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Irreverente, Heloisa Faissol rompeu com família e tinha paixão por Chico

Heloisa Faissol em "A Fazenda 7", em 2014 - Reprodução/Record - Reprodução/Record
Heloisa Faissol em "A Fazenda 7", em 2014
Imagem: Reprodução/Record

Do UOL, em São Paulo

03/02/2017 16h51

Heloisa Faissol, que morreu aos 46 anos, ficou conhecida pela irreverência. A socialite era de uma tradicional família carioca, frequentadora da alta sociedade, que decidiu se lançar como funkeira.

Ela, que tentou carreira como atriz, na verdade era mais do que socialite. Estudou dança, teatro e moda, mas foi como compositora e intérprete de canções de funk que se encontrou profissionalmente e sua melhor maneira de se comunicar. 

Em seu primeiro hit, "Dou Para Cachorro", a jovem que morou na Suíça e estudou em Paris cantava: "Ai, ai, ai, ai, ai, ai/ Para não, tá bom demais/ Ai, ai, ai, ai, ai/ Vem com tudo, eu quero mais".

Inspirada na funkeira Tati Quebra Barraco, adotou como nome artístico o apelido "Helô Quebra Mansão". Defendia que encarnava uma personagem, que seu objetivo era causar impacto e que era uma defensora da liberdade sexual da mulher. 

A relação com a família, que já era complicada, estremeceu ainda mais e a cantora acabou se distanciando dos parentes. "Ninguém fala comigo mais. Acho que deviam estar felizes por eu estar feliz", chegou a dizer no extinto programa de Márcia Goldschmidt, na Band, em 2010.

Os anos passaram e Helô voltou a se reaproximar dos familiares. Até que, em 2014, ela foi anunciada como integrante do reality show "A Fazenda 7" -- programa que ela já havia manifestado o desejo de participar. 

O filho da socialite, José Arthur Gerdes, de 19 anos, foi o primeiro a saber que mãe havia sido convidada para o reality. Ele contou, ao UOL, que a família ficou insegura com a notícia, mas que logo aceitou bem vê-la em um programa de TV que é conhecido por barracos entre celebridades. 

A irmã, Claudia Faissol, jornalista que é casada com o cantor e compositor João Gilberto, disse na época de "A Fazenda" que o amor sempre prevaleceu embora não houvesse consenso com estilo adotado pela socialite rebelde. Para ela, Helô era alguém de múltiplos talentos:

"Nossa relação sempre foi de muito amor apesar de todas as nossas diferenças. Não achamos que o funk seja o talento dela e, como família, tentamos aconselhá-la a usar o tempo em coisas que ela sabe melhor, uma vez que ela possui talentos que são verdadeiros dons de Deus".

Além das letras de música polêmicas, Faissol despertava atenção pelo jeito espontâneno e pelas declarações que causavam surpresa.

Ela dizia, sem pudor, que possuía enorme paixão pelo músico Chico Buarque. Até que, após muitas perseguições, conseguiu roubar um beijo do ídolo. As passagens mais marcantes de sua vida a própria socialite narrou em uma biografia, "O Lixo do Luxo", lançada em 2012.

Um dos fatos mais impactantes do livro é o trecho em que ela conta ter sido vítima de pedófilos. Em entrevista para a revista "Glamour", ela lembrou do trauma: "Passei muitos anos com algo preso dentro de mim, sem falar, que foram os assédios sexuais que sofri. O primeiro, aos 3 anos de idade, pelo filho da empregada da casa dos meus pais. A segunda vez, quando tinha 12 anos, pela minha professora na Hípica do Rio de Janeiro. Ela, junto com um amigo de meu pai, me torturaram muito".

Depois do reality, no qual saiu em terceiro lugar, Helô Faissol continuou participando de programas de TV. Em 2015, deu entrevistas para os talk shows de Danilo Gentili, no SBT, e de Luciana Gimenez, na RedeTV!.