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Brava em "Liberdade", Chris Couto se inspirou na mãe: "Ela nunca me beijou"

Chris Couto como Luzia em gravação de "Liberdade, Liberdade" - Paulo Belote/TV Globo
Chris Couto como Luzia em gravação de "Liberdade, Liberdade" Imagem: Paulo Belote/TV Globo

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

04/05/2016 07h00

Que dona Arysalva não ouça, mas Chris Couto pegou emprestado o jeito bravo da mãe para compor a Luzia de "Liberdade, Liberdade". As semelhanças, no entanto, terminam aí: a criação da mimada Branca (Nathalia Dill) não tem nada a ver com o jeito com que a atriz foi criada nem com a forma como educa a filha, Maria, 20. Adotando a postura de "mãezona", a mulher de Diogo Farto (Genézio de Barros) faz o que for preciso para defender a herdeira. Chris, por sua vez, tornou-se independente muito cedo e faz questão de colocar limites.

"Minha mãe nunca me deu um beijo, um abraço, porque a educação dela era diferente. Eu sou muito amorosa com a minha filha, beijo, abraço. Ela pede. Às vezes, vira um 'pega pra capar' lá em casa. Minha mãe é ciumenta pra caramba! Ela é um amor com a Maria, é outra pessoa. Quem te viu, quem te vê...", brinca a atriz de 56 anos, que mora com as duas em São Paulo.

A atriz Chris Couto e a filha, Maria - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Chris Couto e a filha, Maria
Imagem: Arquivo pessoal
A rotina de Chris gira bastante em torno da jovem. "Acho que sou melhor mãe do que qualquer outra coisa na minha vida. Se você me perguntar como é ser mãe da minha filha, é um presente todo dia. Cansa para caramba porque ela é especial, tem várias solicitações e limitações, e o futuro dela me angustia. Ela nasceu com um probleminha no coração, teve que fazer duas cirurgias e, na segunda, teve uma parada, ficou com um comprometimento motor e intelectual. Mas falo duro quando tenho que falar: mesmo com preguiça, vai fazer o exercício", exemplifica.

Viciada em Facebook, Maria puxou a mãe na vocação e também se encantou pelo teatro, que descobriu há quatro anos no Centro de Reabilitação Lucy Montoro, em São Paulo. Ao contrário de Chris, no entanto, não tem vergonha nenhuma.

"Sou muito na minha. A Maria é superdesinibida, fala com todo mundo, é muito extrovertida. Diz que o sonho dela é ser atriz", conta ela, que se dedica à profissão desde os 17 anos, quando saiu de casa para estudar. "Falo para ela que é uma vida muito difícil, tem gente que se encanta pelo glamour, mas isso tem começo, meio e fim. Pode durar só 15 minutos. É uma vida muito inconstante, uma hora tem trabalho, na outra não tem", afirma.

Passagem marcante pela MTV

De volta às novelas após quase dez anos - a última foi "Eterna Magia", em 2007 -, Chris se empolgou pelo fato de ser uma trama de época. Não só porque gosta de estudar história, mas porque acha que lhe cai bem. "É impressionante! No dia que fiz prova de roupa me olhei no espelho e falei: 'O que eu estou fazendo no século 21?'", brinca.

Chris Couto, na época de VJ, à frente do "Supernova 1", da MTV, na década de 90 - Cleo Velleda/Folhapress - Cleo Velleda/Folhapress
Chris Couto, na época de VJ, à frente do "Supernova 1", da MTV, na década de 90
Imagem: Cleo Velleda/Folhapress

Na entressafra de trabalhos na TV, Chris se dedicou bastante ao teatro - recentemente esteve em cartaz com "O Camareiro". Mas o período longe dos folhetins não foi planejado.

"Quando não estava fazendo nada, uns amigos que estavam em 'A Fazenda' me chamaram para ser repórter do programa. Mas as matérias que eu fazia nunca entravam, depois passei a fazer mais ações de merchandising. Eu tinha contrato de quatro meses. E os outros oito? Depois de um tempo disse não. Fui chamada para fazer um teste na Globo, mas fui vetada por causa da 'Fazenda'", lembra ela, que já atuou em novelas como "Um Anjo Caiu do Céu" e "Malhação", além de ter sido repórter do "Video Show".

Mas sem dúvida seu trabalho mais marcante na televisão foi o período como VJ da MTV na década de 90. Até hoje ela é abordada pela geração que cresceu assistindo a programas comandados por ela com um tom de nostalgia.

"Era uma época tão bacana, não tinha nada na televisão que fosse parecido. Qualquer ideia que a gente tivesse a gente tentava fazer, desde que fosse algo que ninguém tivesse feito. Aprendi muito com o Zeca Camargo como chefe, ele é um ótimo pauteiro. Era diferente para todo mundo, para quem fazia e quem assistia. Tinha frescor, uma coisa viva, que hoje em dia só tem na internet", lembra ela, feliz de ter reencontrado Otaviano Costa nos corredores dos Estúdios Globo.

"A Cuca eu vejo até hoje, tenho contato com essa galera. Temos grupo no WhatsSpp 'MTV 25 anos'", recorda.