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Sucesso no Cartoon, "Irmão do Jorel" terá 2ª temporada; conheça o desenho

Personagens de "Irmão do Jorel" ganham novos traços para a nova temporada da série - Divulgação
Personagens de "Irmão do Jorel" ganham novos traços para a nova temporada da série Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

08/12/2015 06h00

Primeira animação original do Cartoon Network no Brasil e na América Latina, “Irmão do Jorel” estreou em 2014 e foi bem recebida por público e crítica: se tornou a mais vista do canal entre crianças de 4 a 11 anos naquele ano, e recebeu em novembro o prêmio de melhor roteiro no festival Telas, voltado ao mercado televisivo. Não à toa, a série já tem sua segunda temporada garantida, com estreia prevista para o segundo semestre de 2016.

Criada pelo capixaba Juliano Enrico, “Irmão do Jorel” mostra o dia a dia de um menino, que é ofuscado por seu irmão mais velho, e de toda sua família, composta por figuras divertidas como as Vovós Juju e Gigi. Foram as próprias lembranças familiares do roteirista que o inspiraram a criar o personagem, em 2003, e levá-lo para histórias em quadrinhos e, mais tarde, para a TV. Mas ele não considera a série autobiográfica – apesar de ter um irmão chamado Jor-El –, e acredita que seu grande trunfo é poder se conectar com o público.

“Eu não sou o irmão do Jorel, todos são 'irmão do Jorel'”, diz o roteirista ao UOL, citando as contribuições de atores, animadores e demais roteiristas. “É usar uma história pessoal para contar uma história que poderia acontecer com todo mundo. Acho que a marca mais importante da serie é se conectar com as pessoas e fazer as pessoas enxergarem a avó delas, não a minha”.

A animação voltará ao ar com pequenos ajustes no tom do roteiro e nos traços dos personagens, adianta Juliano. “A série continua a manter a essência, esse humor absurdo e rápido, mas visualmente ela vai ter mais unidade, os personagens vão ficar com o traço mais bem resolvido. É uma evolução natural, vamos continuar fazendo isso, mas melhor. Eu tinha uma bíblia de 200 páginas, mas você só entende seu universo quando você faz 26 episódios”.

Já em produção, a nova temporada terá 26 episódios de 11 minutos – elaborados com um orçamento de R$ 5,5 milhões, de acordo com a diretora de conteúdo do Cartoon, Daniela Vieira.

Início

A trajetória de “Irmão do Jorel” no Cartoon Network começou em 2009, quando a animação saiu como a vencedora de um pitching feito pelo canal. Até 2011, Juliano investiu na criação do piloto do programa em parceria com a Copa Studios, que faz a produção executiva da série.

“Ali já tinha toda a linha editorial da série, as vozes já estavam bem definidas, as piada, já estava ali a marca da serie. A partir disso, a gente recebeu  o sinal verde do Cartoon para fazer essa primeira temporada”, relembra o roteirista.

O caminho até a estreia foi longo e envolvei algumas mudanças – a Vovó Gigi, por exemplo, fumava, o que não ficaria bem em uma animação infantil. Mas a recompensa veio: não só foi a animação mais vista do Cartoon Network como seus personagens chegaram até a produtos não-licenciados. E Juliano, além de já ter tido retorno de vários espectadores, passou por uma situação inusitada envolvendo sua avó. “Uma criança foi na minha casa pedir autógrafo para a minha avó, porque o funcionário da mercearia falou que conhecia a Vovó Juju”, conta, aos risos.

Atualmente, a série é exibida no Cartoon em toda a América Latina, e a segunda temporada também sofreu ajustes para se tornar mais universal, mas mantendo suas referências nacionais. “A ideia é que cada vez mais ‘Irmão do Jorel’ seja competitivo internacionalmente. Vai ser mais universal ainda, mas eu continuo querendo manter todos os elementos que diferenciam. Quero conquistar o mundo dançando lambada”, brinca Juliano.

Bastidores

A descontração e o improviso marcam os bastidores da série – e durante o processo de gravação do áudio original e da animação surgem várias ideias que são aproveitadas depois. Foi o caso dos “Microwave Warriors”, anime fictício que é visto pelas crianças da trama e que surgiu de uma ideia de Rodrigo Soldado, um dos diretores da primeira temporada.  “O improviso também é um grande parceiro, muitas falas icônicas aconteceram espontaneamente, na liberdade que a gente tem no estúdio”, explica Juliano.

Do lado dos atores, o processo de gravação contribui para essa liberdade. Diferentemente da dublagem, em que o ator trabalha sozinho, todos gravam juntos. “Quando a gente bota todo mundo no estúdio, muda a forma de se relacionar com os personagens”, explica Melissa Garcia, diretora de voz da trama.

Para Tânia Gaidarj, a voz por trás da Dona Danuza, o processo traz mais liberdade, mas também tem suas dificuldades: “A gente tem uma referência de voz e uma referência de movimento, sempre tem um ombro se mexendo, uma sobrancelha levantando. Aqui não tem nada, o que deixa mais livre e mais difícil”.

Há ainda uma história curiosa por trás da voz do protagonista, interpretada por Andrei Duarte. Um dos desenhistas da série, ele foi convencido a fazer um teste após Juliano notar a voz fina que ele fazia em um momento de “zoeira”. “Estava no estúdio desenhando, quietinho, e tinha um celular que fazia um barulho bem escroto, um ‘que que que’, e eu começava a zoar sempre que tocava. Aí o Juliano falou ‘pô, vamos fazer um teste, fazer a voz guia’. Falei ‘testa todo mundo lá e se não der ninguém, você me põe no meio da parada”.