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"Muito do que você vê sou eu", diz Bocardi sobre apresentar o "Bom Dia SP"

O âncora Rodrigo Bocardi no cenário do Bom Dia São Paulo - Reinaldo Marques/Divulgação/TV Globo
O âncora Rodrigo Bocardi no cenário do Bom Dia São Paulo Imagem: Reinaldo Marques/Divulgação/TV Globo

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

30/11/2016 07h00

Há mais de três anos no comando do “Bom Dia São Paulo”, Rodrigo Bocardi deixou para trás a resistência inicial que enfrentou de espectadores e é, hoje, um dos rostos mais reconhecidos do jornalismo paulista. Dono de um estilo franco e direto, alinhado com a maior informalidade que a Globo tem introduzido em seus jornalísticos, o âncora se tornou querido pelo público – e diz que muito do que aparece no programa corresponde a quem ele é no dia a dia.

“É claro que existe a busca pela informalidade de um modo geral, mas muito do que você vê todos os dias das 6h às 7h30 da manhã sou eu”, conta Bocardi em entrevista ao UOL. “Sou aquilo. Tenho sono, passo frio, sinto calor, reclamo das coisas que não funcionam direito, penso sempre nos impostos que pago sem retorno, gosto de inovar, topo desafio, vivo inquieto, aceito os erros e cobro correção. E, de vez em quando, brinco com as pessoas. Ah, e também dou risada, em alguns momentos. Imagino que seja igual a muita gente, não? Será que é isso que leva à identificação com o público — mesmo que num primeiro momento tenha causado estranheza?”, diz.

A estranheza, aliás, foi o principal desafio que Bocardi enfrentou no programa. “As pessoas pedem mudança, mas não estão prontas para aceitar o novo na mesma proporção que exigem. E enfrentar resistência é desafio. Acho que conseguimos vencer alguns”, avalia. O que não quer dizer que seu trabalho à frente do “Bom Dia SP” esteja completo: “O patamar atual não é o final, nem definitivo. O ‘Bom Dia São Paulo’ não está pronto, nem estará. E é esse dinamismo – a meu ver – um dos fatores que dão ao jornal o destaque que ele tem”.

O destaque chegou até o prefeito eleito da cidade de São Paulo, João Dória (PSDB). Em sua primeira entrevista ao jornalístico após a eleição, ele afirmou que sua equipe seria obrigada a assisti-lo todos os dias. E, para Bocardi, a promessa terá um resultado positivo se for mantida, já que o “Bom Dia SP” dedica boa parte do seu tempo aos problemas enfrentados pela população em seu cotidiano.

“É um reconhecimento da importância do nosso trabalho. E, quer saber, se ele for esperto tem que fazer isso mesmo. A população vai agradecer. Se metade dos problemas que mostramos ali for solucionada, nós – certamente – teremos uma vida melhor. Que o ‘Bom Dia São Paulo’ seja o balcão dos paulistanos. De um lado – o povo da capital – com as suas dificuldades, do outro – a prefeitura – com a solução. A primeira parte do negócio a gente já tem. É o estoque de problemas que a população lida todos os dias. Tá faltando alguém comparecer do outro lado”.

E se dentro do programa o público participa enviando fotos e vídeos, fora dele a opinião dos espectadores continua sendo importante para o apresentador. “Quero saber tin-tin por tin-tin do que agrada ou desagrada. Essa opinião do telespectador é o que cobro por uma foto. E o que não tem preço é saber o quanto ajudamos cada pessoa no amanhecer de todos os dias. Seja pela informação prestada, pelo problema resolvido, pelo risada proporcionada, pelo prazer de poder gritar na sexta que, no sábado, iremos dormir até acordar”.

"Sorte do Bonner"

10.set.2016 - Rodrigo Bocardi - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Rodrigo Bocardi estreou como plantonista do "Jornal Nacional"
Imagem: Reprodução/TV Globo

Natural de Ipaussu, no interior de São Paulo, Rodrigo Bocardi começou sua carreira como jornalista na Bandeirantes, em 1997, realizando o que era seu “desejo de estudante”. “Na altura, fazer jornalismo na televisão era algo mais desafiador do que jornalismo em outros veículos de mídia. E, portanto, acreditava que as conquistas em televisão seriam mais gratificantes. Seguir na profissão foi uma consequência”, conta. Sua ida para a Globo aconteceria dois anos mais tarde, em 1999.

Na emissora que é sua atual casa, Bocardi viria a passar por vários programas, como o “Jornal da Globo” e o “Antena Paulista”, e por uma temporada como correspondente em Nova York. Nesse meio tempo, o jornalista trabalhou em coberturas intensas como o caso do Mensalão, o acidente da TAM e a morte do cantor Michael Jackson – e gostaria de repeti-las com a experiência que tem hoje, ainda que não sinta falta da reportagem.

“Foram grandes coberturas que gostaria de cobrir com a experiência que tenho hoje. Não que as tragédias tenham que se repetir. É que, com o passar do tempo, você sempre acha que poderia fazer melhor. E isso não significa sentir falta de fazer reportagem. Acho que no estúdio – com improviso, opinião, análise dos fatos, interação com o público – consigo ter o mesmo prazer que a reportagem é capaz de proporcionar”, afirma.

Recentemente, Bocardi ganhou outro desafio: ser plantonista do “Jornal Nacional”, no qual aparece em alguns sábados. “O que mais poderia ser na carreira de um jornalista do que satisfação? E das grandes. Sorte do Bonner, que está lá todas as noites”, comemora.