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"Não paga assassinato", diz viúvo de Daniella Perez sobre indenização

Em dezembro de 2012, Glória Perez e Raul Gazolla comparecem à missa dos 20 anos da morte de Daniella Perez - Raphael Mesquita/Foto Rio News
Em dezembro de 2012, Glória Perez e Raul Gazolla comparecem à missa dos 20 anos da morte de Daniella Perez Imagem: Raphael Mesquita/Foto Rio News

Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

29/04/2016 16h05Atualizada em 29/04/2016 19h50

Nesta sexta-feira (29), chegou ao Ministério Público a ação que Paula Thomaz move para evitar o pagamento da indenização pela morte da atriz Daniella Perez ao ator Raul Gazolla e a autora Glória Perez. O viúvo e a mãe da atriz assassinada em 1992 entraram com um processo, em 2002, por danos morais e materiais contra os condenados pelo crime Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.

Na sentença --determinada pelo desembargador Paulo Gustavo Horta, da 7ª Câmara Cível do Tribunal da Justiça do Rio de Janeiro--  Guilherme de Pádua e Paula Thomaz deveriam pagar cada um 500 salários mínimos - aproximadamente R$ 440 mil hoje- separadamente para Raul e Glória. Com a ação movida hoje, chamada de auto insolvência, Paula Thomaz  levanta a polêmica sobre a questão do direito de indenização dos parentes de Daniella.
 
"Ela entrou com uma ação para afastar a obrigação de pagar no futuro. Ela diz que não tem bens, não tem condições, e se isso for confirmado a gente não tem como cobrar. Passados cinco anos dessa ação, a gente perde o direito de buscar dela essa indenização", explicou o doutor Carlos Augusto Veiga, um dos advogados da equipe do escritório de Paulo Cezar Pinheiro Carneiro Filho, que atende Gazolla e Glória Perez.
 
Na época, além da indenização, os réus ainda foram condenados ao pagamento de multas das despesas com o sepultamento e funeral, na ordem de cinco salários mínimos, custas processuais e honorários de advogado de 10% sobre a condenação. Nada foi pago até hoje.
 
“O que eu posso dizer é que não existe dinheiro no mundo que pague um assassinato. Dinheiro não paga assassinato. O que eu gostaria mesmo é de não receber nenhum tostão, contanto que os assassinos ficassem atrás das grades e não soltos curtindo a vida como os dois andam fazendo por aí. Para mim assassino tem que ficar preso”, explica Raul ao UOL.
 
Procurada também pela reportagem, a autora Glória Perez não quis se pronunciar sobre o assunto.
 
Relembre o caso
 
Em 1992, Guilherme de Pádua e sua ex-mulher Paula Thomaz mataram Daniella Perez com 18 golpes de tesoura. Pádua e a atriz estavam no elenco de "De Corpo e Alma".
 
O casal emboscou Daniella, deferiram 18 golpes na atriz e atiraram seu corpo em um matagal no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O crime teria sido motivado por vingança. Segundo a ex-mulher do ator, Paula Thomaz (que hoje assina Paula Nogueira Peixoto), Guilherme tramou o assassinato.
 
Em 1995, Pádua escreveu o livro "A História que o Brasil desconhece", enquanto estava na cadeia e pretendia lançá-lo durante a Bienal do Livro do Rio daquele ano, mas uma liminar conseguida por Glória Perez suspendeu o lançamento.
 
Guilherme e Paula foram condenados, em 1997, por homicídio duplamente qualificado, com motivo torpe, a 19 anos e 6 meses de cadeia, mas o ex-ator cumpriu apenas 6 anos da pena, saindo da prisão em 1999.