emotivo, muito emocionado". O tom no discurso de Miguel Falabella tem um quê de despedida, já que o elenco de "Pé na Cova" gravou em sequência 24 episódios pra as duas prováveis últimas temporadas da série - 12 cada uma. Mas também tem muito de orgulho do autor da comédia, que reestreia dia 29, na Globo.

"É uma enorme alegria fazer essa série que mostra humor com poesia, com tolerância. E o público entende isso", conta ele, que nunca escondeu a decepção quando a atração teve o retorno adiado pela emissora.

"Todo mundo sabe que fiquei chateado, não era o que eu desejava, não deveria ficar tanto tempo fora do ar. Mas são contingências da profissão. Mas sinto que o programa deixou saudade, não foi esquecido, só ficou adormecido no coração das pessoas", afirmou o intérprete de Ruço, durante o lançamento da nova temporada em Vista Alegre, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira (21).

Nascido na Ilha do Governador, Falabella faz questão de exaltar o cotidiano e os tipos do subúrbio em seus trabalhos na TV, como também fez em "Sexo e as Negas", ambientada em Cordovil. Além da espontaneidade, ele também quer levar pra diante das câmeras gente que não segue determinado padrão, como é o caso de Niana Machado, que interpreta Bá, antiga babá de Ruço. A personagem (junto com seu bordão "Piraaaanha!") foi uma das mais aplaudidas durante a exibição do primeiro episódio da série na Lona Cultural João Bosco.

"Eu me interesso por gente, por seres humanos. Num dos últimos episódios de 'Toma Lá Dá Cá', tinha uma cena que a Niana tinha que me bater e ela me comeu na porrada. O público enlouqueceu e eu também. Depois fizemos 'Aquele Beijo'. Na primeira temporada de 'Pé na Cova', ela foi totalmente cortada. Disseram que o público ia rejeitar. Mas é o Brasil. É o meu padrão. Quando permitiram, as pessoas adoraram", conta o ator.

Depois de "Pé na Cova", Falabella diz que já tem vários projetos em desenvolvimento, mas descarta escrever ou até mesmo atuar em uma novela. "É um trabalho muito massacrante.  São 20 capítulos por dia, 200 pessoas escrevendo, cada um escreve de um jeito, é muito difícil, tem que fazer redação final. Não é o que me dá mais prazer. E graças a Deus, estou num ponto da minha carreira em que posso escolher", diz ele, atualmente em cartaz em São Paulo com o musical "Antes Tarde do que Nunca".

Foi, aliás, no gênero, que surgiu a primeira inspiração para a família Pereira e a Funerária Unidos do Irajá. "Vi uma montagem de 'A Família Adams' na Broadway e pensei: quero fazer isso no subúrbio. Inicialmente era uma coisa mais gótica, mas foi amadurecendo. Pensei: eles são bizarros, são a exceção mas são aceitos. Há amor nessa família, embora eles sejam duros uns com os outros. Esse é um país que nos trata duramente, em que a cidadania é desrespeitada diariamente", afirma.