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Paparazzo elege Katy Perry artista do Rock in Rio que deu mais trabalho

O paparazzo Gabriel Reis na cola do cantor Rod Stewart, em São Conrado, durante o Rock in Rio - Arquivo pessoal
O paparazzo Gabriel Reis na cola do cantor Rod Stewart, em São Conrado, durante o Rock in Rio Imagem: Arquivo pessoal

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

30/09/2015 15h50

Foram três semanas incessantes de trabalho, desde que Adam Lambert, que se apresentou com o Queen no Rock in Rio, pisou em solo carioca. E os paparazzi só deram o plantão por encerrado na última terça-feira (29), quando Katy Perry deixou a cidade. Depois de apenas um dia para colocar o sono em dia, Gabriel Reis, 37 anos e há 14 na profissão, voltou ao seu posto em frente ao Copacabana Palace, à espera de um flagra da cantora que fechou o festival, no domingo. A estratégia, no entanto, não deu muito certo - não à toa, ela é considerada por ele a artista do evento mais difícil de ser fotografada.

"Dez batedores fecharam a rua para ela sair, nunca vi isso. Mas a gente já conta com esses dias que não dão em nada, já contabiliza os gastos. A cada cinco investidas, a gente consegue uma", analisa ele, que conseguiu clicá-la no heliponto a caminho da Cidade do Rock, apesar dos "disfarces". "Ela se esconde com boné, gola de casaco. No embarque, ela usou um travesseiro pra cobrir a cara", diz. 
 
27.set.2015 - Discreta, Katy Perry embarca em helicóptero na Lagoa para ir à Cidade do Rock. Ela encerra o último dia de shows do Rock in Rio 2015 - Gabriel Reis/AgNews - Gabriel Reis/AgNews
Flagrada no heliponto a caminho da Cidade do Rock, Katy Perry costuma se esconder dos paparazzi
Imagem: Gabriel Reis/AgNews
 
O episódio mais marcante do Rock in Rio, no entanto, envolveu os seguranças de Rihanna, que agrediram um grupo de cinco fotógrafos na saída de uma churrascaria na Zona Sul do Rio, na noite de domingo. Depois de um deles acertar a câmera de um colega, os ânimos se exaltaram, mas ninguém ficou ferido e não houve registro de ocorrência. "Na época do processo contra o Cássio Reis (acusado de agredi-lo em 2007, após ter sido fotografo discutindo com a então mulher, Danielle Winits num shopping), deixei de viajar umas quatro vezes por causa das audiências. É muita dor de cabeça, não tenho paciência. Eles pediram desculpa depois, achei melhor não seguir adiante", diz.
 
No entanto, as fotos da cantora com vestido transparente renderam bastante. Embora comemore alguns registros exclusivos ("Soubemos do Johnny Depp antes de todo mundo e acabamos alertando a concorrência quando publicamos as primeiras fotos"), ele considera esta edição mais fraca que as anteriores. "Os artistas ficaram mais enclausurados, talvez por medo da violência", diz. E conta que artistas como Rod Stewart vendem menos para clientes internacionais. "Lá fora as agências e revistas têm discriminação. Pessoas idosas e afrodescendentes são mais difíceis de emplacar", revela.
 
27.set.2015 - Com vestido transparente, Rihanna deixa churrascaria no Rio de Janeiro e é tietada por fãs - Gabriel Reis, André Freitas, Dilson Silva, Gabriel Rangel e Delson Silva / AgNews - Gabriel Reis, André Freitas, Dilson Silva, Gabriel Rangel e Delson Silva / AgNews
O modelito indiscreto de Rihanna rendeu bons cliques, mas os fotógrafos reclamam da agressão que sofreram dos seguranças da cantora
Imagem: Gabriel Reis, André Freitas, Dilson Silva, Gabriel Rangel e Delson Silva / AgNews
 
Oito a dez mil cliques
Segundo Gabriel, a maratona exigiu 18 horas de trabalho diariamente. Na agência para a qual o fotógrafo trabalha, foram cerca de 15 profissionais espalhados no próprio festival - que também contava com as próprias celebridades badalando na área vip - e na porta de hotéis, nas praias e onde mais os artistas gringos circularam pela cidade. Segundo cálculos de Gabriel, foram uns oito a dez mil cliques em cada máquina, onde aproximadamente umas 500 fotos são utilizadas.
 
"Foram uns quatro tanques de gasolina para todos que fizeram paparazzi de carro. Em média uns R$ 140. E foram uns R$ 300 de estacionamento", contabiliza ele. Como a comunicação entre a equipe acontece por WhatsApp, o plano de dados de cada um estourou. "Quando o festival acabou, recebemos mensagem da operadora dizendo que tinha ido pro saco", brinca. 
 
O primeiro Rock in Rio ele cobriu ainda como repórter, em 2001, quando nem pensava em fazer flagras de celebridades. "Os artistas eram mais um mito, não tinha essa coisa de ver foto deles em momentos íntimos. Com o aumento dos sites e redes como Instagram, o povo já quer ver os flagras. Mudou tudo. Engraçado que as pessoas reclamam no meu site, mas continuam dando audiência. Elas gostam de criticar", afirma.
 
A atividade de paparazzo Gabriel só descobriu pouco depois, na época de assessor de imprensa de jogador de futebol, quando vendeu algumas fotos despretensiosas de uma festa para jornais e revistas. "Em um mês ganhei mais dinheiro do que com a assessoria", conta ele, que hoje procura evitar maiores confusões. "No início passava dos limites, quando você começa acha maneiro o artista ficar puto, quebrar seu equipamento. Depois fui aprendendo, amadurecendo, se puder fazer de longe, sem ser visto, melhor. Já apaguei foto e me arrependi. Mas nunca aceitei dinheiro", garante.