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Versão de Máquina Mortífera para TV encontrou "novo Mel Gibson" em fazenda

Clayne Crawford e Damon Wayans em imagem da série "Máquina Mortífera" - Divulgação - Divulgação
Clayne Crawford e Damon Wayans em imagem da série "Máquina Mortífera"
Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

04/10/2016 11h37

A versão televisiva de “Máquina Mortífera”, que estreia nesta terça-feira (4) no Warner Channel, já começou com uma missão praticamente impossível: preencher os lugares deixados por Mel Gibson e Danny Glover, que, quase 30 anos após o lançamento do filme original, em 1987, ainda são lembrados por suas atuações como os detetives Martin Riggs e Roger Murtaugh.

A busca pelo “novo Mel Gibson” fez a produção da série rodar o mundo – apenas para encontrar o protagonista Clayne Crawford em casa, no sul dos Estados Unidos. “Procuramos em Los Angeles, Nova York, Vancouver, Inglaterra, África do Sul”, relembra o criador da série, Matt Miller, em uma teleconferência com jornalistas latino-americanos, da qual UOL participou. “Nós eventualmente o encontramos, vivendo em uma fazenda no Alabama. Uma fazenda, com cavalos, porcos, vacas, crianças”.

Aos 38 anos, Crawford ainda é desconhecido do grande público, mas já acumula quase vinte anos de trabalho na TV, tendo participado de produções como “24 Horas”, “NCIS”, “CSI” e “Law and Order”. Sua origem sulista do veio a calhar, já que, ao contrário do filme, na série Riggs é do Texas, não da Califórnia. “Ele era alguém muito não-Los Angeles”, define Miller. “Clayne tem um sotaque do Alabama, e isso ajuda a distingui-lo do Mel Gibson”.

A distinção, aliás, era algo buscado desde o começo pelo produtor: “A maioria dos caras que vieram para as audições estavam fazendo imitações do mel Gibson, mesmo se não fosse deliberadamente. E esse cara entrou, trilhou seu próprio caminho na série, e foi maravilhoso”.

A busca por Murtaugh foi mais simples, e acabou antes daquela por seu parceiro. O eleito foi o veterano da TV Damon Wayans, 56, que passou mais de dez anos na série “In Living Color” antes de se tornar ainda mais popular com “Eu, a Patroa e as Crianças”. “Ele tem tanta presença e tanta personalidade. Você o vê na tela e pensa ‘é o Damon Wayans’. Você não pensa que é alguém imitando o Danny Glover”, diz Miller.

Marca “vendável”

Para além do elenco, recontar uma história conhecida – e já explorada em outras produções do gênero – também foi uma dificuldade para a série, na opinião de Miller. “Há muita pressão para estar à altura do original. Para mim, o maior desafio não é tentar contar a mesma história que eles contaram, mas encontrar o próprio caminho. Qual é a alma do filme? Deixando a história de lado, o que está na essência dele? Com o que você se conecta mais? Pra mim, é a história de dois policiais danificados, e essa é a história que eu queria”.

Na trama, Riggs, perturbado e com tendências suicidas desde que sua mulher, grávida, morreu em um acidente, é transferido para Los Angeles, onde começa a trabalhar com Murtaugh. O veterano, por sua vez, está de volta ao trabalho depois de sofrer um ataque cardíaco -- enquanto sua mulher dava à luz o terceiro filho do casal -- e passar por uma cirurgia.

Mas o nome também pode ser uma vantagem, em uma indústria que produz um número cada vez maior de séries. “Se eu fizesse uma serie com dois policiais, tudo isso, sem o nome, não teria tanto apelo nem seria tão vendável, honestamente. O título, em um mundo em que há tantas séries, dá ao público a oportunidade de reconhecer a marca, o que é muito difícil hoje. Você tem a marca, de um lado, e eu tenho uma história que eu posso contar de uma forma que pode ser diferente, interessante e criativa. E isso é maravilhoso”.

A franquia, aliás, será homenageada com pequenos agrados para os fãs ao longo da série. O bordão de Murtaugh, “estou muito velho para essa merda”, estará presente já na estreia, ainda que na TV aberta os atores não possam aparecer dizendo “merda”. A solução foi colocar a frase na boca de Riggs, conta Miller: “Riggs está conversando com Murtaugh e diz ‘entendo, você está ficando muito velho para essa m...’, porque não podemos dizer merda na TV americana. Antes de ele acabar Murtaugh corta e diz ‘não, não diga isso, eu estou tão em forma quanto sempre fui’”.

A fórmula tem funcionado. Nos Estados Unidos, o primeiro episódio da série foi visto por 7,8 milhões de pessoas e o segundo, por 7,1 milhões. 

"Máquina Mortífera"
Quando: A partir de 4 de outubro (terça), às 22h30
Onde: Warner Channel