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"O nu precisa ser melhor pensado", diz diretor da "Playboy" brasileira

Rita Mattos, a gari gata, foi capa da "Playboy" brasileira de setembro - Fred Othero/Playboy/Divulgação
Rita Mattos, a gari gata, foi capa da "Playboy" brasileira de setembro Imagem: Fred Othero/Playboy/Divulgação

Gisele Alquas

Do UOL, em São Paulo

13/10/2015 15h28

Após a divulgação de que a "Playboy" americana vai deixar de publicar fotos de mulheres totalmente nuas a partir do ano que vem, o diretor de redação no Brasil, Sergio Xavier, disse ao UOL que a publicação é “mais do que uma revista de nu”, com reportagens relevantes para os leitores que não estão em busca apenas de mulheres bonitas e sensuais na capa.

Xavier afirmou que as filiais das revistas pelo mundo ainda não receberam qualquer comunicado sobre as mudanças e que não há nenhuma decisão concreta sobre banir o nu, mas que concorda que os tempos mudaram e a nudez nas revistas precisa ser repensada.

"A 'Playboy', mais do que uma ‘revista de nu’, é uma publicação que discute o comportamento masculino, fala de moda, bebidas, viagens e tem nas entrevistas longas e profundas uma marca importante. A 'Playboy', nos Estados Unidos e no Brasil, sempre discutiu direitos civis, racismo, liberdade. Isso não mudou nem mudará. A questão do nu, porém, precisa ser melhor pensada”, afirmou Xavier ao UOL.

A partir de março, a revista americana vai passar por uma reformulação e eliminar todo conteúdo com nudez das páginas e só irá publicar fotos de mulheres em poses sensuais. Segundo o editor Cory Jones, a "Playboy" terá uma colunista "mulher e pró-sexo" e seguirá com sua tradição de um jornalismo investigativo, entrevistas com profundidade e ficção. 

O diretor da revista brasileira ressaltou que a “Playboy” tem por tradição respeitar os mercados locais e deixar que cada país decida o que é melhor para seus leitores.

“Lembra que nos anos de 1970 não tinha nu frontal nem dos seios nas fotos da publicação no Brasil? Coisas da censura. Acho, pessoalmente, que faz todo sentido o que o Hugh Hefner [fundador e editor-chefe da Playboy] está querendo fazer. Estamos gradativamente perdendo com o nu”, diz Sérgio Xavier.

O diretor brasileiro acredita que até em março de 2016 "muitas coisas serão debatidas" entre as filiais e que nada ainda está decidido sobre o futuro da “Playboy”. "Precisaremos ainda pensar no ‘como fazer essa transição'. Temos muito o que pensar e debater, posso garantir que não há nada certo”, avisou. 

Até o início dos anos 2000, a "Playboy" brasileira vendia milhares de exemplares. A campeã de vendas é a publicação que trouxe Joana Prado, a Feiticeira, que passou de 1,3 milhão de exemplares. A medalha de prata ficou com Suzana Alves, a Tiazinha, que vendeu pouco mais de um milhão, ambas em 1999. A terceira colocada é Adriane Galisteu e seu polêmico ensaio em 1995, que vendeu quase 970 mil exemplares.