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Karol Conká relembra caso de racismo em escola por causa do seu cabelo

Divulgação
Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

23/05/2017 13h32

Em meio a muitas risadas a cantora Karol Conká também compartilhou histórias mais sérias em uma entrevista que deu para Giovanna Ewbank, no canal que a atriz tem no Youtube. Durante o papo, a dona de hits como "Tombei" e "É o Poder" relembrou que, na infância, foi vítima de preconceito praticado por seus professores na escola.

"Eu estudava no Sul, em Curitiba, e lá era normal negro ser piada na sala de aula. Quando eu tinha uns 6 anos, minha mãe tinha trançado meu cabelo todo, minha professora foi lá, destrançou e fez um sol com meu cabelo, me sentou e começou a rir. Eu, ingênua, achei que era normal. Só quando cheguei em casa foi que me liguei que não era legal. Aí, contei pra minha mãe que queria ter outro tipo de cabelo", relatou Karol.

"A professora falava 'a água não entra aqui', eu queria entender a razão dela falar isso", lembrou ela.

Karol contou que apenas aos 20 anos conseguiu não sofrer tanto com as críticas e se aceitar. "Eu era tristinha, bem tímida. E só me soltava quando me sentia à vontade. Tinha uma coisa de não me achar bonita fora de casa. Dentro de casa eu era linda, mas fora eu sabia que parecia que estava saindo de uma bolha. Fui quebrando isso com 20 anos. Falei que não podia viver infeliz, não podia achar nada disso", contou.

Sobre o assunto, ela ainda falou da importância do pai em todo esse processo de aceitação. "Uma vez eu falei para o meu pai que queria ser branca, que os meninos não queriam pegar na minha mão, na festa junina não tinha par, que só ele e minha família falavam que eu era bonita. E ele falou 'você é linda, mas tem gente que tem a vista embaçada'", recordou.

Mãe de Jorge, de 11 anos, Karol ainda revelou que enfrentou uma grave depressão pós-parto. "Fiquei uns 2 anos assim, bem triste. Uma vez me olhei no espelho, perguntei a razão de estar assim. Eu conversava sozinha. E eu via que não tava bem, pois estava com meu ex, que hoje é um grande amigo, tinha tido filho com 19 anos, queria ser artista, tinha engordado muito... Caí numa depressão", disse.

Com vários empregos antes da fama, ela contou que sempre era demitida pois o sonho de ser artista falava mais alto. "Minha mãe falava muito que eu não ia conseguir por ser negra, pobre e curitibana. Não estava no Rio ou em São Paulo. No trabalho, sempre eu começava a cantar, falar poemas... Muito delicadamente eles falavam que torciam por mim e me demitiam. Eu pensava: 'Um dia vou ser famosa e vou no Faustão'. E não é que fui? Agora minha mãe acha engraçado, sensacional. É muito minha fã", relembrou ela com muito bom humor, apesar dos temas espinhosos.