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Musa burlesca em "Zé do Caixão", atriz se emocionou ao dançar com cobra

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

14/11/2015 07h00

No primeiro capítulo da série “Zé do Caixão”, exibido na última sexta-feira (13) no canal Space, a atriz Vanessa Prieto chamou a atenção: na pele de Sarita del Ciel, uma musa fictícia de José Mojica Marins, ela dançou com uma cobra enrolada a seu corpo e protagonizou cenas sensuais ao lado de Matheus Nachtergaele, que dá vida ao cineasta. Nos bastidores, a dança trouxe mais preocupação para a atriz – mas resultou no que ela define como “a cena mais linda da minha vida”.

“Estava muito tensa, estava com medo, e tinha todas as questões técnicas de conseguir dançar, conseguir fazer bem”, lembrou Vanessa em entrevista ao UOL. Apesar de já ter ensaiado com a cobra, a primeira tomada da cena não saiu como o esperado, e a atriz resolveu mudar a estratégia para criar sintonia entre as duas. “Não deu nada certo, eu puxava a cobra, a cobra não vinha, caí de salto. A gente aproveitou algumas coisas, mas não foi o melhor. Aí pensei ‘não vou fazer nada. vou entrar e do jeito que a cobra reagir, eu vou reagir a ela’”.  

A mudança surtiu efeito e, na segunda vez, a cena funcionou. “Coloquei a mão na cabeça dela e dancei com ela. Eu girava, essa cobra amarrou na minha cintura e ficou pra frente. Teve uma hora que desci, aí ela veio para o meu peito, e eu parei, porque sabia que ela ia procurar o lugar mais alto e que a câmera estava no meu rosto, aí eu esperei. Na hora que ela passou na minha boca, eu dei um sorriso emocionado, aí ela entrou no meu cabelo e ficou em cima da minha cabeça”, contou.

O resultado emocionou tanto Vanessa quanto o próprio dono da cobra. “Quando o Vitor [Mafra, diretor] falou corta, o dono da cobra veio gritando ‘nunca mais isso vai acontecer, nunca mais a cobra vai fazer isso, foi lindo’. E eu sentei e chorei, eu estava muito emocionada”.

Matheus foi "lorde" nas cenas quentes

Com pouco tempo de preparo para compor Sarita, uma junção das dançarinas burlescas e garotas de programa que povoavam a Boca do Lixo na qual Mojica trabalhava, Vanessa buscou inspiração em divas como Marilyn Monroe, que uniam sensualidade e ingenuidade. E, pelo nome dela, decidiu que um de seus principais traços seria falar espanhol errado. “Seria Sarita del Cielo, se fosse o espanhol correto. Ela tem esse personagem, uma espanholita que é uma dama da noite, mas é mentira: ela é uma brasileira que faz esse personagem pra se vender.”

Na trama, Sarita é escalada para estrelar “Sina de um Aventureiro”, primeiro filme completo dirigido por Mojica, e se envolve com o cineasta nos bastidores da filmagem. Mas as cenas quentes não deixaram a atriz nervosa, que elogiou a postura do colega Matheus Natchergaele. “Eu me senti muito bem, me senti muito protegida pela equipe, um respeito muito grande no momento”, contou a atriz. “Estava todo mundo mais nervoso do que eu, e o Matheus é um lorde. A cada corte ele pegava a camiseta dele e me cobria, tampava meu bumbum, ficava sempre preocupado em me deixar tranquila”.

A série tem um significado especial para a atriz, que chegou a fazer testes com o próprio Mojica para o filme “A Encarnação do Demônio” e iniciou sua carreira profissional no cinema em “Falsa Loura”, de Carlos Reinchenbach - cineasta que é homenageado na trama por meio do personagem Chicão, que também traz traços de Luiz Sérgio Person e Jairo Ferreira.

“Fiz um teste com o Mojica, seminua, com o Moijca passando a mão na minha barriga. Não passei, e fiquei arrasada. Aí veio essa oportunidade de fazer um trabalho sobre o Mojica. Eu fiquei muito emocionada. E o Carlão está aqui com a gente, ele que lá atrás foi o cara que me trouxe para o cinema, me deu a oportunidade de estar num filme. Tem um significado muito especial, foram varias coincidências que foram se cruzando”, concluiu.