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Indicado ao Emmy, ator de "Psi" diz que série mudou relação com analista

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

05/10/2015 16h28

Emílio de Mello foi anunciado nesta segunda-feira (5) como um dos indicados a melhor ator do Emmy Internacional por “Psi”, série brasileira da HBO cuja segunda temporada estreou no último domingo. De volta ao papel do psicanalista Carlo Antonini, o ator promete um protagonista muito mais presente fora do consultório – como já adiantou o primeiro episódio da nova edição, que teve como foco a ONG para vítimas de violência doméstica com a qual ele se envolve.

“Ele está bem fora do consultório. Nenhum dos protagonistas de episódio é paciente do Carlo. Tem alguns que se tornam pacientes, mas eles não são a priori pacientes, como foi na primeira temporada”, contou ao UOL o ator, que é fã das cenas de consultório: “Eu, particularmente, adoro as cenas de consultório. Elas são boas de fazer, são muito significativas, é onde a gente pega a espinha dorsal do personagem”.

O personagem retorna após uma temporada na Itália, para onde embarcou ao final da primeira. E aparece muito mais entusiasmado com a profissão. “Acho que a gente vê essa mudança no personagem. Ele não tem mais aquela angústia que ele tinha, de passar vários pacientes para a Valentina [Cláudia Ohana], um cansaço, uma desilusão. Mas não que isso não possa voltar”.

Para compor Carlo, que foi criado pelo autor e psicanalista Contardo Calligaris, Mello teve de abrir mão de alguns clichês do dia a dia, como o de responder “tudo bem” quando alguém pergunta como ele está. “Antes, era muito natural. Eu, na série, não respondo. Tenho que fazer esse treinamento. Alguém fala 'Que bom que você voltou', e você simplesmente recebe aquilo, você não retorna aquilo para a pessoa, é muito legal isso. São peculiaridades do personagem que eu gosto muito”.

Essa característica do personagem, aliás, é algo que o ator tem tentado aplicar também na vida real. “Essa coisa de receber é uma coisa que levo muito para a minha vida. Se alguém fala ‘desculpa’, você tem a opção de não falar. A culpa é dela, não é sua. Parece que quando alguém fala desculpa, você se sente culpado pela culpa da pessoa. Fala ‘Imagina, não pensa nisso, bobagem’. É interessante, te dá um estado diferente de alerta, é bem bacana”.

Outra coisa que mudou na vida pessoal de Mello com a série foi a relação do ator com seu psicanalista pessoal – fruto também da amizade que ele se desenvolveu com Calligaris. “Nunca tive um amigo psicanalista. Então é muito legal. Me pego tendo com meu analista uma relação que não teria se não tivesse essa vivência. Falo ‘Por que você está perguntando isso para mim?’, ‘Onde você quer chegar?’. Comecei a olhar meu analista como uma pessoa comum, que vai para casa e tem dor de barriga, não como um Deus que vai resolver minha vida”.