Diretor que "abriu" Mar Vermelho quer inovar com cena do rio Jordão

Josué terá o seu maior desafio como líder dos hebreus na novela “A Terra Prometida”, da Record. Depois de testemunhar vários milagres, entre eles a abertura do Mar Vermelho, o escolhido por Deus vai guiar o povo de Israel pelo rio Jordão e chegará mais perto de cumprir a missão da conquista de Canaã no capítulo que tem previsão de ir ao ar no dia 16 de agosto.

Responsável pela travessia descrita no antigo testamento da Bíblia, Alexandre Avancini, que dirigiu a abertura do Mar Vermelho, quer oferecer ao público uma sequência diferente daquela de "Os Dez Mandamentos" que teve inspiração na cena clássica do filme de Cecil B. DeMille, de 1956, com Charlton Heston no papel de Moisés. 

“Acabou sendo mais fácil de realizar [a travessia do Jordão] porque eu já tinha a experiência da abertura do Mar Vermelho. Foi a primeira vez que eu abri o Mar Vermelho (risos). Na época, aprendi muito com o pessoal da Stargate [estúdio em Hollywood]. Foi mais fácil só por isso, já que é uma sequência com mecânica difícil. Agora eu faço questão de não deixá-la parecida com o Mar Vermelho”, garante ele em entrevista ao UOL no complexo de estúdios da Casablanca, no Rio de Janeiro.

"Ao abrir o Mar Vermelho em "Os Dez Mandamentos", Deus subiu duas paredes de água. Desta vez, em 'A Terra Prometida', Deus segura uma lateral do rio e a água para de descer”
Diretor Alexandre Avancini, de "A Terra Prometida"

Em busca de originalidade, dessa vez a travessia não será feita a partir da formação de paredões de água. O diretor explica que esse é um dos detalhes diferentes em relação à fuga dos hebreus do faraó Ramsés (Sérgio Marone) e de seu exército egípcio, quando Deus dividiu o mar ao meio para a passagem do povo de Israel e o fechou em seguida sobre os inimigos.

“[Em ‘Os Dez Mandamentos’] Deus subiu duas paredes de água. Desta vez, Deus segura uma lateral e a água para de descer”, diz o diretor, que não pretende usar a “mão de Deus” já representada na segunda parte da novela bíblica. “A outra cena [do Mar Vermelho] era meio noturna e essa vai ser mais diurna. Não deixa de ser a abertura de um rio e de um mar, mas o deslocamento das massas nessa abertura do Jordão está diferente. No Mar Vermelho, tínhamos uma fila longa e estreita. Agora, temos uma massa humana muito maior e larga, que desce pela margem do rio”, conta.

A equipe que trabalhou na passagem dos hebreus para a outra margem do rio Jordão envolveu cerca de 560 pessoas, entre elenco, figuração e técnica. Em comparação, o número de pessoas é parecido com a cena do Mar Vermelho, diz Avancini, mas agora os personagens estão melhor preparados e prontos para invadir Jericó. “Serão de 40 a 60 cavalos. Todos os líderes das tribos vão ter cavalos”, diz o diretor, que pretende multiplicar o número de hebreus com os efeitos especiais.

A sequência completa foi rodada em cinco dias e em diferentes locações do estado do Rio. Os planos com takes gerais foram feitos primeiramente para que a produção dos efeitos especiais possa ser adiantada pela produtora Casablanca. Parte da cena que mostra o rio, na verdade, é uma lagoa que fica próxima ao município de Itaguaí e que será transformada com a ajuda dos recursos gráficos para que se assemelhe à região árida mostrada na novela. “É uma lagoa linda. Tudo o que é feito antes do rio Jordão abrir é feito nessa locação onde a água existe mesmo. Vamos substituir o outro lado, deixando com menos verde”, detalha Avancini.

 

"É ali que realmente é estabelecida essa conexão com Deus. Depois que ele vê aquele rio volumoso se abrindo, em uma época de cheias, e toda aquela nação passando em segurança, sem nenhum mal acontecer, ele tem essa certeza de que Deus realmente está com os hebreus"
Sidney Sampaio, sobre a travessia do Rio Jordão

Conexão de Josué com Deus: “Emocionante”

A passagem do Jordão é ainda mais significativa para o ator Sidney Sampaio do que a queda das muralhas de Jericó, um das cenas mais esperadas da trama e que teve uma parte exibida no primeiro capítulo.

Nos bastidores das gravações da novela de Renato Modesto, o intérprete do personagem bíblico atribuiu a importância da travessia em seco para a outra margem do Jordão ao que representa o momento para Josué.

“É ali que realmente é estabelecida essa conexão com Deus. Depois que ele vê aquele rio volumoso se abrindo, em uma época de cheias, e toda aquela nação passando em segurança, sem nenhum mal acontecer, ele tem essa certeza de que Deus realmente está com os hebreus. A partir daí, qualquer desafio ficará pequeno”, afirma. “O povo aceita e acata essa liderança [do Josué]. Ele vai ter uma liderança muito mais sólida para então eles enfrentem o próximo desafio que vai ser o das muralhas e Jericó”, completa. 

Segundo Sampaio, a emoção dará o tom da cena em que todas as 12 tribos de Israel caminham com a arca da aliança rumo ao próximo obstáculo que será as muralhas de Jericó. “Foi mais emocionante [do que a queda das muralhas de Jericó]. Ainda falta fazer algumas partes da muralha, mas, historicamente, tenho certeza que a travessia do Jordão é um marco para o Josué”, disse.