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Netflix está conquistando Hollywood e nem todos estão gostando

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Imagem: Reprodução

Lucas Shaw

Da Bloomberg

19/10/2016 15h46

Tara Flynn, uma estrela em ascensão do estúdio de TV Fox 21, entrou no escritório do chefe em agosto para anunciar que ela iria sair da empresa para trabalhar no Netflix.

O chefe disse que ela tinha um contrato com eles e Flynn respondeu que ela não estava pedindo permissão, segundo pessoas com conhecimento da conversa. Ela não tinha muito a perder.

O Netflix disse que o contrato dela não era obrigatório na Califórnia e prometeu cobrir todos os gastos legais, disseram as fontes, que pediram anonimato por estarem discutindo informações privadas.

A saída de Flynn é apenas um dos exemplos mais recentes das contratações agressivas do Netflix à medida que a empresa constrói seu próprio império.

O Netflix planeja lançar 1.000 horas de vídeos originais no ano que vem, frente a 600 neste ano, e está contratando dezenas de novos funcionários para a ajudarem a achar, produzir e vender programas de TV e filmes. Essa ambição está causando irritação em Hollywood, um lugar onde os ciúmes profissionais e os grandes egos são a norma.

O Netflix planeja gastar US$ 6 bilhões em programação no ano que vem, cerca de 20% a mais que em 2016. Grande parte desse montante será gasto em programas e filmes produzidos por empresas de mídia rivais, mas uma parte cada vez maior será destinada a programas originais.

O número de funcionários quase dobrou no ano passado, para 3.700, e a empresa tem 36 vagas abertas para marketing e 24 para relações públicas, quase todas ligadas a produções originais.

Escritórios elegantes

A empresa está prestes a se mudar para uma nova e elegante torre de escritórios no coração de Hollywood, onde terá um dos seus centros de programação original. O edifício novo, de 30.000 metros quadrados, com cenários e escritórios de produção, foi o maior contrato de aluguel de escritórios da história de Hollywood quando o Neflix assinou no ano passado.

Ao produzir as séries do começo ao fim o Netflix controla os direitos mundiais, algo essencial, já que a empresa está procurando oferecer uma grade similar de séries e filmes em todo o mundo. Empresas como a Amazon.com deram um passo à frente para competir contra o Netflix por esses direitos.

"Quanto mais coisas eles têm, mais eles controlam, portanto a flexibilidade para oferecer séries no mundo inteiro é maior", disse Joe Dennison, gerente de portfólio associado da Zevenbergen Capital Management. "É um investimento inteligente por antecipação, já que o retorno demora a chegar".

A controladora da Fox, a 21st Century Fox, deu um passo a mais e processou o Netflix no mês passado, alegando que a empresa teria incentivado Flynn e os executivos de marketing de uma produção a quebrarem seus contratos.

"O Netflix está desafiando e violando a lei ao solicitar e induzir os funcionários a quebrarem seus contratos", disse a empresa de mídia em sua declaração. "Temos a intenção de usar todos os recursos disponíveis para fazer valer os nossos direitos e para que o Netflix seja considerado responsável por seu comportamento ilícito." O Netflix não quis comentar o assunto.