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Série "Beat Bugs" conta histórias de criança com músicas dos Beatles

2016 - A animação "Beat Bugs", da Netflix, traz histórias ao som de canções dos Beatles - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
"Beat Bugs" tem participações de artistas famosos
Imagem: Divulgação/Netflix

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

02/08/2016 07h00

Animações cheias de música costumam ser sucesso entre a criançada – que o diga a Galinha Pintadinha. Mas a nova estreia da Netflix promete agradar também aos adultos. “Beat Bugs”, que será disponibilizada nesta quarta-feira (3), conta as histórias de um grupo de simpáticos insetos com base em canções dos Beatles, reinterpretadas por artistas como Sia, Eddie Vedder e Pink.

Das célebres “Lucy in the Sky With Diamonds” e “All You Need Is Love” (que se tornou a abertura da série) à triste “I’m a Loser”, várias canções da banda ganharam nova vida pelas mãos do criador, o australiano Josh Wakely, e um time que incluiu Daniel Johns, do Silverchair, no rearranjo das melodias. E as músicas não só serviram como números dos episódios como também foram  incorporadas à trama e aos diálogos dos personagens. A estreia, que gira em torno de “Help”, traz um dos protagonistas em apuros, por exemplo.

“Comecei com a ideia de que canções e melodias extraordinárias poderiam trazer histórias extraordinárias, de alto nível, no estilo da Pixar, para um novo público. Essa foi a motivação”, contou Wakley ao UOL. “E essa motivação só cresceu quando eu ouvi a música ‘All You Need Is Love’, porque eu percebi que ela tinha uma ótima mensagem para levar para as famílias do mundo todo, porque amor é realmente só o que você precisa. E conforme eu comecei a explorar o catálogo [dos Beatles], percebi que ‘Yellow Submarine’, ‘Getting Better’, ‘Strawberry Fields’, e tantas músicas servem como canções de ninar para crianças, e eu fui ficando cada vez mais apaixonado pela ideia”.

2016 - Josh Wakely, criador da série da Netflix "Beat Bugs" - Divulgação/Grace: A Storytelling Company - Divulgação/Grace: A Storytelling Company
Josh Wakely, criador de "Beat Bugs"
Imagem: Divulgação/Grace: A Storytelling Company

O processo para ter acesso ao valioso catálogo da banda britânica, porém, não foi fácil. As negociações com a Sony/ATV, detentora dos direitos, demoraram três anos, durante os quais Wakely chegou a ouvir vários nãos. “Foi um processo longo, teve muitos altos e baixos. Eu finalmente consegui convencer a Sony/ATV porque eles acreditam no valor de levar essas canções para novas gerações e eles viram que seria uma forma de dar continuidade ao legado dos Beatles”, relembrou. Mas o trabalho não acabou aí, e foram necessários ainda mais três anos para garantir que a animação, nas palavras do criador, “ficasse ótima e divertida como deveria ser”.

Participações célebres

O resultado saiu melhor do que o esperado, e a série já tem uma segunda temporada confirmada para o início de novembro, com participações de nomes como Rod Stewart, Chris Cornell e Jennifer Hudson. Atrações à parte da animação, os artistas foram escolhidos a dedo para se adequar à história, segundo Wakely.

“Com a Sia, eu precisava de alguém que tivesse a força e a vulnerabilidade da voz dela para a história de ‘Blackbird’, então eu entrei em contato com ela”, relembrou o criador. “Ela viu a animação, leu o roteiro e se convenceu de que era uma produção de alto nível, que trazer essas músicas para uma nova geração era algo importante a se fazer, e foi por isso que ela aceitou. No fim, acho que foi por isso que todos os artistas aceitaram, eles acreditam na qualidade da produção e acreditam no valor dessas músicas, e na importância de continuar a trazê-las para uma nova geração”.

E há a possibilidade de trazer os ex-Beatles Paul McCartney e Ringo Starr para cantar na animação? “No fim das contas, eu sou só um guardião das músicas por um curto tempo. São as músicas deles, e se conseguíssemos tê-los cantando as músicas deles seria um dia extremamente feliz na minha vida”, respondeu Wakely.

Pai de um menino de três anos, o cineasta confessou ter ficado ansioso antes de mostrar o desenho para o filho, apesar da confiança em seu projeto. “Nós colocamos para ele o episódio de ‘I Am the Walrus’ e eu fiquei muito nervoso, porque se alguém fosse sair da sala, seria meu filho. Mas ele começou a dançar e no fim disse ‘de novo, de novo’, e ficava cantando”, contou.

Na entrevista ao UOL, Wakley ressaltou várias vezes a importância de dar continuidade ao legado dos Beatles e introduzir as músicas da banda a uma nova geração.

“Acho que nós temos essa responsabilidade de garantir que as músicas cheguem a uma nova geração. Daqui a centenas de anos, vão olhar para trás e perceber que as músicas dos Beatles eram grandes obras de arte, e se ‘Beat Bugs’ tiver uma pequena parte nisso, será ótimo”, afirmou ele, que espera ter a chance de explorar outras músicas dos garotos de Liverpool em possíveis futuras temporadas: “Temos ‘Obladi-Obla-da’, ‘Hey Jude’, ‘I Wanna Hold Your Hand’, várias músicas ótimas no cânone dos Beatles. Eu espero que tenha sorte o bastante para conseguir fazer mais temporadas porque há centenas de músicas incríveis e eu acho que só começamos a mostrá-las”.

Enquanto a série não é renovada, o criador tem outros projetos por vir: uma nova animação infantil para a Netflix, dessa vez centrada em músicas da gravadora Motown, e o drama “Time Out of Mind”, que será inspirado na obra de Bob Dylan e estreará na Amazon.