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TV superpoderosa: até o fim de 2016, heróis estarão no ar em 15 séries

"Supergirl", "Demolidor", "Jessica Jones" e "Gotham" contam histórias de heróis na TV - Divulgação/Montagem UOL
"Supergirl", "Demolidor", "Jessica Jones" e "Gotham" contam histórias de heróis na TV Imagem: Divulgação/Montagem UOL

James Cimino

Colaboração para o UOL*

30/10/2015 12h28

Com superpoderes e uma boa dose de ação, os heróis já se acostumaram a arrebatar grandes bilheterias nos cinemas, em títulos como “X-Men”, “Os Vingadores”, “Homem de Ferro”, “Guardiões da Galáxia” e tantos outros. Na TV e serviços de streaming, eles ampliaram sua força e a previsão é de que, até o fim do próximo ano, estejam no ar pelo menos 15 séries desse tipo, incluindo as já em exibição — “Flash”, “Arrow”, “Gotham”, “Marvel Agents of Shield”, “Supergirl”, “Agent Carter” e “Demolidor”.

“Este é um grande momento para os super-heróis na TV, que até pouco tempo era domínio do cinema. Mas foi graças à tecnologia que se desenvolveu no cinema que estamos podendo fazer isso agora na tela pequena. Porque, anos atrás, se você fosse fazer um personagem como o meu, o que se faria era colocar uma roupa de lycra e isso não assustaria ninguém. Tanto o Flash quando o Flash Reverso precisam de bons efeitos especiais e é por isso que, agora, se faz tanto na TV”, diz Thom Cavanagh, que interpreta o vilão de “Flash”, durante uma visita ao set de filmagem da série em Vancouver, no Canadá.

A mais recente, “Supergirl” (DC/Warner), acaba de estrear nos Estados Unidos com ótimos índices de audiência (quase 13 milhões de espectadores, o que enterra a ideia de que heroínas não têm público) e chega ao Brasil no dia 4 de novembro.

A série conta a história da heroína Kara Zor-El (Melissa Benoist), prima do Superman. “Nos inspiramos muito em ‘Buffy - A Caça Vampiros’, mas estamos em um momento em que há muitas outras personagens femininas poderosas na TV e em que as mulheres não aceitam mais serem apenas as coadjuvantes dos heróis”, diz a produtora executiva da série, Ali Adler.

Além do Warner Channel, que já aposta há alguns anos no formato, quem está investindo pesado em super-heróis é o Netflix. Além da 2ª temporada da recordista de audiência do serviço, “Demolidor”, que já está em produção, em 20 de novembro de 2015 o serviço de streaming coloca no ar mais uma heroína, “Jessica Jones”.

Trailer de "Supergirl"

Cenapop

Também estão na fila, ainda sem data de estreia prevista, “Punho de Ferro”, que mostra o super-herói e mestre das artes marciais Danny Rand em ação; “Luke Cage”, que contará a história do lutador de rua e ex-golpista que, depois de ser preso, ganha poderes por meio de experiências científicas (sua pele fica invulnerável e ele ganha superforça); e “Defensores” que unirá o Demolidor, Jessica Jones, Punho de Ferro e Luke Cage em um só plot. O time de super-heróis atuará em Nova York. 

Cada uma das quatro séries terá 13 episódios, exceto “Defensores”, que virá em um formato de 8 episódios, totalizando os 60 acordados no contrato fechado entre Marvel e Netflix.

Para o primeiro semestre de 2016, vem um novo time, que une heróis e vilões cuja missão é salvar o futuro da humanidade em “Legends of Tomorrow”, estrelada pelo ex-Superman Brandon Routh. “Static Shock”, sobre o super-herói negro Virgil Hawkins, que tem poder magnético de criar, transformar e absorver eletricidade está em pré-produção e vai ao ar pela plataforma on-line da Warner. 

Já com piloto aprovado, mas também sem data de estreia, “Jovens Titãs” será uma live action que vai contar a história de Dick Grayson (o Robin), que após se separar de Batman, assume a identidade de Asa Noturna, liderando uma equipe de justiceiros. 

E, por fim, o time que começou com a modinha de super-heróis no cinema, os “X-Men”, devem ganhar sua versão televisiva, a ser produzida pela Fox.

Acho que o que mantém um herói vivo nas séries são suas fraquezas, suas vulnerabilidades. É a isso que eu credito o sucesso dessas séries na TV
Phil Klemmer, produtor de “Legends of Tomorrow”, “Flash” e “Arrow”

Ação x dramas pessoais

Para atores e produtores das séries de heróis, a TV dá mais espaço para desenvolver as histórias pessoais dos personagens, com mais drama e romance, como uma “novelinha”.

“Séries de super-heróis e filmes de super-heróis são muito diferentes para mim. O filmes são mais espetaculares e se concentram em ações, explosões, que nós também temos em nosso programa. Mas nós passamos 16 horas com o público e não podemos fazer 16 horas de explosões. Então, eu acho que o que tem em ‘Arrow’ e ‘Flash’ é esse lado humano dos super-heróis. Superman, por exemplo, não é um cara com quem você se relacione em sua versão original. Ele é um deus. Acho que o que mantém um herói vivo nas séries são suas fraquezas, suas vulnerabilidades. É a isso que eu credito o sucesso dessas séries na TV”, disse ao UOL Phil Klemmer, produtor executivo de “Legends of Tomorrow”, “Flash” e “Arrow”, durante a Comic-Con de Nova York.

Jim Gordon (direita) é um dos personagens centrais em "Gotham" - Reprodução - Reprodução
Jim Gordon (direita) é um dos personagens centrais em "Gotham"
Imagem: Reprodução
Foi com essa premissa que a série “Gotham” já chega a sua segunda temporada, mesmo não tendo ainda seu personagem principal em sua forma plena, o Batman, que ainda é uma criança tentando superar a perda de seus pais. Para manter os fãs ligados, no entanto, investiu-se pesado nas histórias pregressas dos vilões e de um personagem que sempre foi mero coadjuvante, o comissário Gordon.

O ator Michael Chiklis, que está na nova temporada de “Gotham” como o capitão Barnes e que interpretou o Coisa na primeira versão de “Quarteto Fantástico”, acredita que a DC até agora foi mais bem-sucedida na TV que no cinema. 

“Tem a ver com a natureza dos personagens. O mundo da Marvel é mais épico. É mitologia grega. Deuses. Guerras. Conflitos em massa. A DC é como o filme ‘noir’. Combina mais com a televisão porque neste veículo você tem mais tempo de desenvolver o personagem”, disse na Comic-Con.

Mas às vezes, a atmosfera “noir” acaba pesando demais. Nesta terceira temporada, conta o produtor executivo John Stephens, foi necessário adicionar mais comédia à trama. 

“Decidimos não deixar mais a ação tão centrada nos vilões. Gotham é uma cidade muito violenta, onde acontecem coisas terríveis o tempo todo, então é preciso balancear um pouco, senão ninguém aguenta.”

*O jornalista James Cimino viajou a Nova York e a Vancouver a convite da Turner Network