"Se não me quis Fusca, não vai me pegar Ferrari", diz Miss Bumbum 2016
Erika Canela, de 25 anos, ainda não consegue acreditar que levou o título de Miss Bumbum 2016 na noite de quarta (9) em uma casa de eventos em São Paulo. Primeira negra a vencer o concurso, que já teve seis edições, ela diz que mesmo sendo uma das finalistas não achava que seria possível superar suas concorrentes.
“Eu estou muito feliz e não esperava por isso. Estou representando a minha raça e o Brasil, já que lá fora a beleza negra é a referência de beleza brasileira. Não esperava ganhar por vários fatores. Primeiro porque pensava: ‘será que [o concurso] é comprado?’. E depois [na final], quando vi que não ganhei a faixa de Simpatia, pensei: ‘infelizmente não ganhei nada’”, afirmou.
Natural de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, Erika ganhou o concurso como representante do estado da Bahia. A mãe, conta, estava com ela no momento da vitória. A recepção da família não poderia ser melhor. “Estão todos muito felizes, inclusive o meu pai, que é mais turrão. Era um sonho meu. Eu olhava para as meninas [participantes do Miss Bumbum] e não imaginava que um dia poderia estar lá”, celebra.
Erika, de 1,73 de altura, 72 quilos e 107 cm de quadril, diz ter motivos para acreditar que o sonho de vencer o disputado concurso estava distante de se realizar. Até os 18 anos, ela lembra, não podia se gabar do corpão que ostenta atualmente.
“Eu era um patinho feio, aquela que era zoada. Era bem magrinha e aí comecei a malhar e ganhei corpo. Sempre tive bunda, mas era menorzinha. Depois [com os treinos], começou a ficar grande”, diz ela, que além dos exercícios físicos transformou o corpo com lipoaspiração e silicone nos seios.
O bumbum, garante, é todo dela. E o que a nova Miss Bumbum diria para os que um dia a rejeitaram ainda na fase “patinho feio”? “Chupa! Se não me quis Fusca, não vai me pegar Ferrari”, diz, rindo.
Vitória contra o racismo
O título de dona do mais belo bumbum também significa, para Erika, uma vitória simbólica contra o racismo. Até recentemente, ela diz que nunca havia sofrido tão profundamente com o preconceito.
“A minha família já tinha sofrido porque eles têm a pele mais escura do que eu, mas até pouco tempo nunca tinha acontecido comigo”, conta. “Sofri racismo pelo Instagram, Facebook... É uma coisa muito triste. E sofri, também, em uma balada. Um cara me puxou e disse: 'Aqui não é ambiente para você. Lugar de macaco é no galho’. Joguei uma garrafa na cabeça dele. Nunca tinha sofrido isso diretamente”, se recorda.
“Vou tomar umas cachaças”
Erika ganhou, como prêmio, R$ 5 mil e um ensaio de capa da revista “Sexy” de dezembro. Ela ainda não faz ideia de como serão as fotos, mas se imagina posando nua em meio à natureza.
“Se eu fosse o fotógrafo, eu escolheria um nu artístico num lugar selvagem, meio leão, meio tigre, com água, mato... Não sei como vai ser, mas faria algo assim”, afirma.
A alegria de vencer o concurso e ganhar um ensaio só seu, no entanto, não aliviam sua timidez. Para tirar a roupa, ela diz, vai precisar de uma ajudinha: “Não vai ser fácil. Eu tenho vergonha. Vou tomar umas cachaças. Não vai ser vinho, não! Vai ser uma 51 mesmo!”
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