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"Vou fazer o programa com garra", diz Leda Nagle sobre fim do "Sem Censura"

A apresentadora Leda Nagle - Reprodução/Instagram/ledanagle
A apresentadora Leda Nagle Imagem: Reprodução/Instagram/ledanagle

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

08/12/2016 14h14

Pega de surpresa com sua demissão da TV Brasil, a apresentadora Leda Nagle diz que está "totalmente desempregada". Em conversa com o UOL por telefone, a jornalista, que comanda o tradicional "Sem Censura", diz que sua preocupação no momento é "fazer bem" o programa até janeiro e não descarta encontrar um novo espaço no YouTube, mas garante que ainda está se refazendo da notícia e, portanto, não tem nenhum projeto na manga. 

"Vou falar a verdade, não vou dar aquela de ator, 'estou fazendo vários projetos', isso é mentira. Estou totalmente desempregada (risos). Mas esse é meu ofício, então estou pronta para recomeçar sempre. Eu sou guerreira. Foi uma surpresa para mim, ainda não posso dizer que está tudo bem. Estou deglutindo. Vou fazer o programa hoje, amanhã, vou fazer com garra. As pessoas estão convidadas. Não vou dizer que estou felicíssima. Sou jornalista, trabalho com a verdade", diz.

Leda não espera que a TV Brasil volte atrás na decisão, nem está preocupada com isso, garante. "Estou preocupada em fazer bem o programa até o último dia. Tenho que ficar equilibrada, porque é ao vivo, porque reúne um monte de gente, porque eu tenho o maior prazer em fazer. Vou fazer até o fim direitinho, eu sou assim. é assim que eu acho que tem que ser e é assim que vou me comportar", afirma.

Antes de concordar dar a entrevista, Leda hesitou um pouco - disse que havia dito tudo na nota que publicou em suas redes sociais, onde afirma estar perplexa com a "falta de caráter" da emissora. Em seguida, no entanto, topou comentar a solidariedade de fãs e colegas, que a apoiaram com a hashtag "FicaLedaNagle no Twitter ("Achei o maior barato") e a importância do "Sem Censura" para a televisão brasileira.

"É um programa que eu adoro fazer, um programa de que o Brasil precisa, porque educa sem chatear, informa sem tomar partido. Acho que educa, porque a grande questão do Brasil é a educação, não a educação de 2+2, mas a educação civilizatória. Acho que ele cumpre esse papel. Eu procurei fazer isso todo o tempo e vou fazer até o último dia", afirma.

Embora a falta de dinheiro tenha sido o argumento para o desligamento da apresentadora, o "Sem Censura" é um programa relativamente barato, diz. "Um programa de entrevistas da Globo, como o da Fatima, tem 50, 100 pessoas na equipe. A gente tem 12, contando comigo. Não é um programa caro", compara ela, que não acredita em uma decisão política, após as mudanças na direção da Empresa Brasileira de Comunicação.

"Não acredito que tenha sido uma decisão política. Acredito que seja uma decisão de botar uma pá de cal na TV, talvez. Porque a vida inteira ouvi que era o programa mais visto da TV [Brasil], estou a vida inteira ouvindo isso deles. Aí chega uma direção nova e decide acabar com ele. Eu não consigo entender. A resposta que me deram foi essa: não tem dinheiro nenhum. O Laerte [Rimoli, presidente da EBC] falou literalmente essa frase: 'Nós estamos sem dinheiro nenhum, devemos milhões. Vamos começar o ano com um déficit de milhões'", diz.

Apostar num novo programa "é uma possibilidade", mas ela deixa claro que ainda não tem nada de concreto sobre o futuro profissional. "Até tenho um canal com o Duda, meu filho, no YouTube. Já fizemos, mas de brincadeira, nada profissional, é nossa curtição pessoal. Mas alguma coisa eu vou fazer, porque eu vivo disso", conta.