Topo

Cátia diz que usava alfinete com ponta queimada para se defender de assédio

Cátia diz que usava alfinete com ponta queimada para se defender de assédio - Divulgação
Cátia diz que usava alfinete com ponta queimada para se defender de assédio Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

29/10/2015 18h33

Cátia Fonseca, apresentadora do programa "Mulheres", da TV Gazeta, fez um desabafo no ar e contou na tarde desta quinta-feira (29) que usava um alfinete com ponta queimada para se defender de abusos sexuais em ônibus durante a sua adolescência.

"O que eu fiz foi comentar que, em 1985 ou 1986, eu pegava um ônibus, que era o Lapa, o 875 C, um ônibus muito cheio, às 8h da manhã, um terror. E tinha sempre, um ou outro, que me  'encoxava' no ônibus. E eu acho isso um abuso", explicou Cátia, em áudio enviado ao UOL

"Eu peguei um alfinete de gancho, daqueles de fralda de bebê, queimei a pontinha (a minha avó dizia que alfinete tinha que queimar a ponta para virar vidro na mão) e eu levava na mão ou no bolso da calça. Quando me 'encoxavam', eu espetava com alfinete. Não foram uma ou duas, foram várias vezes", contou a apresentadora, em detalhes.

Cátia acredita que a sua atitude foi agressiva, mas necessária diante da situação que enfrentava, diariamente, no transporte público. "Então, se eu acho que é uma coisa extrema, agressiva? É, mas eu acho que agressão maior sofre a mulher todos os dias, de diversas formas, agressão moral, agressão física. Acho que a mulher precisa aprender a se posicionar e a colocar a boca no trombone mesmo. Eu dou parabéns a todas as mulheres que sofrem ou sofreram agressões físicas e emocionais, porque só assim a gente consegue reverter a situação", defendeu Cátia.

O relato de Cátia Fonseca surgiu em seu programa, depois de repercutir o post da atriz Letícia Sabatella, que afirmou ter sofrido o primeiro assédio aos 12 anos.

"Eu devia ter 12 anos. Voltava de ônibus da aula de Ballet, no Teatro Guaíra. Descia na rua da minha casa, umas duas grandes quadras antes, acostumada a esse caminho.
A rua deserta e larga , de calçadas largas, casas com jardins e portões distantes da rua, eu pela calçada, passarinhos e silêncio.
Um carro, um corcel vermelho, vinha pela rua ampla, reta e longa, parou à minha altura, eu na larga calçada mais próxima aos jardins das casas do que da rua, perguntou-me
"-Qual o nome dessa rua?"
-Raphael Papa.
-"Hein? Não consigo ouvir."
Eu falei mais alto e, de algum modo ele fez com que eu me aproximasse do carro para que ele conseguisse "ouvir e entender" direito .
Foi então que percebi seus olhos verdes avermelhados e estatelados, um "pau gigantesco" em suas mãos, o olhar doentio e pessimamente intencionado!
"-E aí, gostou do tamanho do pau?"
A rua deserta, ainda uma longa distância até minha casa.
Olhando fixamente em seus olhos, dei passos precisos, sem pressa, pra trás, peguei, sem tirar os olhos dos dele, um tijolo de um montinho de construção atrás de mim e fiquei parada, pronta para o que viesse.
Ele ainda hesitou, antes de partir lentamente , seus olhos em mim, eu o vi descer a rua ao longe , virar o carro e ainda voltar na minha direção, passando novamente pelo ponto onde eu o ameaçava com meu olhar fixo em seus movimentos, o tijolo na mão.
Quando o vi desaparecer da minha vista, corri até minha casa, coração a mil, um nojo daquilo, a minha forma de medo.
A gratidão pelo tijolo da construção.
?#‎meuprimeiroassedio?