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"Só reivindico melhores condições de trabalho", diz atriz de "Escrava Mãe"

Jussara Freire como Urraca, personagem de "Escrava Mãe", novela que estreia dia 30 - Reprodução/Instagram/jussarafreire
Jussara Freire como Urraca, personagem de "Escrava Mãe", novela que estreia dia 30 Imagem: Reprodução/Instagram/jussarafreire

Janaina Nunes

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/05/2016 07h30

Com 43 anos de carreira, a atriz Jussara Freire (65) teve uma experiência inédita em 2015: gravar uma novela inteira com uma produtora terceirizada, e não diretamente com a emissora. Foi a primeira e, talvez, a última vez que ela passa por isso. A atriz chegou a passar mal durante as gravações de "Escrava Mãe" na cidade de Paulínia, em São Paulo, e tomou um susto. “Não tinha ambulância no local e foi uma correria. Depois do ocorrido, colocaram uma viatura de prontidão. Foi muito difícil. Entendo que é uma nova maneira de fazer novela, mas não voltarei a trabalhar com a [produtora] Casablanca. Isso só ocorrerá se oferecerem muito dinheiro e puder levar meu psiquiatra”, dispara em atriz em entrevista ao UOL.

“Essa história de terceirização não é boa. A organização foi tão esquisita que poderia prejudicar a única coisa que tenho para vender. Atuar para mim é um ofício. Não estou de brincadeira. Não importa se estou numa emissora ou no teatro, é um ofício. O cenário atrasou muito, tínhamos de gravar no interior e nos locomover de uma cidade para outra sem prévio aviso. Estava muito calor e muita coisa não funcionava direito”, revela.

Jussara faz questão de dizer que não é tipo que reclama de tudo e também afirma não ter gênio forte como muitos dizem. “Apenas reivindico melhores condições de trabalho não só para mim, mas para a equipe de profissionais que faz a produção acontecer. Se falta um ar-condicionado num lugar quente, vai prejudicar o trabalho. Se uma cadeira da maquiagem está quebrada, vai prejudicar o maquiador. Só quero melhorias”, afirma.

Procurada, a Casablanca informa que disponibilizou duas ambulâncias para as gravações de "Escrava Mãe", uma para as locações em Paulínia e outra para as que foram na cidade Santa Gertrudes, entretanto, a produtora não soube dizer se havia uma unidade disponível no dia em que Jussara Freire passou mal.

Foi a primeira vez também que Record terceirizou a toda produção de uma novela. “Escrava Mãe” é a quinta novela de Jussara na Record, além de ter feito a série “Plano Alto”. Na trama, a atriz dá vida a Urraca, uma madame falida que inferniza a vida de seus desafetos. “Ela atormenta quem pode. É fora da casinha, fala demais e muitas vezes sozinha. É uma personagem incrível que me exigia muito. Às vezes, tinha de gravar sete cenas que viravam 15. Cada dia de gravação era praticamente uma peça de teatro. Ela é muita má, vomita o texto, e tentei levar toda essa maldade para o humor. É uma vilã maravilhosa”, conta.

O resultado final do trabalho poderá ser visto a partir do próximo dia 30, quando a estreia da novela inaugura um novo horário para o segmento na Record, às 19h30.

Perdeu papel em "Velho Chico"

Para Jussara, os problemas de "Escrava Mãe" não terminaram nas gravações. A trama que estava prevista para estrear em outubro de 2015 e chegou a ter chamadas no ar, foi adiada duas vezes pela programação da Record. Com isso, a atriz perdeu dois convites de emissoras diferentes, Globo e SBT.

Enquanto estava gravando a trama da Record, Jussara foi sondada para fazer “Velho Chico”, da Globo, mas acabou perdendo o papel. “Houve uma sondagem e até um esforço para me ter na trama. Chegaram a ligar na Casablanca para saber quando a novela iria ao ar. Se ela tivesse estreado no tempo correto, daria tudo certo. Amo [o autor] Benedito Ruy Barbosa, [o diretor] Luiz Fernando Carvalho e tenho a cara da novela. Poderia fazer qualquer papel, condizente com a minha idade, ali. Seria minha volta para a Globo após 10 anos”, lamenta.

“Nosso contrato já acabou, mas estamos amarrados pela Record. O problema não é com a emissora, mas com a lei. Um canal pode ficar até cinco anos sem colocar no ar um trabalho inédito. Só que nenhuma outra empresa televisiva vai querer contratar o ator enquanto essa produção inédita não for toda ao ar, porque isso causa uma confusão no telespectador. Por isso ficamos na dependência da exibição. É a lei que precisa mudar”, argumenta a atriz.

A atriz também foi procurada pelo SBT.  Se tudo desse certo, viveria uma freira em “Carinho de Anjo”, substituta de “Cúmplices de um Resgate”, mas, de novo, a negociação também não vingou por conta da indefinição da estreia do folhetim da Record.  “Além disso, deixei de atuar em duas peças porque as gravações de ‘Escrava Mãe’ atrasaram muito e eu não podia me comprometer. Profissionalmente, este ano está perdido para mim quando o assunto é TV. Só poderei ir para outra emissora em 2017”. “Escrava Mãe” só deverá sair do ar em novembro.