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Mariana Godoy diz que não dá espaço para haters: "Me chamam de isentona"

Mariana Godoy apresenta o "Café das Seis" na nova Rádio Globo de segunda a sexta - Raphael Castello/AgNews
Mariana Godoy apresenta o "Café das Seis" na nova Rádio Globo de segunda a sexta Imagem: Raphael Castello/AgNews

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

19/06/2017 04h00

Mariana Godoy estava com saudade de dizer, e o público, segundo ela, com saudade de ouvir: agora, a jornalista solta um "Bom dia, São Paulo" de uma forma diferente desde o início do mês – de segunda a sexta, na nova Rádio Globo, como âncora do "Café das Seis", ao lado de Mentor Neto. A falta de experiência no veículo não foi um problema para a apresentadora, que concilia a nova atração com o "Mariana Godoy Entrevista", na RedeTV!.

"Gosto muito de coisas novas, não tenho medo, muito pelo contrário. Quanto mais desafiador acho mais bacana. Estava preparadíssima para me aposentar aos 45 e, aos 48, estou começando uma coisa nova", diz. 

Embora não seja um jornalístico, o programa tem bastante informação, que a dupla de apresentadores procura comentar de forma leve. 

"É como se fosse um café da manhã, que você pode deixar a TV ligada e repercutir algum assunto, desde que seja interessante. Não precisa ser notícia. Estou louca para o dia que entrar a Kim Kardashian! Falaram até que pareço a mãe dela [a socialite Kris Jenner] (risos). Vamos nos divertir", diz ela, bem-humorada.

Mas a apresentadora garante que dá para falar de tudo, inclusive política, um de seus assuntos preferidos. Bastante ativa no Twitter, ela diz, inclusive, que não dá espaço para os haters, que, de uns tempos para cá, insistem em rotular de coxinha ou petralha quem se manifesta sobre o tema.

"Não bloqueio ninguém, mas na primeira vez que a pessoa for grosseira eu silencio. Porque ninguém é obrigado a ficar ouvindo bobagem. Nunca fui radical, nem de um lado, nem do outro. As pessoas ainda ficam muito confusas se quiserem definir onde é que eu estou. Às vezes provocam, me chamam de 'isentona'. Você quer o quê (risos)? Não estou pegando em armas, não tenho que defender ninguém. Para mim são todos iguais, com variações em tons de cinza. Não existe só o preto e o branco. Prefiro a ironia e o humor. Adoraria ver um 'Jornal Nacional' inteiro sarcástico. Porque a gente chegou num período que ou a gente ri ou a gente chora", analisa.

Mariana diz que acompanha todo o noticiário político e que sabe "o quanto esse povo rala" diante do que ela chama de momento histórico, com "uma prisão por dia". Mas diz não sentir falta de estar na bancada diante de acontecimentos tão importantes.

"Quando entrei na Globo, eu tinha 22 anos, e a proposta era ir direto para a bancada. O Alberico Souza Cruz [então diretor da Central Globo de Jornalismo] quis saber por que não queria ser apresentadora. Eu disse: 'Acabei de me formar. Se fosse sua filha, você ia querer que ela passasse pelo caminho das pedras ou que fosse direto para esse altar?' Ele disse: 'Tem razão'", lembra. 

"Fazer bancada não é fazer jornalismo na plenitude. Para mim, isso é ser repórter, apurar a informação, estar na rua. Isso que é tesão de jornalista. Bancada é para quem tem boa voz, boa postura, boa figura. É legal e parece bastante glamouroso, mas não é a coisa mais bacana para quem gosta de reportagem. Consegui adiar por algum tempo mas não consegui evitar, porque faço muito bem. Mas não é o que me realiza. O que me realiza é poder me expressar de todas as formas", diz.

Mentor Neto e Mariana Godoy - Raphael Castello/AgNews - Raphael Castello/AgNews
Mentor Neto e Mariana Godoy
Imagem: Raphael Castello/AgNews

Voltar a acordar de madrugada foi fácil, ela diz. Na verdade, um luxo perto da rotina de ponte aérea que ela encarou, longe da família, enquanto estava na Globo, e que motivou seu pedido de demissão para voltar a São Paulo, em outubro de 2014. Agora que o filho, Heitor, 19, já está crescido e cursando faculdade de Engenharia, então...

"Quando trabalhei no 'Bom Dia', ele era pequenininho. Nunca levei meu filho para a escola, ele ia com motorista. Saía de casa às 4h. Agora é fácil. Meu programa é sexta à noite, eu posso dormir à tarde (risos). Não tenho criança pequena para ensinar a andar de bicicleta no Ibirapuera. E quanto mais o tempo passa, menos a gente precisa dormir. Estava indo dormir às seis da manhã. Voltei a ter uma rotina", diz.

Agora, a jornalista acorda às 4h30 e apresenta, ao lado de Mentor Neto, o programa das 6h às 8h. Dá tempo de dar aquela cochilada depois do almoço – refeição que ela faz junto com o marido, Dalcides Biscalquin, apresentador da Rede Vida.

"Ele apresenta programa ao vivo e chega em casa às 3h da manhã. Dali a pouco eu estou acordando! A gente faz esse momento 'O Feitiço de Áquila' (risos). Ele me chama, não me deixa perder a hora, e a gente se vê todo dia, passa as tardes juntos, consegue jantar mais cedo. A vida está maravilhosa", afirma.

A única experiência de Mariana com rádio havia sido num estágio, quando ela tinha uns 20 anos.

"Devo ter ficado uns oito meses. Fazia promoções, trabalhava nos bastidores. Um dia o locutor teve que sair e deixou tudo pronto. Eu programei para tocar a música e a fita enroscou. Tirei a rádio do ar por 20 segundos", conta.

Sobre o retorno ao Grupo Globo, onde trabalhou por 23 anos, ela não doura a pílula: diz que encara com naturalidade.

"Nunca deixei de ver os meus amigos da TV Globo. Vários foram à minha estreia na RedeTV!. Não sei o que as pessoas pensam quando alguém troca de emissora. Não é novela mexicana, é uma coisa supertranquila. Não tem essa coisa 'Ah, estou de volta'. É leve e prazeroso", afirma.