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Emocionado, Jô sai em defesa de Chico Buarque e Zé de Abreu em seu programa

Do UOL, em São Paulo

28/04/2016 03h47

Jô Soares não conseguiu conter a emoção no seu programa desta quarta-feira (27). Enquanto debatia o cenário político do Brasil com as ‘Meninas do Jô’, o apresentador aproveitou para fazer um longo desabafo sobre o episódio envolvendo José de Abreu e reclamou de intolerância política. O ator se envolveu em uma polêmica na última sexta-feira quando foi xingado em um restaurante japonês em São Paulo por defender o PT e o governo Dilma e revidou cuspindo no agressor.

“Me espanta cada vez mais o ambiente de impaciência que o Brasil está vivendo. Esse episódio que aconteceu com o José de Abreu é constrangedor. Um cidadão não pode sair com sua mulher para jantar que é obrigado a ouvir insultos terríveis. Disseram horrores sobre a mulher dele. A reação dele foi levantar e dar uma cusparada no casal, que também é uma reação movida por um ‘não aguentar mais’", disse o apresentador. "A pessoa não pode ter uma opinião ou tendência política que é condenada. Isto está ficando igual ao comportamento de alguns deputados no Congresso, que também é lamentável", completou.

Em seguida, Jô fez questão de sair em defesa de Chico Buarque. O compositor é constantemente alvo de críticas e ofensas por declarar seu apoio ao Governo Dilma.

“O Chico Buarque não pode sair de casa sem ser agredido ou ofendido. O Chico é um patrimônio deste país. Eu fico comovido e com vergonha. Feliz o país que tem um Chico Buarque. Um cara que deveria ser reverenciado, mas ao invés disso sai de casa com os amigos e é agredido de uma forma mesquinha. Desculpa, mas precisava fazer esse desabafo”, disse Jô com lágrimas nos olhos, arrancando aplausos da plateia.

Jô também aproveitou para falar sobre a Lei Rouanet. Criada em 1991 durante o governo Fernando Collor, a lei incentiva diversas áreas da cultura, contemplando tanto artistas iniciantes e independentes quanto os de carreira já consolidada —um de seus pontos mais controversos.

“A confusão que fazem com relação à Lei Rouanet é brutal. Quem tem possibilidade de levantar verba por meio da lei é o produtor. E eu digo isso com total isenção porque eu não sou produtor de nada na área artística, eu sou diretor de espetáculos. Além de maldade, é uma ignorância falar que o José de Abreu vive às custas da Lei Rouanet. Isso é um total desconhecimento da lei”, finalizou Jô.

Críticas a Bolsonaro
Jô também aproveitou o seu programa para criticar o deputado Jair Bolsonaro. O apresentador se mostrou inconformado com o fato do político ter dedicado seu voto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura militar.

“Ninguém pode estar de acordo com a maneira como esse homem age. É realmente muito grave. Ele fez apologia ao crime. É uma pessoa que não merece estar no Congresso Nacional. É uma vergonha”, disse.

Em dezembro de 2014, Jô repreendeu um rapaz da plateia que gritou palavras de apoio a Jair Bolsonaro. Na ocasião, o deputado era acusado de ferir o decoro ao dizer que "não estupraria Maria do Rosário [PT-RS] porque ela não merecia".