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"Estava para acontecer", diz Camila Pitanga sobre papel em "Velho Chico"

Camila Pitanga com Julia Dalavia e Isabella Aguiar no lançamento de "Velho Chico" - Renato Rocha Miranda/TV Globo
Camila Pitanga com Julia Dalavia e Isabella Aguiar no lançamento de "Velho Chico" Imagem: Renato Rocha Miranda/TV Globo

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

11/03/2016 07h00

Os atores da segunda fase de "Velho Chico" só vão rodar suas primeiras cenas depois de a novela já estar no ar, mas Camila Pitanga não quis esperar tanto tempo para mergulhar na pele de Maria Tereza. A atriz pediu ao diretor Luiz Fernando Carvalho para acompanhar parte das gravações no Nordeste para ver de perto o trabalho de Julia Dalavia, que será sua versão mais jovem na novela, que estreia no próximo dia 14.

É uma novidade na carreira de Camila, 38, construir uma personagem a quatro mãos – seis, na verdade. A filha do coronel Afrânio (Rodrigo Santoro/Antonio Fagundes), que vive uma história de amor impossível com Santo (Rogerinho Costa/Renato Góes/Domingos Montagner) também será vivida por Isabella Aguiar na infância.

"Estou dividindo essa personagem com duas grandes atrizes, uma menina de quase 7 anos e a Julia, que acabou de fazer 18. Estou me alimentando muito do trabalho delas, tive oportunidade de assistir ao trabalho delas de perto. A gente dividiu coisas que não estavam nem escritas. A Julia viveu a experiência de ter o filho na improvisação, eu brincava de ser menina", lembra a atriz.

Camila Pitanga acompanha de perto gravações de cenas da primeira fase de "Velho Chico" na Bahia - Caiuá Franco/TV Globo - Caiuá Franco/TV Globo
Camila Pitanga acompanha de perto gravações de cenas da primeira fase de "Velho Chico" na Bahia
Imagem: Caiuá Franco/TV Globo
Julia, que não conhecia a colega pessoalmente, conta que as duas agiam como se fossem a mesma pessoa nas locações. "Foi muito divertido, valeu muito a pena. Ela é uma pessoa incrível, generosa, muito gentil. Construímos juntas postura, tom de voz, criamos memórias. Só de estar no mesmo lugar, vendo as mesmas coisas, já ajudava muito. No meio da gravação essas coisas isso vêm de maneira inconsciente", diz.

Camila fala com empolgação da intensa fase de preparação no galpão de experimentação artística de Carvalho no Projac, onde todo o elenco tem aulas das mais variadas: de improvisação a canto, passando por exercícios com máscaras e expressão corporal inspirada em entidades da natureza.

Com um sorriso no rosto, a atriz chama de reencontro a primeira parceria dos dois. Mais que isso: diz que o papel era imperdível, "algo que estava para acontecer". Inicialmente escalada para Letícia Sabatella, só mais tarde a protagonista encontrou sua dona definitiva.

"Tenho uma história muito terna com o Luiz. Quando eu estava começando minha carreira, meu pai (o ator Antônio Pitanga) me levou até ele. Eu ainda estava no Tablado, era bem garota. E ele falou: 'Quero que você comece com ele'. Ele estava fazendo testes, não lembro para qual novela. E lembro que amarelei, fiquei com medo. Pedi desculpas, disse que não sabia fazer aquilo. Ele foi muito respeitoso e disse: 'A gente vai se encontrar'. Desde então venho perseguindo o trabalho dele, sou uma espectadora entusiasmada pela poética dele", afirma Camila.

Carvalho esclarece que Camila não tinha ido participar de nenhum teste, era apenas uma apresentação informal. "Ela era uma menina, tinha 12 anos. Agora estou devolvendo essa gentileza do pai dela, que me apresentou a essa atriz incrível. Só agora tive essa oportunidade. E ela é a Maria Tereza", afirma o diretor.

Encarnar outra protagonista depois da reação negativa à Regina de "Babilônia" não é uma preocupação para Camila, que prefere não pensar nas paixões do tipo "ame ou odeie" que as mocinhas costumam exercer. "Não posso pensar nisso, penso no meu fazer. Regina se transformou muito ao longo da novela também porque eu tinha escuta aberta", diz ela.

Ao mesmo tempo que a moradora do Morro da Babilônia enfrentou certa rejeição, a atriz descobriu o lado bom das redes sociais. Nessa época, fez sua estreia no Twitter e em pouco tempo ficou popular entre seus seguidores com seu jeito descontraído.

"Entendi que muitas dessas críticas não têm o mesmo peso das coisas que a gente fala oficialmente. É uma brincadeira, um deboche. No início me surpreendi, mas entendi que o código é outro e me diverti", analisa.