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Humorista Paulo Silvino morre de câncer aos 78 anos

Do UOL, em São Paulo

17/08/2017 10h46

O humorista Paulo Silvino, que lutava contra um câncer, morreu aos 78 anos nesta quinta-feira (17). Carioca, filho de comediante, ele estreou na Globo em 1966 e se destacou em programas como "Balança Mas Não Cai", "Planeta dos Homens" e "Viva o Gordo". Seu último trabalho foi no "Zorra Total", em que viveu o porteiro Severino.

O corpo de Paulo Silvino será velado nesta sexta-feira, a partir das 9h na capela 8 do Memorial do Carmo, e será cremado às 14h.

Em nota, a assessoria de comunicação da Globo informou que o ator morreu em sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. "Aos 78 anos, ele lutava contra um câncer no estômago desde o ano passado e faleceu em casa."

"Que Deus te receba de braços abertos meu pai amado", disse o filho do ator, João Paulo Silvino, em post no Facebook. Além de João Paulo, Silvino era pai da cantora Isabela e do também ator Flávio Silvino, que atuou em novelas como "Vamp" (1991) e "Laços de Família" (2000) e abandonou a carreira para se tratar das sequelas deixadas por acidente de carro em 1993.
 
Em entrevista ao UOL em novembro, Silvino contou que descobriu a doença após ter enjoos e refluxos. Ele retirou um câncer no estômago em julho do ano passado.

"O que está sendo terrível para mim é que perdi o paladar, não sinto o gosto de nada, mas tenho que comer para não morrer. Me alimento de massas, purês, carne moída. Por causa disso, perdi 15 quilos. Pesava 75, agora estou com 59, 60 quilos", falou ele à época.

À reportagem, ele ainda deixou uma mensagem a quem luta contra a doença: "O câncer deixou de ser uma sentença de morte. E não se entregue a ele. Seja um paciente 'paciente' e jamais se entregue mentalmente criando o fantasma de uma derrota".

No último Dia dos Pais, a filha de Silvino, a cantora Isabela, fez uma homenagem ao pai em sua conta do Instagram. Nela, lembrou o ano complicado que o ator enfrentou. 
 
"Ano duro esse ao lado do meu pai. Duro, mas de tantos ensinamentos, tantos resgates. Te amo muito! Gratidão por tudo! Nessa foto aí vocês podem ver o que a gente mais fez na vida juntos: pegamos sol!", disse ela. 
 


 

"Eu nasci para isso"

Sob influência do pai, que era comediante, Paulo Ricardo Campos Silvino descobriu sua veia artística ainda na infância. Ele cresceu nos bastidores da rádio e coxias do teatro.
 
Ao Memória Globo, o ator contou como descobriu seu talento: "Eu nasci nisso. Com seis, sete anos de idade, frequentava os teatros de revista nos quais o papai participava. Ele contracenava com pessoas que vieram a ser meus colegas depois, como o Costinha, a Dercy Gonçalves".
 
A estreia na TV Globo, em 1966, foi no humorístico "Canal 0", que mais tarde mudou o nome para "TV0-Canal 0". Ele se destacaria também em programas como "Balança Mas Não Cai" (1968), "Planeta dos Homens" (1976) ,"Viva o Gordo (1981) e substituindo o velho guerreiro no "Cassino do "Chacrinha" em 1988. Sua última participação na TV foi no "Zorra Total", no qual interpretava o popular personagem Severino.
 
Na década de 90, trabalhou no SBT -- emissora na qual passou por programas como "A Praça é Nossa" e "Escolinha do Golias". Depois voltou à Globo na "Escolinha do Professor Raimundo". Ele ainda participou da "Escolinha do Barulho", na Record TV, em 1995.
 

Bordões de sucesso

Silvino deixou sua marca como autor de vários bordões que caíram na boca do povo, como "Ah, eu preciso tanto!", "Eu gosto muito dessas coisas!", "Guenta! Ele guenta!", "Ai, como era grande!", "Ah, aí tem!", "Dá uma pegadinha!", "cara-crachá", entre vários outros.
 
Ele dizia que tinha se tornado comediante "por acaso". Ele se sentia à vontade em frente às câmeras. "Talvez seja pela minha desfaçatez, porque eu nunca tive inibição de máquina. Tenho tranquilidade com a câmera e tive vantagem em televisão por isso. O riso dos cinegrafistas é o meu termômetro", disse ele para o Memória Globo.
 
O comediante fez carreira também no cinema, em filmes como "Um Edifício Chamado 200" (1973), "Minha Sogra é da Polícia" (1958) e "O Rei da Pilantragem (1968)". Além de ator, ele trabalhou como roteirista.